João
Eichbaum
Não
fiquem pensando que vou escrever aqui um tratado sobre o hímen ou dar lições
de como as mocinhas devem preservar a virgindade. Não vou falar daquele momento
em que, para a fêmea, a paixão se transforma em dor e, para o macho, o troféu
sanguinolento representa a vitória e o faz bradar: “fui o primeiro, deu pra
vocês”!
Não.
“As virgens” de que me ocupo são aquelas de que falou o Janer Cristaldo na sua
crônica publicada ontem neste blog.
E
na verdade esta crônica devia ser intitulada “As Virgens do Janer”. Mas pensei
que o título ia pegar mal e deixei por isso mesmo.
As
“virgens” do Janer são as que aparecem,
ou melhor, apareciam, volta e meia, para criancinhas ou gente de cuca duvidosa,
pedindo que rezassem o rosário, que lhe erguessem algum monumento, alguma igreja,
ou outras pieguices tipo “devoção ao
sagrado coração”...
Lendo
a crônica do Janer não pude fugir à idéa de que a Igreja Católica foi a
inventora do “marketing”. Foi bolando idéias para arregimentar o povo ingênuo e
infeliz que ela conseguiu estender o domínio do cristianismo para todos os
recantos do mundo.
O
“santo sudário”, as lasquinhas da “cruz” em que teria sido pregado Jesus
Cristo, o sangue de “São Januário” foram ensaios desse processo de “marketing”
que deu certo. Daí a inventar as “Virgens” que “apareciam” aqui e acolá foi
um salto grande, que rendeu mais ainda do que as “relíquias” antes mencionadas.
Uma
“Virgem” aparecendo é um espetáculo que atrai o povo. O povo gosta de
novidades. De boas ou ruins, desde que sejam novidades. Por exemplo, a gente
está numa rodovia de grande circulação de veículos. De repente, tudo pára, dá
engarrafamento. Grande parte do engarrafamento é causada pela curiosidade, pela
ânsia do povo pelas novidades. Mesmo que seja uma batidinha de merda, os
motoristas curiosos diminuem a marcha, quase param, para ver o que está
acontecendo. Se há morto envolvido,
então, nem se fala. Todo mundo quer olhar.
Assim
é o povo, sedento por novidades, doente de curiosidade e, no fundo, louco pra
ver os outros se ralarem.
Imaginem
uma “Virgem” aparecendo, mais brilhante do que o sol, mas protegendo sua pele
pálida com uma auréola celeste! Ora se o povo não vai pra lá, se plantar,
esperando que a “aparição” se repita!
É
assim que se constroem santuários, é assim que se recolhe dinheiro.
Nem
a Coca-cola conseguiu, até hoje, um processo de “marketing” tão envolvente.
A
Igreja planta a idéia, porque conhece o povo, sabe até que ponto pode ir a
força da multidão, que gosta de orgasmos epilépticos. E assim vai criando uma
“Virgem” aqui, outra acolá, ontem uma, amanhã outra...
Que
ladrem os incréus, mas a caravana das “Virgens”, cada uma com seu perfil,
ditado pelo “marketing, continuará
passando.
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