POBREZA DE LINGUAGEM
João Eichbaum
O advogado Luiz Edson Fachin, candidato a
ministro do Supremo Tribunal Federal, pelo jeito que fala, deve ser doutor: não
consegue se manifestar em linguagem clara, escorreita, que não provoque
desafinação nos ouvidos de quem o escuta.
Acontece o seguinte: censurado, tanto nas chamadas
redes sociais, como na imprensa, por ter se manifestado contra a propriedade
privada e a favor da poligamia, gravou vídeos para aplacar o rumor público, se
defendendo. Então se saiu com essa preciosidade, dando solavancos na língua: “Não
tenho nenhuma posição radical em nenhuma dessas áreas”.
Se ele tivesse estudado latim, não precisaria ter
pendurado na parede seu diploma de doutor. Ele teria sabedoria suficiente para
dominar a dialética, sem espancar o vernáculo. Antigamente, quando todos
estudavam latim, não havia doutores no Brasil. E isso pela festejada razão de
que todos os diplomados, tanto nas ciências exatas como nas ciências humanas,
atingiam um nível de cultura igual. Nenhum sabia mais do que o outro. Ninguém
era doutor. O estudo do latim desenvolvia uma capacidade de memorização e de
raciocínio, promovendo a seleção natural dos mais inteligentes.
Se o Fachin tivesse estudado latim, ele saberia que
duas negações equivalem a uma afirmação. Os gramáticos da língua portuguesa,
que não dominam o latim, aboliram essa regra e consideram correto qualquer nó
que se dê na língua. Paciência. Eles, por não terem estudado latim, são
doutores. Por isso defendem expressões que têm mais afinidade com linguagem de
bêbado do que com o discurso acadêmico.
O doutor Fachin, sendo afilhado do Stedile e da Dilma,
deve falar um idioma que os dois entendam. Enredado pelo avesso e pelo direito
na linguagem e nas ideias do PT, ele apresenta condições de ingressar no time
que está rebaixando o STF para a segunda divisão. E só para recordar: quem
começou a escalar esse time foi o Lula.
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