O VÍRUS DA CRENÇA
João Eichbaum
Richard Dawkins, além de escritor, é conferencista. Tanto nas
exposições escritas como nas orais ele faz uso constante de metáforas. Uma das
metáforas que chama muita atenção é a comparação que ele faz entre a religião e
o vírus do computador: “a religião é como um vírus de computador que se instala
no cérebro com a instrução de apenas se replicar com o passar das gerações”.
Assim é, realmente. Tudo começa no batismo. O batismo, como já
disse alguém, se não me engano Luiz Fernando Veríssimo, se transformou num de
requisito de cidadania. Todo mundo tem que se batizar, todo mundo tem que ter
padrinhos. O contexto social exige o batismo. Pouquíssimos escapam dele. Se a
criança não for batizada, os pais terão que dar explicações.
Mesmo com pais que não sejam praticantes de algum credo,
a criança não deixa de ser levada à pia batismal ou a qualquer cerimonial que
represente o batismo. E se não for educada nos princípios religiosos, com
crisma, ou confirmação, eucaristia, etc. ela vai ser induzida na escola, quer
pelo convívio com outras crianças, quer por doutrinação específica, ao tomar
conhecimento da existência de “um ser superior”.
Se os pais forem religiosos ou pelo menos abertos a crenças
religiosas, a criança terá na “catequese” o complemento de sua lavagem
cerebral. E assim, com a cabeça cheia de minhocas, o ser humano enfrentará os
altos e baixos da vida, intercalando interjeições: “ se Deus quiser” ou “graças
a Deus”.
Que o vírus funciona, não há a menor dúvida. A maioria absoluta da
população do planeta não se livra dele, por uma razão muito simples: ele não
incomoda. Além disso, o ingrediente da esperança numa vida melhor, antes ou
depois da morte, serve de estímulo para que não seja descartado. Mas o proveito
real de tudo isso só quem tira são os parasitas que se apresentam como
“representantes de Deus” e vivem à custa dos crentes, vendendo ingressos para a
“vida eterna”.
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