segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

AS IGREJAS FICAM COM O QUE É DE CÉSAR

João Eichbaum

Está escrito em Mateus, capítulo 22, versículos 16 e seguintes:
“E enviaram-lhe os seus discípulos, com os herodianos, dizendo: Mestre, bem sabemos que és verdadeiro, e ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, e de ninguém se te dá, porque não olhas a aparência dos homens.
Dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar o tributo a César, ou não?
                  Jesus, porém, conhecendo a sua malícia, disse:
-Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo.
E eles lhe apresentaram um dinheiro.
E ele diz-lhes:
-De quem é esta efígie e esta inscrição?
                   -Dizem-lhe eles:
-De César.
Então ele lhes disse:
-Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
E eles, ouvindo isto, maravilharam-se, e, deixando-o, se retiraram.”
Relembro para vocês esse trecho do evangelho, a propósito de um artigo do  Hélio Schwartsmann, publicado na Folha de São Paulo, ontem.
Debaixo do título “ O fim de uma religião”, Hélio narra a aventura a que se atiraram ele, Cláudio Ângelo e Juvenal Garcia: fundaram uma Igreja, a “Heliocêntrica do Sagrado Evangélio”.
Conta ele que “com apenas R$ 418 e cinco dias (não consecutivos) de trâmites burocráticos, conseguimos registrar o culto e abrir uma conta bancária na qual pudemos fazer aplicações financeiras livres de impostos.”
Depois de algum tempo, deram “baixa” na Igreja.
Hélio e seus amigos quiseram provar como é fácil fundar uma religião e se beneficiar com o privilégio da isenção de impostos.
E assim é. Todos os bens patrimoniais das Igrejas está isento de impostos. De qualquer imposto.
Vocês sabem agora por que a Igreja Católica e a Igreja Universal, só para ficar nessas duas, são dois impérios, que exploram, além da crença, escolas, universidades, rádios, jornais, emissoras de TV, livrarias, editoras, hospitais e uma infinidade de outros tipos de comércio e indústria?
Porque não pagam um puto vintém de imposto.
Releiam o trecho bíblico ali de cima e me digam: as religiões cumprem rigorosamente o evangelho e o exemplo de Jesus Cristo?
Se as religiões mentem e enganam, ensinando uma coisa e fazendo outra, como podem exigir “fé” da nossa parte, principalmente de gente como eu, um canalha honesto?
E agora, para convocar vocês à reflexão, transcrevo o final do artigo do Hélio Schwartsmann:
“A pergunta fundamental que motivou o experimento permanece sem resposta: faz sentido isentar igrejas de todos os tributos quando eles são cobrados de setores mais essenciais à vida, como alimentação e saúde?”




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