quarta-feira, 13 de maio de 2015

POBREZA DE LINGUAGEM

João Eichbaum

O advogado Luiz Edson Fachin, candidato a ministro do Supremo Tribunal Federal, pelo jeito que fala, deve ser doutor: não consegue se manifestar em linguagem clara, escorreita, que não provoque desafinação nos ouvidos de quem o escuta.

Acontece o seguinte: censurado, tanto nas chamadas redes sociais, como na imprensa, por ter se manifestado contra a propriedade privada e a favor da poligamia, gravou vídeos para aplacar o rumor público, se defendendo. Então se saiu com essa preciosidade, dando solavancos na língua: “Não tenho nenhuma posição radical em nenhuma dessas áreas”.

Se ele tivesse estudado latim, não precisaria ter pendurado na parede seu diploma de doutor. Ele teria sabedoria suficiente para dominar a dialética, sem espancar o vernáculo. Antigamente, quando todos estudavam latim, não havia doutores no Brasil. E isso pela festejada razão de que todos os diplomados, tanto nas ciências exatas como nas ciências humanas, atingiam um nível de cultura igual. Nenhum sabia mais do que o outro. Ninguém era doutor. O estudo do latim desenvolvia uma capacidade de memorização e de raciocínio, promovendo a seleção natural dos mais inteligentes.

Se o Fachin tivesse estudado latim, ele saberia que duas negações equivalem a uma afirmação. Os gramáticos da língua portuguesa, que não dominam o latim, aboliram essa regra e consideram correto qualquer nó que se dê na língua. Paciência. Eles, por não terem estudado latim, são doutores. Por isso defendem expressões que têm mais afinidade com linguagem de bêbado do que com o discurso acadêmico.

O doutor Fachin, sendo afilhado do Stedile e da Dilma, deve falar um idioma que os dois entendam. Enredado pelo avesso e pelo direito na linguagem e nas ideias do PT, ele apresenta condições de ingressar no time que está rebaixando o STF para a segunda divisão. E só para recordar: quem começou a escalar esse time foi o Lula.




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