terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

QUANDO A SEGURANÇA PÚBLICA VIRA PRIVADA

João Eichbaum


Nunca tinha ouvido falar no senhor José Paulo Cairoli. Pouco antes das eleições é que fiquei sabendo que ele era candidato a vice-governador, na chapa do José Ivo Sartori. O PT teria tentado melar a dita chapa, espalhando aos quatro ventos que o Sartori estava mancomunado com o capitalismo, porque se atrelara a um empresário. No caso, o senhor Cairoli.

Então, partamos daí: o senhor Cairoli é empresário. Ponto de partida que autoriza a suposição de que ele é um sujeito bem de vida. A menos que seja um empresário “de fundo de quintal,” que seja, ao mesmo tempo, industriário e industrialista, patrão de si mesmo. Mas tudo indica que não é o caso.

O que é que o empresário veio fazer na política, eu não sei. O que sei e o que todos nós sabemos, a partir de ontem, é que ele já se enturmou com os políticos na arte de usar os bens públicos como se fossem propriedade sua. Foi ligeirinho.

Acontece o seguinte. O senhor Cairoli, acompanhado de um capitão e de um sargento, isto é de dois funcionários públicos militares pagos por nós, se deu ao luxo de usar um veículo oficial, com placas frias, para ir a uma clínica ortopédica – de certo, com dor na coluna “de tanto trabalhar”.

Deve ser um desses carrões que a bandidagem gosta, pois apareceram dois bandidos querendo levá-lo na marra, empunhando armas. Os policiais militares que, no momento, faziam a segurança do veículo – não do vice-governador, que esse se encontrava na clínica, para onde fora levado à nossa custa – reagiram. Um deles foi ferido, mas acabaram matando um assaltante, enquanto o outro fugiu.

A segurança pública vira privada quando os políticos fazem suas defecadas, escolhendo delinquentes como “homens de confiança”, por exemplo, ou se utilizando dos serviços públicos para a proteção pessoal. O povo? O povo que se rale, que se vire, que pague seguranças particulares, mas que, sobretudo, pague os impostos, para que eles, políticos, possam ter segurança.




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