O DOUTOR E O PRONOME
INDEFINIDO
João Eichbaum
Antigamente
havia sábios e não havia doutores. Hoje há doutores por toda a parte, mas de
sábios se tem pouca notícia, salvo nas ciências exatas. No Brasil, dominado
pelo analfabetismo funcional, reprodutor da chinelagem política, nem os
doutores escapam dessa desgraça.
Que o
Lula e a Dilma não saibam que “outrem” é um pronome indefinido, vá lá. O Lula
mal terminou o ensino fundamental, se é que terminou. Da formação acadêmica da Dilma quase nada se
sabe. O que se sabe, sim, é que ela apanha do vernáculo em qualquer meia linha.
Michel Miguel Elias Temer Lulia, mais conhecido por
Michel Temer, formado em
Direito na Universidade de São Paulo, é doutor pela PUC daquela cidade. É tido
como “um grande constitucionalista”, mas apanha no vernáculo: ignora o sentido
de “outrem”, um nobre pronome indefinido, que não anda na boca de qualquer um.
Tão nobre, que jamais entrou no vocabulário do Lula, por exemplo.
Para quem
não sabe, convém esclarecer. Preparando-se para entrar em campo no lugar da
Dilma, o vice-presidente Temer, a título de aquecimento verbal, fez um pequeno
discurso, dirigido presumivelmente aos pobres brasileiros, principalmente aos
brasileiros pobres, dizendo o seguinte... “e eu sei que dizem de vez em
quando que, se outrem assumir, nós vamos acabar com o Bolsa-Família, vamos
acabar com o Pronatec, vamos acabar com o Fies, isto é falso...”
“Outrem”,
doutor Temer, significa “outra pessoa”, pessoa não determinada. É por isso que
se chama pronome indefinido: não especifica a pessoa. Já o pronome “nós” é
pronome pessoal, da primeira pessoa do plural. “Outrem” jamais poderá
substituir o “nós” e o pronome “nós” jamais poderá substituir o “outrem”. Um
não pode ser entendido como o prolongamento do outro. Portanto, doutor, se “outrem”
assumir o governo, a pessoinha de Vossa Excelência ficará de fora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário