MAS, VAI
ADIANTAR?
João Eichbaum
Ainda bem que
existem bandidos, que não usam gravata,
no Maranhão. Se não fossem eles, se eles não tivessem utilizado seu direito de
“visita íntima” para estuprar as mulheres que iam visitar maridos e
companheiros, na prisão, se não tivessem sido torturados e decapitados, se não
tivessem matado mais de sessenta presos, se não tivessem incendiado um ônibus e
matado uma inocente criança, ninguém saberia dessa vergonha de domínio público,
que é o Maranhão dos Sarney.
Graças a essas
monstruosidades, o Brasil e o mundo ficaram conhecendo a história. Foi lá que
um desembargador deu o pontapé inicial na carreira política de seu filho, que
até Presidente da República já foi, e tem o poder na mão há mais de meio
século, manobrando da direita para a esquerda, com uma facilidade de tirar doce
de criança.
O glorioso patrício
José Ribamar, vulgo Sarney, está em toda a parte onde se encontra o poder.
Manda no Judiciário, barganha com o Legislativo e garante maioria para o Executivo,
esteja lá quem estiver sentado no trono, seja general ou operário sem dedo.
Funcionário público sem
concurso, levado pela mão do pai, desembargador, para o Tribunal de Justiça do
Maranhão, de lá saiu para conquistar o poder nesta potência gloriosa e corrupta
chamada Brasil. E estendeu seus tentáculos por toda a parte: da presidência da
República à Academia Brasileira de Letras, não há o que resista ao poder do
Sarney.
No Maranhão, então, onde ele, quando de corpo
presente, é digno de veneração pública, nem se fala. Lá ele e sua família são
donos de tudo, até das consciências. Enquanto alguns de seus filhos tocam os negócios
para dar aparência legal ao enriquecimento da família, outros se aproveitam da
carreira política como baluarte para tapar eventuais fracassos financeiros:
negócios e política, para os Sarney, é tudo a mesma coisa.
Mas, agora com o terror
comandando os presídios, a coisa veio a furo, revelando a incompetência da
governadora, que, por coincidência, é filha do patriarca Sarney. E no rasto
dessa incompetência veio tudo o mais: a vergonha de existir um povo miserável e
ignorante, tratado como marionete dos Sarney.
Não fossem os bandidos
sem gravata, as notícias não teriam revelado a existência dos bandidos de
gravata.
Mas, infelizmente, vai
dar em nada. Neste país do futebol, o time da Semvergonhice sempre ganha do
time da Vergonha na Cara. Tanto que o ministro da Justiça, de gravata, já esteve no
Maranhão, não tugiu nem mugiu sobre as mortes e atentados, e com cara de pau passou a bola para
a incompetente Roseana Sarney.
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