DE POLTRÕES, VELHACOS &
CIA
João Eichbaum
O homem é
a síntese do reino animal: jacaré, jararaca, macaco, preguiça, leão, ovelha,
gavião, gato, passarinho. Ele tem a insídia do jacaré, o veneno da jararaca, a
indolência da preguiça, a esperteza, a ambição e a malícia do macaco, a
violência do leão, a docilidade da ovelha, a rapacidade do gavião, a arte de
furtar do gato, e o cérebro do passarinho.
A essas
propriedades genéticas junte-se a exacerbada sensualidade do ser humano e -
pronto - temos a criatura “feita à
imagem e semelhança de Deus”.
Convivemos,
em todos os grupos sociais, com essa espécie, onde cada um, exigido pela
pressão das circunstâncias, revela o percentual dos componentes do DNA animal
que carrega consigo, da burrice, ou da docilidade, à violência irracional.
É por
isso que, quando abrimos o jornal ou sintonizamos os noticiários de televisão,
vemos sempre a mesma coisa. O governo não funciona, o furto, o roubo, a
corrupção e a violência imperam, e a morte, além de sua função natural, faz
horas extras em toda a parte. No ar, na terra, nas águas, há sempre gente
morrendo, por causa da incompetência ou da maldade do homem.
Entre as
más notícias internacionais, tivemos ultimamente a dos tesouros escondidos no
Panamá. E a respeito delas foi muito feliz a manchete do jornal alemão
Süddeutsche Zeitung: “Was
die Panama Papers über das Wesen des Menschen verraten” (O que os papéis do
Panamá revelam sobre a natureza do ser humano).
Um
indivíduo parido pelo episódio, por exemplo, é Vladimir Putin, que tem seu fã
clube arraigado na política brasileira. Naquele russo careca e antipático, pontifica
o mais alto percentual da genética perversa do ser humano. De todos os
componentes genéticos acima enumerados, Putin só não tem dois: a docilidade da
ovelha e o cérebro de passarinho.
E, assim como ele,
descontados alguns percentuais, há muitos líderes políticos, entre os quais,
naturalmente, brasileiros. É por isso que pagamos impostos e não temos retorno
em segurança, saúde, educação, transporte, estradas, moradia. Porque nós, o
povo, temos docilidade de ovelhas e entregamos nosso dinheiro para quem tem a
arte de furtar, do gato. E se quisermos bancar os espertos, como o macaco,
sonegando para o fisco, eles, os líderes, nos responderão com a rapacidade do gavião.
Se o homem não fosse
assim, não haveria valhacoutos de cafajestes, como no Panamá, e nem
precisaríamos de impeachment para expulsar jacarés, jararacas, leões, gaviões,
gatos, macacos, e até passarinhos.
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