sexta-feira, 6 de março de 2015

ESPETÁCULO CIRCENSE
João Eichbaum

Eu não fui ao circo. Apenas liguei a televisão e pude assistir a tudo. Todos os atores de toga. A maioria não sabia de cor o texto e tinha que ler. Alguns nem ler sabem. Não sabem dar a entonação que enaltece o sentido do conteúdo. Não aprenderam a ler quando foram alfabetizados e por isso continuam sem saber ler.

Os que não sabem ler torturam a gente, porque parece que a leitura deles não sai do lugar com aquele tom monocórdico. E o pior é que eles nem se mancam e, ao invés de textos enxutos, claros, sintéticos e inteligíveis, se entregam a um catatau que não tem fim.

Os atores de que falo são os tais de ministros do Supremo Tribunal Federal a quem a maioria do povo tem como pessoas sábias, de alto coturno jurídico. Poucos são os que se dão conta de que todos eles estão lá, de toga, empertigados, cheios de si, não por serem expoentes da ciência jurídica, mas porque têm padrinhos fortes na política.

Mas, não era sobre isso que eu queria falar. O que eu queria era lembrar toda a pantomima que foi feita, durantes meses e meses, enchendo laudas e laudas de jornal e telas de tevê, com o julgamento do mensalão. Até herói teve a peça.

Viram agora no que deu? Adiantou aquela lenga-lenga toda da Justiça? Adiantou os jornais e os noticiários de tevê ocuparem espaços enormes e o assunto tomar conta do país? Deu nisso aí, ó: a montanha pariu só camundongos. Os dois que entraram na cadeia com os braços para cima e os punhos cerrados, desafiando a Justiça, o Zé Dirceu e o José Genoino estão livres, vivendo melhor do que a maioria absoluta da população brasileira. Graças à lona da lei, que está acima do palco da Justiça: qualquer semelhança com circo será mera coincidência?


Nenhum comentário: