ENSAIO SOBRE A ESTUPIDEZ
João Eichbaum
Um cara
bateu na mulher e, logo em seguida, foi nomeado ministro do STF. Saiu de lá
como herói. Um presidente da República manteve tratos sexuais, no paralelo, com
uma jornalista e acabou pagando pensão por um filho que não é dele, com
dinheiro de origem nebulosa. Foi reeleito. Um presidente do Senado que também
se refestelava na cama com outra jornalista, pagou com dinheiro mal havido de
uma empreiteira a pensão do filho no paralelo. Foi reeleito. No currículo do
atual presidente da República constam três mulheres e cinco filhos. Um deles,
no paralelo, também com uma jornalista.
Só um país
com tais credenciais poderia ser sede de uma nova modalidade de bestialidade
sexual: a fila do estupro. Aconteceu numa favela do Rio de Janeiro, onde uma
jovem, confessadamente dependente de drogas, serviu de repasto para mais de
trinta homens.
O macho
humano é igual aos quadrúpedes de seu gênero: um estuprador virtual. Dominado
pelo instinto, quando mexem com ele as exigências fisiológicas da procriação, o
macho animal se torna dominador daquela criatura, cuja natureza foi feita para
aplacar tais exigências: a fêmea. Pobre daquela cadelinha de estimação, se o
pitbull virgem do vizinho pular o muro..
Essa é a
regra. Regra da natureza. Contra ela se opõe a regra dos homens, a da liberdade
sexual, segundo a qual cada um, macho ou fêmea, é dono da própria testosterona,
mas tem que respeitar os limites dessa propriedade: o outro, ou o próximo, como
diria Jesus Cristo.
Durante
vários séculos, embora driblada pela hipocrisia, essa regra vigorou, implantada
pela moral cristã que, atribuindo o sexo a obras do Maligno, proibia o homem de
rebobinar desejos diante da mulher do próximo. Mas, à medida que começou a ser
esgarçado o véu da hipocrisia do celibato, a Igreja Católica foi perdendo terreno
e levando sua moral para o ralo.
Despejada
que foi a moral cristã, o país “mais católico do mundo” se tornou terra de
ninguém nesse item e voltou aos tempos de Sodoma e Gomorra. No rasto da alta
rotatividade do amor, que revogou a lei do amor eterno, veio a promiscuidade: homem
com homem, mulher com mulher, um homem com duas mulheres, uma mulher com dois
homens, etc, etc. Tudo averbado no Registro Civil, por ordem da Justiça. E ai
de quem não ache isso normal!
Portanto,
minha gente, a revolta, a indignação, o nojo, os enjoos e os vômitos, causados
pela manchete da bestialidade ocorrida no Rio de Janeiro, destoam do padrão de
moralidade fixada pelo Supremo Tribunal Federal. Este, rasgando a Constituição,
criou a hipérbole da concupiscência.
Passou o
tempo em que as meninas tinham medo de engravidar com um beijo. Vivemos hoje num
charco de promiscuidade, que permite o regresso do homem à sua condição de ente
puramente animal. Sem desmaios e sem chiliques. E, depois do BBB da Globo, sem
moral para berrar contra a fila do estupro.
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