terça-feira, 12 de abril de 2016

DE POLTRÕES, VELHACOS & CIA
João Eichbaum

O homem é a síntese do reino animal: jacaré, jararaca, macaco, preguiça, leão, ovelha, gavião, gato, passarinho. Ele tem a insídia do jacaré, o veneno da jararaca, a indolência da preguiça, a esperteza, a ambição e a malícia do macaco, a violência do leão, a docilidade da ovelha, a rapacidade do gavião, a arte de furtar do gato, e o cérebro do passarinho.
A essas propriedades genéticas junte-se a exacerbada sensualidade do ser humano e - pronto -  temos a criatura “feita à imagem e semelhança de Deus”.
Convivemos, em todos os grupos sociais, com essa espécie, onde cada um, exigido pela pressão das circunstâncias, revela o percentual dos componentes do DNA animal que carrega consigo, da burrice, ou da docilidade, à violência irracional.
É por isso que, quando abrimos o jornal ou sintonizamos os noticiários de televisão, vemos sempre a mesma coisa. O governo não funciona, o furto, o roubo, a corrupção e a violência imperam, e a morte, além de sua função natural, faz horas extras em toda a parte. No ar, na terra, nas águas, há sempre gente morrendo, por causa da incompetência ou da maldade do homem.
Entre as más notícias internacionais, tivemos ultimamente a dos tesouros escondidos no Panamá. E a respeito delas foi muito feliz a manchete do jornal alemão Süddeutsche Zeitung: “Was die Panama Papers über das Wesen des Menschen verraten” (O que os papéis do Panamá revelam sobre a natureza do ser humano).
Um indivíduo parido pelo episódio, por exemplo, é Vladimir Putin, que tem seu fã clube arraigado na política brasileira. Naquele russo careca e antipático, pontifica o mais alto percentual da genética perversa do ser humano. De todos os componentes genéticos acima enumerados, Putin só não tem dois: a docilidade da ovelha e o cérebro de passarinho.
E, assim como ele, descontados alguns percentuais, há muitos líderes políticos, entre os quais, naturalmente, brasileiros. É por isso que pagamos impostos e não temos retorno em segurança, saúde, educação, transporte, estradas, moradia. Porque nós, o povo, temos docilidade de ovelhas e entregamos nosso dinheiro para quem tem a arte de furtar, do gato. E se quisermos bancar os espertos, como o macaco, sonegando para o fisco, eles, os líderes, nos responderão com a rapacidade do gavião.
Se o homem não fosse assim, não haveria valhacoutos de cafajestes, como no Panamá, e nem precisaríamos de impeachment para expulsar jacarés, jararacas, leões, gaviões, gatos, macacos, e até passarinhos.



Nenhum comentário: