TEMPESTADE EM COPO D’ÁGUA
João Eichbaum
Quando se junta a fome à vontade de
comer, Deus nos acuda! E exatamente isso é o que vem acontecendo ultimamente. O
Ministério Público, que gosta de aparecer, para ser incensado, para pintar nas
pesquisas como organização confiável, ou até para justificar os altos salários
acrescidos de “auxílio-moradia” de seus integrantes, faz de tudo para figurar
nas manchetes.
E a grande imprensa se presta como um
cordeirinho para encher a bola daqueles bacharéis. A imprensa quer vender,
precisa vender, tem contribuições previdenciárias atrasadas, responde a
processos por dano moral na justiça comum, peleia na Justiça do Trabalho, para
não pagar os direitos sociais de ex-empregados. Por tudo isso ela tem que
vender.
A expectativa criada em torno do “listão
dos corruptos” não podia ser melhor, em matéria de “marketing”. Todo mundo de
olhos e ouvidos atentos, todos subjugados pela curiosidade parida pelo
procurador geral da República, o senhor Janot, e atiçada pela imprensa.
Aí saiu o tal de listão, enchendo a
boca de jornalistas e as páginas dos jornais. Como se fosse grande novidade.
Como se todo mundo não soubesse que o pessoal entra pobre e analfabeto na
política e de lá sai rico e doutor. Como se alguém pudesse, de sã consciência,
apontar para um político e dizer: este é o honesto!
Todo mundo sabe que a política
brasileira nunca se desgarrou da desonestidade. Mas a necessidade de vender,
que tem a imprensa, e a de aparecer, que tem o Ministério Público, veste os
últimos fatos como se de surpresa e de estupefação geral se tratasse.
Daqui a algum tempo nada mais se terá
a dizer sobre a corrupção e sobre os corruptos. O tempo e a benevolência da lei
ajeitarão tudo: absolvição por falta de provas, processos prescritos, prisões
domiciliares, indultos. E a roubalheira continuará. Mas a imprensa e o
Ministério Público manterão o prestígio, porque ninguém gosta mais de ser
enganado do que o povão.
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