QUANDO A SEGURANÇA
PÚBLICA VIRA PRIVADA
João Eichbaum
Nunca tinha ouvido
falar no senhor José Paulo Cairoli. Pouco antes das eleições é que fiquei
sabendo que ele era candidato a vice-governador, na chapa do José Ivo Sartori.
O PT teria tentado melar a dita chapa, espalhando aos quatro ventos que o
Sartori estava mancomunado com o capitalismo, porque se atrelara a um
empresário. No caso, o senhor Cairoli.
Então, partamos
daí: o senhor Cairoli é empresário. Ponto de partida que autoriza a suposição
de que ele é um sujeito bem de vida. A menos que seja um empresário “de fundo
de quintal,” que seja, ao mesmo tempo, industriário e industrialista, patrão de
si mesmo. Mas tudo indica que não é o caso.
O que é que o
empresário veio fazer na política, eu não sei. O que sei e o que todos nós
sabemos, a partir de ontem, é que ele já se enturmou com os políticos na arte de
usar os bens públicos como se fossem propriedade sua. Foi ligeirinho.
Acontece o seguinte.
O senhor Cairoli, acompanhado de um capitão e de um sargento, isto é de dois
funcionários públicos militares pagos por nós, se deu ao luxo de usar um
veículo oficial, com placas frias, para ir a uma clínica ortopédica – de certo,
com dor na coluna “de tanto trabalhar”.
Deve ser um desses
carrões que a bandidagem gosta, pois apareceram dois bandidos querendo levá-lo
na marra, empunhando armas. Os policiais militares que, no momento, faziam a
segurança do veículo – não do vice-governador, que esse se encontrava na
clínica, para onde fora levado à nossa custa – reagiram. Um deles foi ferido,
mas acabaram matando um assaltante, enquanto o outro fugiu.
A segurança pública
vira privada quando os políticos fazem suas defecadas, escolhendo delinquentes
como “homens de confiança”, por exemplo, ou se utilizando dos serviços públicos para a proteção
pessoal. O povo? O povo que se rale, que se vire, que pague seguranças
particulares, mas que, sobretudo, pague os impostos, para que eles, políticos,
possam ter segurança.
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