sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

DEUS FOI SALVO PELOS HOMENS
João Eichbaum

Religião e mitologia se confundem?
O mais das vezes, sim. O cristianismo, por exemplo, é um típico exemplo de mistura de religião com mitologia. Poder-se-á dizer que há muitos mitos, sustentando o cristianismo. E razão é muito simples: é mais fácil conquistar o ser humano pela ilusão, do que pela realidade.
O mito da eucaristia é um desses sustentáculos: o pão, ou uma broa de farinha de trigo, chamada hóstia, junto com o vinho, são transformados no “corpo e no sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo”, mediante a simples pronúncia de algumas palavras do padre.
Mas, cá pra nós, não há uma análise racional, não há qualquer processo empírico que tenha força para convencer de que um milagre se opera, através das palavras de um mortal comum, igual a qualquer primata, ou até pior do que muitos da espécie.
Mas, em nome da religião, ou duma crença só compatível com a ausência absoluta de raciocínio, há pessoas que admitem e não discutem esse “milagre”.
Só que a crença, ou a “fé”, como é popularmente designado esse sentimento irracional, às vezes se anula pelo próprio absurdo, sem que o crente se dê por achado.
Um caso acontecido em Porto Alegre nesta semana serve como exemplo desse fenômeno de destruição inconsciente da “fé”.
A capela de uma instituição, conhecida como Pão dos Pobres, foi tomada pelo fogo. Tomados pela ansiedade de evitar que símbolos e estátuas fossem destruídos pelas chamas, dois religiosos enfrentaram o sinistro e um deles, entre o medo e a determinação, foi até o altar para  salvar o “santíssimo”. Assim é chamado o “corpo” de Cristo, ou o Deus Vivo, em forma de hóstia.
Ora, o normal para uma pessoa com “fé” seria acreditar e confiar que o “próprio Deus” se salvasse, fazendo cessar o fogo. Afinal, se “Deus tudo pode”, o que lhe custaria apagar o fogo?
Mas, ao invés de se deixarem levar pela “fé”, os religiosos foram levados pela realidade da vida: o fogo queima, destrói, respeita só a água, e...olhe lá!
Quer dizer, a “fé” deles perdeu a força, foi neutralizada pela realidade da vida naqueles momentos. Sem se darem conta de que estavam mandando a eucaristia para os domínios da mitologia, eles arriscaram a própria vida para salvar a vida do seu “Deus”.





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