ESPETÁCULO
CIRCENSE
João
Eichbaum
Eu não fui
ao circo. Apenas liguei a televisão e pude assistir a tudo. Todos os atores de
toga. A maioria não sabia de cor o texto e tinha que ler. Alguns nem ler sabem.
Não sabem dar a entonação que enaltece o sentido do conteúdo. Não aprenderam a
ler quando foram alfabetizados e por isso continuam sem saber ler.
Os que
não sabem ler torturam a gente, porque parece que a leitura deles não sai do
lugar com aquele tom monocórdico. E o pior é que eles nem se mancam e, ao invés
de textos enxutos, claros, sintéticos e inteligíveis, se entregam a um catatau
que não tem fim.
Os atores
de que falo são os tais de ministros do Supremo Tribunal Federal a quem a
maioria do povo tem como pessoas sábias, de alto coturno jurídico. Poucos são
os que se dão conta de que todos eles estão lá, de toga, empertigados, cheios
de si, não por serem expoentes da ciência jurídica, mas porque têm padrinhos
fortes na política.
Mas, não
era sobre isso que eu queria falar. O que eu queria era lembrar toda a
pantomima que foi feita, durantes meses e meses, enchendo laudas e laudas de
jornal e telas de tevê, com o julgamento do mensalão. Até herói teve a peça.
Viram
agora no que deu? Adiantou aquela lenga-lenga toda da Justiça? Adiantou os
jornais e os noticiários de tevê ocuparem espaços enormes e o assunto tomar
conta do país? Deu nisso aí, ó: a montanha pariu só camundongos. Os dois que
entraram na cadeia com os braços para cima e os punhos cerrados, desafiando a
Justiça, o Zé Dirceu e o José Genoino estão livres, vivendo melhor do que a
maioria absoluta da população brasileira. Graças à lona da lei, que está acima
do palco da Justiça: qualquer semelhança com circo será mera coincidência?
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