“QUEM ESSE MENINO PENSA QUE
É?”
João Eichbaum
A frase é
da Dilma Rousseff, num dos surtos provocados pelo delírio do impeachment: “quem
esse menino pensa que é? Ele ainda vai pagar pelo que está fazendo”.
O
“menino”, a que ela se referia é juiz Sérgio Moro, esse magistrado firme e
terso, sob cuja jurisdição está se desenvolvendo a mais espetacular operação
contra a corrupção, esse veneno moral que infesta, pelo direito e pelo avesso,
a política deste país, desde que aqui aportou Pedro Álvares Cabral.
Apanhada
com aquela boca de grumatã no celular, quando estava combinando uma forma de
entregar o processo do Lula para seus apadrinhados do Supremo Tribunal Federal,
a Dilma espumava de raiva, ao saber da divulgação do telefonema para todo o
Brasil.
Aí
aconteceu o seguinte: os ouvidos do viúvo Zavaski serviram de eco para as
ameaças da Dilma. Imediatamente ele passou uma descompostura pública indireta
em Sérgio Moro, dizendo que o juiz deve resolver conflitos e não lhes dar
causa.
Em menos
de 48 horas, uma decisão daquele senhor atropelava o Código de Processo Civil,
para cobrar de Sérgio Moro a dívida que tinha como avalista o aplauso de todos
os cidadãos honestos deste país. E, num recorde de velocidade, reuniu-se o
Pleno, sem a presença de Gilmar Mendes, referendando o rito, construído por
Zavaski, para uma “reclamação” que, das mãos de um bom jurista, só sairia para o lixo.
Acima do
Código de Processo Civil foi colocado o Código de Hamurabi. A Lei de Talião
serviu de instrumento para que a razão, a dignidade e o Direito cedessem às
veleidades do Poder: quem com ferro fere, com ferro será ferido. Afinal, quem
esse menino pensa que é, para figurar como prodígio em ranking de celebridades,
enquanto eles, os ministros, tiveram apenas o apadrinhamento, como certificado,
para vestir a toga no STF?
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