terça-feira, 31 de janeiro de 2012

ROMANCE, BOLERO E SAMBA-CANÇÃO



Paulo Wainberg

Quando o amor manda notícias,
 valeu a pena esperar.
Aquele amor enrustido,
lá no fundo escondido,
Com medo de se revelar.
Sabe o amor sentido,
Do qual não se ousa falar?
Quando esse amor te responde,
Lindo, sorrindo e a cantar
Você nunca mais se esconde,
Abra os braços, do jeito de abraçar,
Receba os abraços, aqueles de endoidar,
E... deixe-se ficar,
Em êxtase total
Que só um amor revelado
Sabe como deixar.

Amor assim profundo,
Quando manda notícias,
É que ficou pelo mundo,
Impregnado de malícia,
Desejos de sacanagem,
Pernas a se enlaçar,
Mãos a te devorar,
Beijos de língua
A me conflagrar
E do teu corpo a miragem,
Os meus olhos
Inundar.

Quando o amor manda notícias saiba que valeu a pena esperar.
E mesmo que não seja verdade,
E mesmo que seja só vontade
Solerte e sub-reptícia,
A te fantasiar,
Não despreze a ocasião,
Sonhe – como eu sonhei –
Viva a ardente paixão,
Consigne, para constar,
Que esperar não foi em vão.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

CRÔNICA DE HUGO CASSEL


FORUM

A palavra define reunião para discutir assuntos, trocar idéias, marcar datas para outro fórum e outros “quetais”. Nada a ver com forró, palavra que os nordestinos inteligentemente inventaram a partir do “for all” (para todos) para definir os bailes populares que os americanos patrocinavam em Recife na Base Aérea de Parnamirim durante a segunda guerra. Na Roma antiga como sabem os leitores o Fórum era a sede do senado, e ali se discutia o futuro do mundo. Por isto ou por aquilo, organizar um Fórum, tornou-se  uma prática bastante lucrativa. Atualmente temos visto Fóruns em várias partes do mundo de forma constante, discutindo coisas das mais importantes como: “Porque as baratas não sofrem radiação?”-ou “Como as formigas cortadeiras afiam suas tesouras?”- ou ainda:” Como os gazes bovinos podem acabar com a vida no planeta?”. Discutem ainda: Onde e quando vamos ter outro Fórum? Os Fóruns devem ser protegidos. Eles trazem dinheiro para os Hotéis, Transportes, Restaurantes, Teatros. Cinemas, e até para “elas” e “eles”, pois como se sabe o Brasil é o “paraíso” do Turismo Sexual. No Rio, o Governo gastou alguns milhões no filme que circula no mundo, chamando gays e lésbicas para gozar, literalmente, na Cidade Maravilhosa. Somos também o refúgio seguro e democrático para assassinos, traficantes, e corruptos injustamente perseguidos em outros países. Aqui podem se integrar às quadrilhas que existem e até receber gordas indenizações, se alegar que foi torturado. Não precisa provar. Se conseguir cidadania podem até chegar ao governo do país. Já aconteceu.
                                                  
                                             TEMÁTICO

Em Porto alegre o Fórum Social Temático, discutia não se sabe bem o que. Parece que alguns querem pintar as cidades de Verde e outros preferem o Azul. Outros querem mesmo o Arco Iris. Teve gente que veio de Kombi da Venezuela para opinar. Na Suissa, o Fórum  de Davos, que não “Davos” nada, agora tá dando: Respostas ao Obama. Na capital gaúcha, o mundo aplaude o emocionante encontro entre dois comunistas: Tarso Genro “O Vermelho” e o terrorista  Batistti, que veio conhecer o titio “Fratelo” que o salvou do chute no traseiro.Virou palestrante e escritor. Seu livro narra por certo a tortura que sofreu, esperando a decisão do Supremo naquela cela exígua de 70 metros quadrados, banheiro privativo, colchão de vulca espuma, míseras quatro refeições, e ainda aquela ridícula televisãosinha a cabo em HD, de apenas 40 polegadas! Vai ganhar cidadania e até Deputado ou Senador. Se “denunciar” militares, então recebe polpuda grana. Já aconteceu também. O maior sucesso são os shows gratuitos, com artistas conhecidos, além é claro das passeatas de protesto contra........contra o que mesmo? Nem eles sabem. Ninguém parece ter lembrado  de falar contra a corrupção. O PT não permitiu. Vem aí o Fórum das Bicicletas e o RIO+20! Que 2012 falte comida, falte saúde, falte educação, falte segurança! Mas pelo amor de Deus que não falte Fórum!


sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A BÍBLIA LIDA PELO DIABO



João Eichbaum
NOÉ PLANTA UMA VINHA

E começou Noé a ser lavrador da terra e plantou uma vinha. 21 E bebeu do vinho, embebedou-se e descobriu-se no meio de sua tenda.

Olha aqui, ó: se vocês pensam que podem plantar uma videira de manhã e ter vinho já ao meio dia, estão esfericamente enganados. Não é bem assim. Leva um tempão, dá muito trabalho.
Ta certo que as águas do dilúvio tenham tornado a terra mais fértil, mas daí a plantar a videira e tomar o primeiro porre vai muita distância.
Mas, tem mais: onde é que o Noé conseguiu as mudas?
E olha que o vinho também não se faz da noite para o dia. E precisa muita uva pra encher um copo de vinho.
Bom, mas seja como for, o certo é que o Noé encheu a cara, tomou o primeiro porre de que tem conhecimento a história da humanidade. Ele não é, portanto, um “alcoólatra anônimo”. Pelo contrário, é o bêbado mais conhecido do mundo, porque ficou na história.

22 E viu Cam, o pai da Canaã, a nudez de seu pai e fê-lo saber a ambos seus irmãos.

Como todo bêbado, o Noé teve que fazer das suas, na fase do macaco: tirou a roupa. Não ficou discursando, dando receitas para endireitar o mundo, contando vantagens, narrando aventuras sexuais. Nada disso. Simplesmente tirou a roupa, exibindo todos os equipamentos.
O Cam, quando viu aquilo, não agüentou: “me segura qu’eu vou tê um troço”. E foi correndo chamar os irmãos.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O NÉRIO SABE DAS COISAS





  



  
    Já são 20,15 hs. Daqui a pouco o grande time colombiano, dizem que financiado pelas FARC e pelo cartel da cocaina, gente fina, Once Caldas, vai ganhar dos vermelhos no campo da beira do rio, pela Libertadores. Os vermelhos estão na Libertadores por graça e obra de um péssimo jogador de futebol, volantão quebrador de bola, sempre  fazendo falta, grosso, não sabe jogar e pensa que sabe. No Grenal, final, o Rochembach, animal, só´dá pau, colorado fanático, fez um penal desnecessário, na linha de fundo, sobre o Oscar. Nem foi penalti. Mas, como o Rochembach é colorado e o Juiz também torce para os vermelhos, lógico, deram o penal e Dalessandro marcou. Este golo colocou o vermelho na Libertadores. Se o Grêmio tivesse empatadao aquele Grenal fatídico, o vermelho estava fora da Libertadores e tinha entrado o Curitiba. Assim que o Once Caldas vai ser o Grêmio hoje de noite e vai ganhar do vermelho para fazer justiça. O Inter não merece estar na Libertadores. E demais para os Gremistas. Ter que  suportar os vermelhos na Libertadores. E, veja só que ironia, estou no rádio, ouvindo o empate de um a um do meu Grêmio Imortal, da catedral do futebol, que será implodida, o colosso de cimento, o Coliseu  de P. Alegre, o templo do futebol que é o Monumental Estádio Olimpico. Mas, a grande verdade é que o meu Grêmio para quem torço desde 1945, quando me conheci por gente, em Antonio Prado, empatou com o Canoas, no primeiro tempo, que terminou agora. Já pensou. Perder de novo, como perdemos para o Lageadense, quando tomamos uma saranda de bola da alemoada de Lageado. Ser gremista é um sacerdócio.  Eu não acho que o tal de  Caio Junior  -  é técnico de futebol. Muito melhor do que ele eram o Lourenço Golin e o Olimpio Dotti, treinando o bom e valoroso Pradense, o " Leão da Serra".

Ainda bem que o tal de ´péssimo Rochembach foi vendido para a China e nunca mais vai voltar a jogar muito mal pelo Grêmio e fazendo tantas faltas por trás, entrando sempre faltosamente como o péssimo   Guiñazú que pensa que joga futebol.


Nério "dei" Mondadori" Letti.

EM TEMPO; O COLORADO VENCEU E O RIO TÁ DESABANDO AOS POUCOS.


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O CRIMINOSO E O FALASTRÃO




João Eichbaum

Tente você aí, que não é criminoso, que não é foragido da justiça, que não teme porque não deve, tente você, cidadão honesto que trabalha, que paga impostos, tente falar com o governador.
E depois me conte, se conseguir.
É claro que não vai conseguir. Nem o CEPRS conseguiu, logo o CEPRS, que é da mesma laia, de gente metida a comunista, nem o dito CEPRS conseguiu.
Porque o governador não é gente. O governador é autoridade e autoridade não fala com qualquer um. A menos que a imprensa esteja por perto, as câmeras da Televisão, aí, sim, ele abraça qualquer velhinha que veja pela frente, ou pega  no colo qualquer criancinha que esteja dando sopa.
Mas, tem outra exceção. Se você for comunista, agitador, assassino, condenado pela justiça de outro país, aí você tem chance de ser recebido pelo governador.
Foi o que aconteceu com Cesare Battisti, condenado por assassinatos e outros crimes pela Justiça Italiana, que fugiu e foi acoitado  por outro esquerdista deslumbrado, o candidato a corno que governa a França, e acabou no Brasil, onde foi preso.
Aí entrou o Tarso Genro, que negou a extradição do criminoso. Para isso contou com o Lula e a covardia dos ministros do Supremo.
Agora está aí o italiano, passeando no Rio Grande do Sul, patrocinado pelo Sindicato dos Petroleiros, outro ninho de comunistas safados, que pegam o dinheiro dos trabalhadores que dão duro e dele se aproveitam para gozar a vida.
O italiano está aí, por conta do tal de Fórum Social, um encontro de desocupados, que só fazem blábláblá, levam uma boa vida, tomam porres e comem as mulheres deslumbradas com homens safados.
Pois o Tarso Genro recebeu o criminoso italiano e fez o seguinte discurso:
- O presidente Lula fez o que devia fazer, pela Constituição do país, ao mantê-lo aqui e não entregá-lo aos fascistas e corruptos italianos que queriam levá-lo para o seu país.
Com esse discurso, o criminoso italiano ficou faceiro, debaixo de seus cabelos pintados e se prontificou para comer mulheres gaúchas:
- Gostaria de encontrar uma namorada gaúcha.
O que não vai ser difícil, com tanta mulher louca pra dar para qualquer semvergonha que se apresente como comunista salvador do mundo.






terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A TELEVISÃO NACIONAL E A HUMANA ESTUPIDEZ

Janer Cristaldo



Não. Não vou discutir a ridícula história do suposto estupro ocorrido durante o tal de Big Brother Brasil. Primeiro, porque não assisto à televisão nacional. Segundo, porque jamais assistiria ao BBB. Certa vez, para saber do que se tratava, tentei ver o programa. Não consegui agüentar cinco minutos. E o BBB, pelo que me consta, tem milhões de espectadores. Haja pobreza mental neste país.


Vou discutir, isto sim, as ridículas reações da imprensa ao ridículo programa. A última Veja, por exemplo, deu nada menos que oito páginas a um episódio que não merecia sequer oito linhas. Pelos jornais, fico sabendo que, às seis da manhã de domingo passado, numa emissão pay-per-view da Globo, um dos palhaços do reality show teria estuprado, sob um edredom, uma outra idiota que dormia.


Duas considerações, para começar. Primeiro, tanto estuprador como vítima negam o estupro. Que o estuprador negue, entende-se. Mas se a vítima nega, então não há estupro algum. E portanto razão nenhuma para esse alarido da imprensa. Em segundo lugar, é preciso ser muito estúpido para pagar para ver um programa estúpido como aquele, às seis horas da madrugada. Eu não o assistiria nem que me pagassem.


Tenho lido reclamações, tanto nos jornais como na Internet, contra a televisão, contra a rede Globo, contra o BBB. Não as entendo. O controle remoto tem dois botõezinhos, on e off. Basta clicar no segundo e o telespectador está protegido de qualquer infâmia. Leio na reportagem da Veja que a repercussão do programa no Twitter atingiu a marca de 116 mil tuiteiros. Ou seja, havia pelo menos 116 mil idiotas preocupados com o BBB.


Desde há muito, há uma grita geral contra o baixo nível da televisão nacional. Grita besta. Se você acha que a televisão tem baixo nível, não a ligue. Ninguém é obrigado a assistir a programas idiotas. Assiste porque quer. No fundo, parece existir a noção de um certo direito a assistir TV, e neste certo direito vem embutida a noção de assistir a bons programas. Ora, televisão precisa de público. Necessitando de público, explora os baixos instintos deste público. Quem faz a televisão não são seus programadores, mas essa gentinha que paga para ver idiotas se esfregando sob lençóis às seis da madrugada.


A televisão criou um dos personagens mais repelentes desta nossa era midiática, a tal de celebridade. Uma analfabeta qualquer, desde que tenha algumas curvas, vira celebridade da noite para o dia, porque a televisão quer. E por que a televisão quer? Porque sabe que se dirige a um público de analfabetos, à gente que não lê, e que pede heróis do mesmo nível de analfabetismo. Que ninguém se queixe. A televisão que existe no Brasil é a televisão que os brasileiros querem. Diga-se o mesmo do governo. Que ninguém pretenda programas inteligentes em um país que elege - e reelege - um analfabeto para a Presidência da República.


Nunca tive boas relações com a televisão. Até os trinta, o aparelhinho não existia em minha casa. Certa vez, quando vivia em Porto Alegre, recebi a visita de moça muito linda, mas carente de cérebro. Espantou-se com a nudez de meu apartamento. Não tens televisão? Não, não tinha. Rádio? Muito menos. E carro? Também não. Então deves ser louco. Talvez fosse, mas vivia muito em paz comigo mesmo, sem rádio, televisão ou carro. Tinha, isto sim, livros. Mas isto pouco interessava à moça.


Só fui conhecer televisão em Paris, em 77. Era correspondente de um jornal gaúcho. Embora falasse razoavelmente o francês, precisava de mais intimidade com a língua e com a política nacional. A televisão então me pareceu ser útil. Mais ainda, tinha alguns programas interessantes, como o de Bernard Pivot, que entrevistou em seu ofício mais de oito mil escritores. Ano passado, fiz um despilfarro: comprei uma televisão de 56 polegadas. Eu a uso para ver filmes ou documentários. Mesmo na televisão a cabo, não vislumbro muita vida inteligente.


Tenho um vício, é verdade, que já confessei. É assistir aos pastores televisivos na madrugada. Mas é vício que me informa sobre a incultura das gentes. Vivo em uma pequena bolha de amigos cultos e, para conhecer a idiotice ambiente, nada melhor que vê-la concentrada em templos no conforto de meu sofá. Dá muito trabalho sair de casa para ter uma idéia da ignorância que me cerca.


Eu a contemplo então, perplexo, na telinha. Milhares de pessoas, na madrugada, gastando tempo de descanso, para ouvirem, extasiadas, vigaristas de baixo nível. Meus prediletos são Edir Macedo, R.R. Soares, o ao apóstolo Valdemiro e a bispa Sonia Hernández. Aquela que um dia disse: “gente, Deus é uma coisa quentinha”. Saiu de seis meses de prisão nos Estados Unidos, por evasão de divisas, e retornou, olímpica, a seu programa. Quatro ou cinco mil panacas a veneram cada noite em seu templo.


Penso que, neste sentido, a televisão até que educa. É uma forma de tomarmos contato com a humana estupidez sem sair de casa.




segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O NÉRIO SABE DAS COISAS


Deu no que deu, pobre italiano, espalhatoso, em navio cruzeiro de rico chiquérrimo, gigante dos mares, viajar fazendo cruzeiro de gente refinada. O capitão estava com uma amante, uma eslava, linda, escultural, também de farra, Domnica Cemortan - de 25 anos, romena (que dizem ser as mulheres mais tesudas do mundo, superiores às húngaras) , com dupla cidadania da Moldávia. Foi uma confusão geral. Farra total. O luxuoso navio zarpou   da pequena cidade, acima de Roma, chamada Cittavechia, atracou e apanhou uns 200 garçons, que de férias, em  festa total, ganharam o prêmio do cruzeiro pelo Mediterrâneo. Já subiram, a bordo fazendo algazarra, pois, estavam bêbados. O navio andou um pouco, e se aproximou, em frente à Florença, perto de Livorno     ( onde desembarcaram os pracinhas da FEB na Segunda Guerra Mundial, em 1944 e tem o cemitério de Pistóia)   -  e se aproximou da ilha rochosa de Giglio, frente à Florença, mais ou menos, pois, os familiares dos garçons estava no rochedo que avança como um cabo mar a dentro e abanavam  e gritavam para seus filhos, os garçons que estavam a bordo.Queriam até se dar as mãos se abraçar.Tal era a era festa. Com isto o capitão que também estava meio de porre com a dita eslava deixou que o gigante dos mares se aproximasse da ilha de Giglio, pura rocha. Total, os ricos estava nos finos salões jantando, dançando, ocupados com as coisas de ricos em cruzeiros. Era só coisa dos pobres garçons italianos que pela primeira vez andavam de navio, no meio do ricaços.  Ora, aconteceu o esperado e o previsto. Devido à emoção e ao gritedo dos italianos querendo se abraçar, os que estavam  na ponta do rochedo da illha com os que estavam a bordo do gigante dos mares. Deu no que deu. O navio bateu numa rocha, em água rasa, abriu um rombo no casco de uns 100 metros, entrou água abundante, e o gigante adernou e virou na direção da ilha, despejando todos os ocupantes para dentro do mar, no maior tobogá e escorregão da históira da marinha moderna. Num dos sete salões, o mágico fazia  a mágica, da mulher dentro da caixa e cravando espadas, super conhecida, quando inclinaram, adernaram e se foram. Disse um dinamarquês que achava que a cena fazia parte da mágica, aquele deslizar em direção ao mar. Que nada. Estavam indo de verdade para o naufrágio como o Titanic, faz cem anos, só que o Titanic    afundou no meio do mar, e o Costa Concordia não afundou. Só deu uma deitada, à direita, em direção à ilha, em água rasa, o que permitiu que a turma ( mais de 4.000 pessoas) se salvasse pois ao cairem no mar, deu pé e logo chegaram à ilha. Bota esculhambação nisso. Ninguém achou bote salva-dia. Foi um Deus nos acuda. Todos procurando se salvar e há dúvidas que o capitão, tenha sido o primeiro  a se mandar  e abandonar o navio, espavorido, junto com a amante - o famoso Francesco Schetinno.

Com o que se confirma a Marinha do Brancaleone.

Nério "dei Mondadori" Letti

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A BÍBLIA LIDA PELO DIABO


João Eichbaum

12 E disse Deus: este é o sinal do concerto, que ponho entre mim e vós, e entre toda a alma vivente, que está convosco por gerações eternas. 13 O meu arco tenho posto na nuvem: este será por sinal do concerto entre mim e a terra. 14 E acontecerá que quando eu trouxer nuvens sobre a terra, aparecerá o arco nas nuvens. 15 Então me lembrarei do meu concerto, que está entre mim e vós e entre toda a alma vivente de toda a carne, e as águas não se tornarão mais em dilúvio, para destruir toda a carne. E estará o arco nas nuvens e eu o verei, para me lembrar do concerto eterno entre Deus e toda a alma vivente de toda a carne, que está sobre a terra.

Esse blábláblá todo é para falar do arco-iris, um fenômeno natural, que consiste na refração e reflexão dos raios solares sobre as gotas de chuva. Ele é fruto de uma combinação de fatores físicos e não um prodígio criado expressamente pelo Velho Javé. Ao usá-lo como lembrete para evitar dilúvios, Javé outra coisa não faz senão confessar sua fraqueza de memória, revelando, ao mesmo tempo, um espírito arrebatado pela vontade de destruir. Não pega bem, né? Em todo o caso, o arco-íris serviria para fazer o tema de casa: não devo destruir o mundo com dilúvios.


17 E disse Deus a Noé: este é o sinal do concerto que tenho estabelecido entre mim e entre toda a carne que está sobre a terra.

Tipo assim: quando aparecer o sinal, não esquenta, cara, não vem mais dilúvio.
Só que tem um detalhe: para tsunamis arrasadores, tornados, nevascas e outros descontroles da natureza não vale o sinal. O Velho não foi explícito nesse quesito.

18 E os filhos de Noé, que da arca saíram, foram Sem, Cam e Jafé. E Cam é o pai de Canaan. 19 Esses três foram os filhos de Noé e deles se povoou a terra.

Te liga, Mané. Se entraram na arca os três filhos de Noé, que se chamavam Sem, Cam, e Jafé, só podiam sair da arca as mesmas criaturas.
Pelo tempo que estiveram na arca, o Noé e a sua coroa podiam ter transado, mas faltaria muito ainda, para nascer mais um irmãozinho para os acima mencionados.
Se é que eles transaram. No meio de tanta gente e de tanto bicho, quem é que ia ter tesão?
Outra coisa: se só sobraram os três, quem mais iria se atracar nessa tal de “multiplicação”? Sem mulher do próximo disponível no mercado, eles se atracaram com as próprias patroas, e deu nisso que vocês estão vendo hoje: o povão enchendo as ruas, fazendo fila pra tudo, atravancando o trânsito, disputando espaço nas praias, se aglomerando nos estádios de futebol, elegendo corruptos, e assim por diante.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O CARA DE PAU




João Eichbaum

     Só por não terem culhões, os editores da Zero Hora deixaram de botar o Dionilso Marcon na página policial.
O cara fez ultrapassagem em local proibido, estava dirigindo sem habilitação e sua caminhonete estava com o parabrisa trincado.
É mole ou querem mais?
Mesmo assim, a notícia está numa página antes do noticiário policial. Se fosse eu, você, ou qualquer um que trabalha para sustentar vagabundos de gravata, ah, não tenho dúvidas, estaríamos na página policial, ao lado de assaltantes, traficantes, estupradores, etc. Nunca, porém, ao lado de políticos porque político, por mais corrupto que seja, nunca vai parar na página policial.
Agitador, invasor de propriedades alheias, estimulador de delinquentes e aproveitador de ações criminosas, Dionilso Marcon agora confessa mais um crime: falsidade ideológica.
Ao deparar com um significativo número de infrações de trânsito que lhe tolhem o direito de dirigir veículo automotor, o deputado do PT (e por acaso, com essas credenciais, poderia ser de outro partido?) Dionilso Marcon admite que emprestava o número de sua carteira de motorista, para que lhe fossem atribuídas infrações praticadas por outrem. Agora, diante da enrascada, como todo o petista que se espelha no Lula, com a maior cara de pau, não assume.
Pois é esse tipo de gente que faz as leis. Faz as leis burras, copiadas de outros países, para que nós, os idiotas, as cumpramos. E nós, com nossas multas e nossos impostos pagamos essa gente.
Vocês , que vivem se queixando dessa merda de governo e que, mesmo assim, reelegem o Dionilso Marcon, o Tarso Genro, o Raul Pont, e outros tantos da mesma laia, vocês é que devem se olhar no espelho e dizer, sacudindo a cabeça: sou um idiota.
Quem é esse Dionilso Marcon? De onde veio? O que fazia na vida, antes que vocês o tivessem eleito deputado estadual e depois federal?
É isso que vocês se devem perguntar. Se assim não fizerem, ó, não adianta se queixar, porque a vida de vocês vai continuar na mesma merda, sem educação, sem segurança e, por saúde, só terão a fila do SUS. Enquanto isso, tipos como o Dionilso Marcon, o Sarney e outros, continuarão embolsando seu dinheiro, o dinheiro que é fruto do seu trabalho, para melhorar a vida deles.


quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

LUCIANA GENRO JUSTIFICA CEM MILHÕES DE CADÁVERES


Janer Cristaldo
O ano era 1980 e eu vivia em Paris. Hospedei por alguns dias o namorado de uma advogada trabalhista gaúcha, que se dirigia a Moscou para um curso de cinco anos na Patrice Lumumba. Muito ingênuo, uns vinte anos antes eu havia postulado a mesma bolsa. Queria sair do Brasil, não importava para onde fosse. Quis o bom deus dos ateus que minha aplicação fosse interceptada pelos serviços de segurança, o que me valeu um interrogatório e uma noite de prisão em Dom Pedrito. Dos males, o menor. Ganhasse a bolsa, faria de minha vida um inferno e, na época, teria dificuldades para voltar ao Brasil.


Mas falava do gaúcho que ia para Moscou. Eu o recebi com meus melhores vinhos e charlamos por pelo menos duas noites. Que vais fazer em Moscou? – perguntei. “Vou fazer arquitetura, na Patrice. Um curso de cinco anos”. Sabes desenhar caixas de fósforos? – voltei à carga. Ele me olhou com um gesto de que eu não merecia resposta. Bom, meu caro, se sabes desenhar caixas de fósforo, já dominas toda a arquitetura soviética. Nem precisa ir.


Ofendeu-se, o gaúcho. Queria ir embora lá de casa. Instei-o a ficar, eu apenas fazia um comentário. Mas predisse: tu vives boa vida em Porto Alegre. Não vais agüentar nem seis meses em Moscou. Despediu-se de mim irritado.


Mês seguinte, chega sua namorada, a advogada trabalhista. Iria visitá-lo em Moscou. Ficou um mês esperando pelo visto. Nesse meio tempo, fui lhe apresentando as delícias do capitalismo. Bom, vai daí que a moça acabou indo ao paraíso socialista. Voltou um mês depois. De cabeça gacha. Como é que foi? – perguntei. Ela não falou muito. Disse apenas que era uma cidade concebida para gigantes. Antes de voltar ao Brasil, fez-mealgumas confidências. “Tudo é escasso lá. E não há escolha. Os absorventes higiênicos são enormes”.


Pois é, minha querida. País de gigantes é assim mesmo. Mas a história não termina aqui. Continuamos a trocar correspondência. Era a época das cartas, que demoravam pelo menos uma semana para chegar. Três meses depois, ela me dá notícias de Porto Alegre e fala que o namorado havia decidido voltar, que não via muito sentido em ficar cinco anos estudando agronomia em Moscou. (Agora, era agronomia. O curso inicial era arquitetura). Continuou escrevendo e, ao final, um PS: “Tche, o Rui chegou ontem”.


O bravo militante comunista, que fora à Rússia para um curso de cinco anos, não agüentou nem seis meses, como eu previra. Nos encontramos mais tarde em Porto Alegre.

Viu? – perguntei –. Nem seis meses. 
- Ah! Não vou te explicar. Não vais entender.

Não iria entender mesmo. Só afirmei que ele não suportaria nem seis meses em Moscou. Mas bom cabrito não berra. 
Digo isto a propósito do retorno de Cuba de Luciana Genro. A ex-deputada stalinista nos prometeu um relato de seu périplo, pelo qual esperei ansiosamente. Boa stalinista também não berra. Apesar de todos os relatos da miséria que assola a ilha, da fuga em massa dos cubanos para Miami, dos fuzilamentos sumários ordenados por Castro e Guevara, Luciana Genro encontra palavras para louvar uma ditadura de mais de cinqüenta anos – a mais longa do século passado.


“A vitória da guerrilha de Fidel e Che Guevara foi o coroamento de uma luta de massas que derrubou uma ditadura sangrenta que fazia do país o quintal de recreação da burguesia americana, à custa da pobreza extrema dos cubanos – escreve Genro – . Por isso esta revolução ainda é reivindicada pelo povo. Mesmo quem critica o regime sabe que a revolução cumpriu um papel fundamental para a libertação do país”.


Se antes era o quintal de recreação da burguesia americana, hoje é o bordel de todo Ocidente. Castro conseguiu um milagre. Banalizou a tal ponto a prostituição, que hoje um cubano oferece alegremente aos turistas sua mulher, em troca dos malditos dólares do império. Quando perguntaram a Fidel porque em sua ilha as universitárias se prostituíam, o Líder Máximo foi olímpico: é que em Cuba até as prostitutas têm grau universitário. Quanto a pobreza extrema dos cubanos, esta não é exatamente dos dias de Fulgencio Batista. O salário médio de um médico cubano, hoje, é de 15 dólares por mês, quantia que um mendigo tira fácil por dia no Brasil. As libretas de racionamento são achados do regime castrista, não do governo de Batista. Naqueles dias, quem queria sair de Cuba saía quando bem entendesse. Na ditadura de Castro, só fugindo e arriscando a vida no mar do Caribe.


A ex-deputada consegue ser um pouco mais honesta que Michael Moore em Sicko, mas acaba enredando-se em suas dialéticas contradições: “Depois do fim da URSS a situação econômica de Cuba piorou terrivelmente”. Qual era o subsídio da extinta à Cuba? Cinco bilhões de dólares anuais. Para uma ilhota de 10 milhões de habitantes. O que dá 500 dólares per capita ao ano. Hoje, um médico ganha 180 dólares por ano, menos da metade do subsídio soviético. Em uma frase, Genro atesta o fracasso total da dita revolução cubana.


“Não conheci a Cuba de antes, mas hoje a miséria anda nas ruas e contrasta com a opulência ostentada pelos turistas, que inclusive utilizam outra moeda para consumir o que é inacessível ao cidadão nacional. O que um turista paga por uma refeição em um restaurante médio equivale ao salário de um mês inteiro de um cubano, ou mais, dependendo da profissão. É verdade que o abismo entre ricos e pobres que vivemos no capitalismo não existe entre os cubanos, mas ele revela-se de forma cruel no contraste entre a capacidade de consumo dos cubanos versus a dos turistas”.


O turista usa outra moeda porque o regime não permite que os cubanos usem a mesma moeda do turista. E se um turista paga por uma refeição em um restaurante médio o equivalente ao salário de um mês inteiro de um cubano, a culpa não é do turista, mas do regime que oferece tais salários. Desde há muito um cubano não come não mesmo restaurante que um turista, e isto sempre foi assim em todo país socialista. Genro estabelece uma espécie de luta de classes entre os malvados turistas – esquecendo que ela também é turista – e os coitadinhos cubanos. Mas turistas vêm de economias capitalistas e conseguem pagar o preço dos restaurantes cubanos... para turistas.


Quanto aos cubanos, vivem em economia socialista ... e que se lixem. Diga-se de passagem, é o turismo que traz a Cuba os raros dólares que entram na ilha. Outros dólares são enviados pelos familiares refugiados naquele malvado país capitalista, os Estados Unidos.


A deputada até que reconhece algumas manchas no paraíso: “As glórias da revolução não anulam um fato que é claro como o dia: a população não tem canais de expressão. A direção do Partido Comunista Cubano é uma burocracia fossilizada que mantém a política interditada no país. Quem diverge é tratado como traidor e enquadrado como agente imperialista. Se eles lessem este meu relato eu possivelmente seria assim qualificada”.


Mas... qual partido comunista não é fossilizado? Ou ela conhece algum que seja ágil e moderno? Por que a ex-deputada não disse isto lá em Cuba? Mesmo assim, a militante do PSOL endossa todas as ditaduras do século passado:


"Pois finalizo reiterando as minhas convicções socialistas, reivindicando a revolução russa, chinesa, cubana… e a minha aversão aos burocratas ditos comunistas que desfiguraram o projeto comunista, que na tradição marxista registrada no Manifesto escrito por Marx e Engels é um projeto de igualdade, solidariedade e libertação de toda a exploração e opressão, seja ela exercida pela burguesia ou pela burocracia”.


Genro está endossando o preço das revoluções que louva: cem milhões de cadáveres. Desvios do projeto original. Quem sabe, numa outra tentativa... Afinal, quando as estatísticas estão na ordem dos milhões, centenas de milhares de cadáveres constituem apenas um detalhe. Tanto faz como tanto fez.




terça-feira, 17 de janeiro de 2012

CRÔNICAS ROMÂNTICAS


Paulo Wainberg

Poema da esperança.

Nas mil noites vazias ela vira, revira,
Caminha no quarto, sozinha.
Vai à janela, pobre dela, vê
O movimento lá fora,
E, de hora em hora,
Chora.

Nas mil noites vazias ela repete
O drama.
Toma leite na cozinha,
Sozinha,
E dorme sem emoção,
Olhando televisão,
Sentada no sofá-cama.

Nas mil noites vazias da moça
A Lua cheia insiste,
A cada noite mais triste
Sumindo na escuridão
E de novo remoça,
E de novo, desiste.

Durante o dia ela corre
Em busca da solidão
De outra noite vazia
Quando aos poucos morre
De tanta dor no coração.

Vara desertos vazios,
Geme na noite,
De frio.
Pobre moça, pobres dias,
Em mil noites vazias.

O que tirou de sua boca
O sorriso gentil?
Quem machucou essa louca?
Que mãos tocaram suas coxas?
Quais lábios beijaram seus seios?

Não sei.

Agora falando sério,
E para findar o mistério,
Eu sei, eu tenho certeza,
De porque ficou assim.
Triste, sozinha, sem rumo,
Ela pode achar o rumo,
Basta sair de si mesma
E voltar correndo pra mim.


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

HISTÓRIAS QUE O NÉRIO CONTA


Não comento. Aqui já se discutiu muito a retirada do crucifixo de sala de audiências, onde Juizes não querem o crucifixo. Debates, programas de rádios, paixões, discutir futebol, religião e mulher nunca dá certo. O melhor é curtir. Total todos gostam. Cada um a seu modo. Tem até homem que não gosta de mulher. Como tem mulher que não gosta de homem. E daí. Nem por isso vamos mandar embora e sair da sala os homens e as mulheres diferentres. Só homossexuais fica muito chato. Só lésbicas fica cansativo. Há que ter um equilibio, entre lésbicas e travestís. Metade por metade para se atingir um equilibiro e ter  o sabor da conquista e o mundo ter graça.
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Eu quando criança, vivi uma situação  curiosa e que não entendia. Na minha querida Antonio Prado, quando cursei o primário no colégio dos irmãos maristas, Colégio Sagrado Coração de Jesus. De 1946 a 1950.  Só fui entender, agora que fiquei grande, não em tamanho, nem em cultura, mas, sim, em idade (72) anos, gordura e 95 quilos e, portanto, muita banha sobrante. mas ainda estou lúcido. Pelo que se nota não há tubos entupidos e o oxigênio ainda circula para o meu cérebro. O que já é uma graça de Deus.  Estou no caminho da caduquice  ( dos pobres)   e do alzheimer, ( para os ricos)  -  pois até na classificação deste final trágico há diferença social no Brasilsão profundo.  Mas graças a Deus ainda não fui atingido. Há sinais. Evidentes.Eu sinto. Estou na  reta. No famoso brete da escuridão. No túnel da bobeira.

 Minha mãe dizia que a coisa mais triste do mundo é a velhice. E se a velhice for com doença bem aí melhor é morrer antes, pois não perturba,  não encomoda os familiares, não gasta tudo com hospital, médico e farmácia  e agora com esta invenção notável de a familia se libertar do peso do velho caduco ou alzheimer - a casa geriátrica - o depósito de velho. Que coisa mais triste.  Um depósito de velhos se parece com aquelas fábricas abandonadas dos bairros industriais decadentes das velhas indústrias ultrapassadas. Vidros quebrados. O teto  desabou.  A capoeira tomando conta. A cerca e o muro cairam. Os mendigos fazem moradia e seu foguinho para se esquentar. Vandalizaram a outrora pujante fábrica, que tinha vida e cheia de pessoas trabalhando e produzindo. Virou tapera.


 E o que acontece com a pessoa que entra na fase de  usar fraldão  geriátrico. Eis que não controla mais o esfincter anal e da urina. E uma desgraça e  uma decadência total.  Por isso, sou favorável ao Clube da Agulha. Descrevo e procuro viver o resto que me sobra antes de entrar no mundo obscuro e desconhecido do alemão Alois Alzheimer. De quem de lá nunca ninguém voltou.

Mas estamos falando de crucifixo na sala. No tempo da Ditadura do Getúlio Vargas, de 10.11.1937 ( Estado Novo) até 29.10.1945 ( data da queda do fazendeiro de São Bora, do Itú) era obrigatóiro manter em todas as repartições públicas, nas salas de aula, etc.  a foto do     "pai dos pobres",    do Dr. Getúlio Vargas. As fotos continuaram no governo que o sucedeu do General Eurico Gaspar Dutra, eleito em 2.12.1945  ao derrotar o Brigadeiro Eduardo Gomes.

Pois bem,  nas salas de aula do colégio dos Maristas, em Antonio Prado, sobre a cabeça do professor marista, o regente, dependurado na parede, lá estava a foto, grande, oficial, obrigatória, do Presidente da República, Getúlio Vargas, que foi ficando. No governo Dutra. Como  o   Getúlio apoiou o Dutra contra o Brigadeiro, então, a foto foi ficando. Ninguém teve coragem de tirar a foto  do  "pai dos pobres". E ainda mais após o governo Dutra, em 3.10.1950, na campanha "Ele voltará" - o próprio Getúlio Vargas se candidatou  e derrotou novamente o Brigadeiro Eduardo Gomes. Não terminou o mandato, pois, em 24.8.1954, cumpriu o que já ameaçara várias vezes, se matou com um tiro no peito no Palacio do Catete, naquele quarto sombrio, gélido, onde morava sozinho, pois, separado da esposa, dona Darcy Sarmanho Vargas e tinha como amante a corista do teatro rebolado e de revista a famosa Virginia Lane, ainda viva.  ( vive numa geriátrica da Barra da Tijuca, pobre e abandonada, mas lúcida)

Portanto, eu passei todo o meu curso primário em todas as salas de aula dos  maristas tendo que olhar aquela foto daquele senhor, já meio idoso, que ficava olhando para nós, pequenos alunos, com ár de corregedor e de disciplinador. Lá estava a foto famosa grudada na parede a causar um certo temor na gurisada, sobre a cabeça do brabo e violento irmão marista, regente, dando aula. Sabe lá o que é isso.   Uma criança no curso primário ter que ficar olhando durante o período de aula, nos cinco anos, do primário aquela foto, bem maior  do que o crucifixo. Mas, afinal quem era aquele homem, superior, imponente, que pousava sobranceiro na parede nos olhando com olhar inquisitório.?

Quando o regente ensinava História do Brasil então nós tinha que decorar os presidentes da República. Mal. Deodoro da Fonseca. Mal. Floriano Peixoto, Prudente de Morais, Rodrigues Alves ate´chegar no homem da foto, Getúlio Vargas que era o presidente atual. Cujas fotos perduraram no governo adesista ao getulismo e ao queremismo     (queremos Getúlio de volta)     do General Dutra. Aí a turma ficava sabendo que aquela foto era a do Presidente. A pergunta que nos assaltava logo -  e a foto dos outros presidentes?  Por quê só a foto do Getúlio?...

Entendia em casa e vivia minha dúvida total infantil e que me traumatizava. Meu pai, Horacio Letti, era do Brigadeiro Eduardo Gomes. Tinha feito campanha cerrada pelo Brigadeiro  Eduardo Gomes, junto com aqueles homens de Antonio Prado.  O lema da campanha do Brigadeiro - era   -  " O preço da liberdade é a eterna vigilância"   -   dando uma alfinetada na ditadura do Getúlio após o Estado Novo de 1937. Cuja Constituição foi feita e redigida rapidamente pelo notável Francisco Campos, chamado de "Chico Ciência".

Meu pai dizia - a desgraça do Brasil é o Getúlio Vargas. Meu ´pai tinha horror ao Getúliio. Meu pai era do Partido Libertador, do PL. Até hoje não sei dos motivos que levaram meu pai a ter tanto ódio do Getúlio. O Getúlio tinha o poder. A chave do cofre. Era ditador. Quem era amigo do Getúlio tudo conseguia. Emprego. Obras Públicas. Tudo. O Getúlio era  um homem bom. Mas, meu pai era contra.

Meu pai era do Brigadeiro Eduardo Gomes  - o solteirão mais bonito do Brasil - o partido de todas as mulheres. Elegante. Fino. Educado. Bem fardado. Alinhado. ( alguns achavam até que ele era homossexual, os contra, lógico, os do PTB do Getúlio insinuavam que o cara era a bicha).

O irmão marista quando ficava brabo comigo na aula, gritava ,  ameaçava me bater, mostrava a régua, um metro de madeira de medir fazenda nas lojas, e dizia  -  " ainda por cima, teu pai é um herége, não é católico, não confessa, não comunga, não vai à missa, não frequenta a Igreja"  - bem aí, eu estava ralado - e ficava de castigo, na parede, de frente para a parede, de braços cruzados, lá na frente, de costas para a turma,  sob a foto do Getúlio,  até bater a sineta para o recreio.

E assim se passou minha infância em Antonio Prado. A foto do Getúlio na parede das salas de aula do colégio dos Maristas. E meu  pai, em casa, tomando vinho, no almoço, e dando discurso contra o Getúlio. Que paradoxo. Na aula venerado. Em casa execrado.
Bota confusão nisso na cabeça da criança.

Este ensinamento me serviu na vida de Juiz  para tratar igualmente a todos, na medida de sua desigualdade,   e me serve até hoje que me esforcei  para criar os tres flhos e agora ajudar na criação dos cinco netos.

Nério  "dei Mondadori" Letti.


sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A BÍBLIA LIDA PELO DIABO


7 Mas vós frutificai e multiplicai-vos: povoai abundantemente a terra, e multiplicai-vos nela.

Não disse que Ele só pensava “naquilo”? De repente, no meio do discurso sobre sangue, ele volta ao assunto: “multiplicai-vos”. Só faltava Ele falar em sexo explícito, pra botar pilha.
E se em vez de sexo, ele fizesse um por um, como fez com o primeiro: amassa o barro, sopra e ta feito o homem. Depois tira a costela dele e faz a mulher...?
To pensando que Ele se arrepiou com a mão de obra... Bem, se trabalhando só seis dias Ele cansou e já teve que decretar o repouso semanal, imaginem se tivesse que passar o resto da sua eternidade amassando barro e tirando costela!
Foi por isso que inventou essa coisa gostosa chamada sexo e exigiu “multiplicação”, como retribuição ao prazer. Quer dizer, pra disfarçar a safadeza, botou a ordem da “multiplicação”
E, no entanto, na Igreja Católica, essa ordem não é oficialmente obedecida. Com o tal de celibato, os padres são castrados moralmente, e aqueles que não aguentam essa castração saem botando os pés pelas mãos. Quer dizer, botando as mãos onde não deveriam...E o resultado são os inúmeros bastardos, filhos de padres, bispos, monsenhores, cardeais, papas, etc. que andam pelo mundo, se multiplicando, é claro, mas por causa da safadeza.

8 E falou Deus a Noé e a seus filhos, dizendo: 9 e eu, eis que estabeleço meu concerto convosco e com a vossa semente, depois de vós, 10 e com toda a alma vivente que convosco está, de aves, de rezes, e de todo o animal da terra convosco: desde todos que saíram da arca até todo o animal da terra. 11 E eu convosco estabeleço o meu concerto que não será mais destruída toda a carne pelo dilúvio para destruir a terra.

De repente mudou o discurso da raiva, aquela vontade de detonar tudo, “desfazendo toda a carne em que há espírito de vida debaixo dos céus”.
A linguagem ficou mais “light”, direta, sem parábolas, o Velho parece ter escorregado na pieguice: não, a carne não mais será destruída pelo dilúvio.
O que é que deu Nele?
Alguém aí, que entende de teologia, pode me explicar?
É claro que teologia nenhuma explica. Ele é assim, exatamente como são os homens: sujeitos à alteração do humor, dependendo como levanta de manhã, às vezes querendo esbofetear o primeiro que aparece, outras vezes se derretendo de pieguice.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

AS MADAMES E SEUS FALSOS ESPELHOS




João Eichbaum

Hoje me deparei com uma delas. Com os cabelos escuros, brilhando ao sol, os olhos arregalados, quase fixos, debruados com pestanas e sobrancelhas rigorosamente iguais à cor do cabelo, ela caminhava devagar, toda precavida, como quem se cuida para não pisar na merda.
Mas aquele andar vagaroso não traduzia exatamente o receio de pisar em dejetos indeferidos pelo sistema digestivo. Era o sinal da segunda indesejável, aquela que ninguém dá conta, vem devagar, emite alguns avisos e, se a morte não chegar antes, é a vez dela: a velhice.
É, sim. Assim é, exatamente: as criaturas humanas, e as mulheres, numa proporção bem maior, não aceitam a velhice. E aí repuxam a cara, para cima, para baixo, para os lados, esticam o quê e como podem, com a intenção única de enganar transeuntes, mostrando-lhes uma idade incerta e não sabida.
Só que a juventude, que elas pensam em estampar nas suas faces esticadas à custa de bisturi, só existe no espelho delas. Na rua, o andar de velho é indisfarçável, não há  cirurgião que consiga o milagre de escondê-lo.
Sem que seja necessário olhar para o pescoço e as mãos encarquilhadas, a gente já sabe que o bisturi andou passeando pela cara daquelas criaturas.
E há bisturis e bisturis. Os bisturis baratos, pagos em vinte e quatro prestações com juros e correção monetária, ou os bisturis manejados por estagiários do sexto ano, nas aulas práticas de cirurgia, sem querer fazer trocadilhos, dão na cara.
Mas, as criaturas parecem ter eliminado o adjetivo “ridículo” dos seus dicionários. Saem pelas ruas, comemorando uma falsa juventude, cuidando para não piscar os olhos, nem largar puns, mergulhadas no desconhecimento de que a estética, na velhice, só combina com cabelos brancos e rugas.






quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

ENIGMAS DA MENTE


Paulo Wainberg

Esta educativa coluna está sempre à frente do seu tempo, na incessante busca de soluções para os principais problemas da Humanidade.
Hoje, apresenta o resultado e a conclusão extraordinários da pesquisa que realizou, visando decifrar, de uma vez por todas, o fenômeno conhecido internacionalmente como O Raciocínio Tortuoso.
Tomemos a seguinte afirmativa para o exemplo: "Eu sempre falo a verdade e isto é uma mentira".
Ora, se é mentira que sempre falo a verdade, substituamos a proposição inicial para: "As vezes eu falo a verdade e isto é uma mentira".
Ora, se é mentira que eu as vezes falo a verdade, tentemos assim: "Eu nunca falo a verdade e isto é uma mentira".
Primeira Conclusão: De todas as proposições acima o único denominador comum é: "E isto é uma mentira".
Para que nossos críticos não nos acusem de parciais e tendenciosos, mudemos a proposição de caráter afirmativo para outra de caráter negativo: "Eu nunca minto e isto é uma mentira". Ora, se é mentira que eu nunca minto, logo: "As vezes eu minto e isto é uma mentira". Ora, sé mentira que às vezes eu minto, logo: "Eu sempre minto e isto é uma mentira".
De novo fica demonstrado que a única verdade possível é uma mentira e, consequente, tudo é uma mentira, afirmação que também é uma mentira.
Ficou claro, para o senhor e para a senhora, como funciona o Raciocínio Tortuoso?
Tragamos então, este finalmente solucionado enigma da mente, para o mundo real, onde as coisas realmente acontecem.
O Doutor Haroldo era médico e amigo de Osmar, isto, exatamente o Osmar, o nosso correspondente que não responde e não corresponde.
Osmar, acometido de fortes dores lombares decorrentes do excesso de cerveja, estava acamado e chamou o doutor Haroldo, que, pontualmente às nove da noite, chegou.
Osmar, na cama e rodeado de amigos, ingeria calmamente sua cerveja enquanto os amigos, menos politizados, tomavam doses generosas de uísque, todos confraternizando com o amigo doente.
O doutor Haroldo tinha uma característica interessante, só bebia e fumava quando estava junto com Osmar e, naquela noite, não foi diferente. Após examinar, diagnosticar e receitar, doutor Haroldo aceitou a primeira de três doses de uísque, suficientes para deixá-lo no ponto limite entre a lucidez e o coma. Fumou vários cigarros, conversou, riu e divertiu-se e, pelas onze horas anunciou que ia para casa, porque Clarinha esperava para jantar.
Logo após a saída, Osmar ligou para a casa do doutor Haroldo:
- Alô Clarinha, tudo bem? Aqui é o Osmar, o Haroldo está?
- Não. Ele me disse, quando saiu do consultório, que ia passar aí para ver você.
- Pois é, ele disse que ia chegar pelas nove e até agora nada.. Pede para ele me ligar, logo que chegar, ok?
Mal desligou o telefone, Clarinha ouviu os passos do doutor Haroldo, que apareceu diante dela desgrenhado, tonto, cheirando a uísque e cigarro.
- Onde vocês estava, Haroldo?
- Ué? Estava no Osmar.
- Haroldo, o Osmar acabou de ligar. Ele está esperando você desde as nove horas.
Osmar e os amigos esperavam, ansiosos, divertindo-se com a situação. Não demorou muito e o telefone toca:
- Osmar, pelo amor de Deus, diz para Clarinha que eu estava aí, ela vai falar contigo agora.
- Oi Osmar, é a Clarinha, afinal o Haroldo esteve ou não esteve aí?
- Não - respondeu Osmar com a maior seriedade.
O que houve a seguir você, meu caro amigo, você minha adorável senhora, podem perfeitamente imaginar, mas adianto que não foi nada bom.
Porém nossa tese ficou plenamente comprovada. A mentira de Osmar, foi verdade para Clarinha. A verdade de Haroldo foi mentira para Clarinha. O que prevalesceu? As duas mentiras.
E isto também é uma mentira.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

DEFENSORIA PÚBLICA DISTRIBUI CARTILHA COM DIREITOS DOS DROGADOS


 Janer Cristaldo


A edição de ontem do Estadão traz uma foto surrealista: uma procissão de craqueiros desfilando pelo centro da cidade, protegidos por uma viatura policial. Só faltou o andor. Pois uma Nossa Senhora do Crack já existe.


Escreve o repórter William Cardoso: “A estratégia de impor dor e sofrimento aos dependentes criou uma situação inusitada no primeiro sábado após a ocupação da cracolândia, no centro de São Paulo. Com o tráfico a todo vapor e sem conseguir cortar a rota de fornecimento da droga, restou à PM escoltar pelas ruas centrais da cidade grupos gigantescos, de até cem pessoas, em uma estranha "procissão do crack", iluminada pelos Giroflex das viaturas noite adentro. A perseguição aos usuários criou uma "cracolândia itinerante" no quadrilátero entre as Avenidas Duque de Caxias, São João e Ipiranga e Estação da Luz. Em alguns momentos de "folga" na caminhada forçada imposta pela polícia, os grupos paravam para acender os cachimbos e descansar. Depois de alguns minutos, voltavam a andar. Sem destino”.


Há uma política de morde-e-assopra por parte das autoridades no que diz respeito ao problema da droga – escrevia eu na semana passada. Comprar pode, o que não pode é vender. Hoje e durante todo o mês de janeiro, cem policiais militares estarão protegendo, com cara de palhaços, os nóias cachimbando à sua frente. O governo aposta em que, coibindo o tráfico na Cracolândia, o problema estará resolvido. Ora, o tráfico é ágil. Do dia para a noite, saberá como encontrar sua clientela. Se entra até nas prisões, não lhe será difícil abastecer o mercado nas ruas.


Prova disto são as centenas de drogados perambulando e fumando no centro da cidade, sob o olhar complacente da polícia. Se um nóia pode consumir droga na frente de policiais, é de perguntar-se o que os policiais fazem na cracolândia. As medidas do governo são apenas cosméticas. E atendem a disputas políticas. A operação foi desfechada terça-feira passada. Teve como único resultado dispersar os zumbis pelos bairros vizinhos de Higienópolis e Santa Cecília. Algumas aves de arribação já transitam por minha rua.


Demonstrada a ineficácia das medidas, o governo passou a eximir-se de responsabilidades. Na sexta-feira – ou seja, quatro dias após o desfecho da operação – tanto Alckmin como Kassab declararam não ter conhecimento da iniciativa da Polícia Militar. Precisaram de quatro dias para saber do que todos os dias esteve na primeira página dos jornais. Catia Seabra, da Folha de São Paulo, esclarece a motivação de ambos: “Apesar do distanciamento político, Gilberto Kassab (PSD) e Geraldo Alckmin (PSDB) se uniram por temer que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), anunciasse algum pacote federal para a área, imprimindo no prefeito e no governador o rótulo de inoperantes”.


Como a ação policial resultou em rotundo fiasco, tanto Alckmin como Kassab fingiram ignorar o que ocorria sob seus narizes. Mas o melhor vem agora. Na mesma sexta-feira, a Defensoria Pública de São Paulo distribuía, na área da cracolândia, uma cartilha com os direitos dos nóias. No informativo, os defensores informam telefones das corregedorias da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana para encaminhamento de denúncias contra eventuais abusos de policiais e guardas.


Os panfletos informam, também, direitos básicos dos craqueiros como:

1) sempre ser tratado com educação e respeito;
2) ficar, sentar ou deitar ou reunir-se em local público, desde que pacificamente;
3) saber o motivo pelo qual está sendo abordado.


Ou seja, os drogados podem jogar pedras nos policiais, chutar e quebrar carros. Mas devem ser tratados com fidalguia. Têm todo o direito de fechar ruas, afinal podem ficar, sentar, deitar ou reunir-se onde quiserem. Ao conferir o estranho direito de deitar na rua, a Defensoria está defendendo o direito de dormir. E se defende o direito de dormir, está defendendo o direito de morar na rua. Quanto ao cidadão que trabalha e paga IPTU, este que busque outras ruas para andar. 


Alguém acha que se chegará a uma solução do problema quando a polícia escolta magotes de drogados passeando pelas ruas do centro? Passeando e se drogando, com a proteção de uma viatura policial?


Ora, contem outra.