segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A PRIVADA DA PAPUDA

João Eichbaum

Garanto que vocês nunca viram e muito menos usaram uma privada turca.

Pois é assim ó: sabe o que é agachamento?
Exato. O uso da privada turca é simplesmente isso: um agachamento forçado. Quando os intestinos começam a avisar que está em serviço o seu departamento de expedição, o primata humano tem que baixar as calças, as cuecas ou as calcinhas, conforme o caso, e ficar agachado à espera do serviço final do reto.
Agora, vocês imaginem uma senhora gorda, tipo, tipo, como direi, para trazer diante da imaginação de vocês um caso concreto, para ficar na memória, tipo dona Dilma Rousseff, a "presidenta", digamos.
Pois olha, uma "presidenta" agachada na direção dum buraco, não é coisa que acontece todos os dias.
Mas, não era da senhora Dilma, propriamente, que eu queria falar. Eu queria trazer para vocês um paradigma difícil, para lidar com essas questões relativas à privada turca, e a primeira pessoa que me ocorreu foi a excelentíssima senhora Dilma.
Não, não, não por ser ela uma pessoa acima do peso, que eu a trouxe como exemplo. É que ela já esteve presa, e aí me deu a ideia: uma pessoa gorda, tendo que se agachar, sem apoio algum, e ficar à mercê do trabalho dos intestinos, naquela incômoda posição, sabe lá por quanto tempo...
Ah, sim, já ia me esquecendo : nos dias de hoje, essas privadas só existem nos presídios. Foi por isso que me lembrei da dona Dilma.
E sabem porque as privadas turcas só existem nos presídios?
Para preservar a integridade física dos presos. Os vasos comuns serviriam como armas. Basta quebrar um deles, e o presidiário já dispõe de um instrumento ponteagudo, para se defender ou atacar.
Então é isso: é por questões de segurança, por razões humanitárias que, nas prisões, são instaladas as privadas turcas. Se o cara vai se dar bem ou mal, é uma questão que não prevista na Declaração dos direitos universais do homem.
Então, vocês estão entendendo agora as razões pelas quais o José Genoíno mudou de humor e atitude de uma hora para outra?
Lembram que ele entrou de peito erguido da prisão da Papuda, levantando um braço, com os punhos cerrados, numa atitude desafiadora contra a decisão dajustiça?
Pois é. E de repente aquela atitude de superioridade, aquela empáfia toda foi pro beleléu.
E sabem porque?
Porque ele viu a privada turca e se imaginou agachado, procurando mirar a bunda na direção daquele buraco. Aí, se foi o macho, desapareceu o herói: o Genoino ficou doente e atraiu a piedade dos donos dos direitos humanos.
Então, com base no princípio constitucional da isonomia, ele peticionou, perante o Barbosa, o direito de cagar igual a todo mundo.
E o afrodescedentão, então, sabendo que a boca fala daquilo que abunda no coração, despachou no seguinte sentido: defiro.



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