terça-feira, 31 de maio de 2016

ENSAIO SOBRE A ESTUPIDEZ

João Eichbaum

Um cara bateu na mulher e, logo em seguida, foi nomeado ministro do STF. Saiu de lá como herói. Um presidente da República manteve tratos sexuais, no paralelo, com uma jornalista e acabou pagando pensão por um filho que não é dele, com dinheiro de origem nebulosa. Foi reeleito. Um presidente do Senado que também se refestelava na cama com outra jornalista, pagou com dinheiro mal havido de uma empreiteira a pensão do filho no paralelo. Foi reeleito. No currículo do atual presidente da República constam três mulheres e cinco filhos. Um deles, no paralelo, também com uma jornalista.

Só um país com tais credenciais poderia ser sede de uma nova modalidade de bestialidade sexual: a fila do estupro. Aconteceu numa favela do Rio de Janeiro, onde uma jovem, confessadamente dependente de drogas, serviu de repasto para mais de trinta homens.

O macho humano é igual aos quadrúpedes de seu gênero: um estuprador virtual. Dominado pelo instinto, quando mexem com ele as exigências fisiológicas da procriação, o macho animal se torna dominador daquela criatura, cuja natureza foi feita para aplacar tais exigências: a fêmea. Pobre daquela cadelinha de estimação, se o pitbull virgem do vizinho pular o muro..

Essa é a regra. Regra da natureza. Contra ela se opõe a regra dos homens, a da liberdade sexual, segundo a qual cada um, macho ou fêmea, é dono da própria testosterona, mas tem que respeitar os limites dessa propriedade: o outro, ou o próximo, como diria Jesus Cristo.

Durante vários séculos, embora driblada pela hipocrisia, essa regra vigorou, implantada pela moral cristã que, atribuindo o sexo a obras do Maligno, proibia o homem de rebobinar desejos diante da mulher do próximo. Mas, à medida que começou a ser esgarçado o véu da hipocrisia do celibato, a Igreja Católica foi perdendo terreno e levando sua moral para o ralo.

Despejada que foi a moral cristã, o país “mais católico do mundo” se tornou terra de ninguém nesse item e voltou aos tempos de Sodoma e Gomorra. No rasto da alta rotatividade do amor, que revogou a lei do amor eterno, veio a promiscuidade: homem com homem, mulher com mulher, um homem com duas mulheres, uma mulher com dois homens, etc, etc. Tudo averbado no Registro Civil, por ordem da Justiça. E ai de quem não ache isso normal!

Portanto, minha gente, a revolta, a indignação, o nojo, os enjoos e os vômitos, causados pela manchete da bestialidade ocorrida no Rio de Janeiro, destoam do padrão de moralidade fixada pelo Supremo Tribunal Federal. Este, rasgando a Constituição, criou a hipérbole da concupiscência.

Passou o tempo em que as meninas tinham medo de engravidar com um beijo. Vivemos hoje num charco de promiscuidade, que permite o regresso do homem à sua condição de ente puramente animal. Sem desmaios e sem chiliques. E, depois do BBB da Globo, sem moral para berrar contra a fila do estupro.



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