A VACINA E A POESIA
João Eichbaum
O nível de cultura de
um povo se mede em sua escala de valores. No Brasil o que pontifica na escala
de valores do povo é o futebol, o carnaval e a superstição, representada por
inúmeras crenças. Se assim não fosse, jogadores de futebol não estariam entre
os mais ricos do país, o Estado não financiaria carnaval, nem pouparia dos
impostos as religiões.
É guiado por tal
inversão de valores que o povo brasileiro elege seus governantes. Se o que
conta para ele são essas ilusões, evidentemente a política fica num espaço sem
importância. Então são eleitos para cargos políticos ex-jogadores de futebol,
gentinha do oba-oba, pastores religiosos, pessoas semi-alfabetizadas, energúmenos,
arrogantes e pusilânimes, noves fora os corruptos.
Michel Temer, por
exemplo, pertence à classe dos pusilânimes. Com medo de perder a boquinha, ele
está se revelando um produto desse povo, mostrando que não cultua valores
absolutos, como a vida. Ele não se dá conta de que, sem saúde, não há vida e,
sem vida, não há futebol, carnaval, nem religião.
Enquanto pesquisadores
abandonam o país por falta de meios, enquanto faltam vacinas, enquanto milhares
de doentes são amontoados em corredores de hospitais, ele está preocupado com o
Ministério da Cultura.
Sua inversão de
valores não lhe permite ver que, sem educação, não há cultura, porque só se
pode chamar de cultura o produto da educação de um povo. O máximo que um povo
sem educação pode produzir é a ignorância triunfante, que recebe o nome de
cultura.
As universidades
federais estão sucateadas, os professores são mal pagos, há escolas caindo aos
pedaços. Mas a verba da “cultura” deve servir aos poetas, escritores e artistas
que, produzindo sua arte para um povo que não sabe ler, não conseguem
enriquecer como os jogadores de futebol.
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