segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

PROTESTOS

João Eichbaum

A semântica está mudando. Vocês se lembram de que não há muito atrás, as correspondências epistolares carregadas de formalismo se encerravam com a expressão “subscrevo-me com protestos da mais alta estima e consideração”?
Pois é. Agora está tudo mudando. Em primeiro lugar, já estão rareando as “correspondências epistolares”. Os “e-mails” e os “torpedos” estão tomando conta, fechando o espaço da semântica e do formalismo.
E tanta mudança, tanta desconsideração para com a semântica, só podia dar nisso que deu: os protestos que estão em moda hoje são outros e estão exatamente na contramão da “estima e da consideração”.
Quer dizer, protesto hoje só serve como instrumento da desestima e da desconsideração.
O pessoal começou em junho, protestando contra o preço das passagens, foram adicionando outros protestos, contra os políticos, contra a copa, etc.
Agora, aos poucos, estão retornando quer com nome próprio de “protesto”, quer com o nome de “rolezinho”. Os “rolezinhos” começaram em São Paulo, e Porto Alegre respondeu com “protestos” contra a Copa, que acabaram desandando em depredação.
Em São Paulo, um grupo retomou os protestos contra a Copa, debaixo de um lema: “se não houver direitos, não haverá copa” e acampou lá no espaço do MASP, na Avenida Paulista. Por enquanto, pacificamente.
Podem não dar em nada esses protestos contra a Copa. O Blatter não ta nem aí, ele tem segurança garantida, e agora ainda terá o exército, a marinha e a aeronáutica à sua disposição, para realizar a Copa, custe o que custar. Tudo saindo do nosso bolso, claro, das obras superfaturadas às balas de borracha.
Mas, bem que podem dar certo também esses protestos, se desembocarem nas urnas.
E isso acontecerá, se os mercenários do Felipão mostrarem que o futebol do Brasil já era e se os árbitros da FIFA não estiverem com o nome do país ganhador no bolso.


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