sexta-feira, 15 de abril de 2016

O DOUTOR E O PRONOME INDEFINIDO

João Eichbaum

Antigamente havia sábios e não havia doutores. Hoje há doutores por toda a parte, mas de sábios se tem pouca notícia, salvo nas ciências exatas. No Brasil, dominado pelo analfabetismo funcional, reprodutor da chinelagem política, nem os doutores escapam dessa desgraça.

Que o Lula e a Dilma não saibam que “outrem” é um pronome indefinido, vá lá. O Lula mal terminou o ensino fundamental, se é que terminou.  Da formação acadêmica da Dilma quase nada se sabe. O que se sabe, sim, é que ela apanha do vernáculo em qualquer meia linha.

Michel Miguel Elias Temer Lulia, mais conhecido por Michel Temer, formado em Direito na Universidade de São Paulo, é doutor pela PUC daquela cidade. É tido como “um grande constitucionalista”, mas apanha no vernáculo: ignora o sentido de “outrem”, um nobre pronome indefinido, que não anda na boca de qualquer um. Tão nobre, que jamais entrou no vocabulário do Lula, por exemplo.

Para quem não sabe, convém esclarecer. Preparando-se para entrar em campo no lugar da Dilma, o vice-presidente Temer, a título de aquecimento verbal, fez um pequeno discurso, dirigido presumivelmente aos pobres brasileiros, principalmente aos brasileiros pobres, dizendo o seguinte...  “e eu sei que dizem de vez em quando que, se outrem assumir, nós vamos acabar com o Bolsa-Família, vamos acabar com o Pronatec, vamos acabar com o Fies, isto é falso...”

“Outrem”, doutor Temer, significa “outra pessoa”, pessoa não determinada. É por isso que se chama pronome indefinido: não especifica a pessoa. Já o pronome “nós” é pronome pessoal, da primeira pessoa do plural. “Outrem” jamais poderá substituir o “nós” e o pronome “nós” jamais poderá substituir o “outrem”. Um não pode ser entendido como o prolongamento do outro. Portanto, doutor, se “outrem” assumir o governo, a pessoinha de Vossa Excelência ficará de fora.





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