DÁ PARA CONFIAR?
João Eichbaum
Muitos, ou vários, ou
alguns dos meus leitores, hão de pensar que sou a favor da corrupção, que endosso
o aliciamento praticado pelo PT, sob as ordens do José Dirceu, que não quero a
condenação dos que aprovaram, a troco de muito dinheiro, as besteiras do Lula.
Não, não é assim. Sou um
férreo inimigo da corrupção. Queria toda a turma do Dirceu, do Delúbio e do
Lula na cadeia, como a quer o povo que não vive de “bolsa-família”, nem debaixo
das lonas do MST.
Mas, tem um detalhe: não
entro na onda, não me deixo subornar pelo mídia. Penso pela minha cabeça. E a
minha cabeça tem uma formação jurídica que não se subordina à vaidade e ao
medo.
O que me leva a comentar
e a criticar as decisões do STF é a certeza de que não há juristas num tribunal
que reconhece a “materialidade” da prova numa conduta penal que se configura
através de advérbio.
Se o povo hoje apóia e
aplaude as decisões do STF, que condena por atacado os denunciados do
“mensalão”, amanhã certamente se dará conta de que aqueles os ministros,
ignorando princípios primários de direito, não representam a sabedoria que se
exige da última instância no julgamento das criaturas humanas.
Atiçado pela mídia, o
povo quer “vingança”, sem se importar com a “justiça”. E aplaude as decisões do
STF pelo resultado.
Quem aplaude hoje o
Supremo, amanhã poderá ser vítima de uma decisão dele. Mas isso não passa pela
cabeça de ninguém.
O STF é um verdadeiro
calidoscópio, formado por pessoas que têm a vaidade como valor principal do ser
humano, A maioria de seus membros não é formada por juízes de carreira, mas por
pessoas deslumbradas, que supõem conhecer o direito. Dominadas mais pela sensação
do Poder do que pelos conhecimentos específicos da Ciência Jurídica, o que
importa para aquelas pessoas é ter seu nome sacramentado pela mídia.
Então, pergunto, como
podemos ter confiança nesse Tribunal? Como poderemos ter certeza de que o nosso
direito será interpretado à luz da Ciência Jurídica?
Quem quiser ser enganado,
que respeite e aplauda o STF, esse mesmo STF que, como entidade, serviu a
ditaduras e não se impôs, assistindo impassível à ejeção de alguns de seus
membros que não dobraram a espinha diante do poder.
Ontem eram as armas que
dobravam o STF. Hoje, é a imprensa. A imprensa que fatura e faz a cabeça do
povo.
2 comentários:
João, sou advogado aqui em Santos, SP, e gostaria de trocar e-mails com você sobre dicas de bons livros da área jurídica. É possível?... Não consigo localizar o seu e-mail aqui no blog. Um abraço e até mais,
Obrigado, João. Entrarei em contato. Um abraçaõ e até mais,
P.S. Meu nome é Sidney Vida. Não sei porque postei a mensagem anterior como desconhecido. Sorry!
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