ALGUÉM MERECE
CONFIANÇA?
João Eichbaum
Fim de linha. Fim do
bom senso. Estão se esvaindo os últimos fios de esperança nas instituições
brasileiras. Parece que não resta mais ninguém que seja digno da confiança dos
brasileiros.
A Ajuris – Associação
dos Juízes do Rio Grande do Sul – acaba de lançar uma nota pública que intitula
de “em defesa da democracia”. Com uma construção verbal que traduz imensa
dificuldade no domínio do vernáculo, diz a nota: A AJURIS
tem a convicção de que o impeachment, embora constitucionalmente previsto, não
se legitima pela desaprovação política da atuação e do desempenho do Governo
pelo Congresso Nacional. Trata-se de procedimento vinculado à justa causa
jurídica, nos termos do art. 85 da Constituição Federal. Sem imputação pessoal
específica e sem substrato material de crime de responsabilidade praticado pela
chefe do Poder Executivo, como na situação atual, a abertura do processo de
impedimento, em meio à intensa crise política e como estratégia de defesa do
deputado Eduardo Cunha para contornar o risco de perder o próprio mandato
parlamentar, afronta preceitos constitucionais referidos.
Era só o que se
faltava: ao invés de se preocuparem com os processos, com as necessidades da
população, que lhes vai bater às portas, ao invés de se debruçarem sobre os
fatos e oferecer uma justiça mais ágil e menos equívoca, os juízes ficam aí
trovando, como se estivessem num bar, tomando chope, falando da vida alheia.
O art. 36 da Lei
Orgânica da Magistratura proíbe aos juízes que manifestem opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem. O
processo de impeachment é atribuição de outrem,
ou seja, do Congresso Nacional, e sobre ele há pendência a ser julgada pelo
Supremo. Ora, se os juízes do Rio Grande do Sul não conhecem a própria lei a
que devem obediência, oferecerão alguma segurança nos seus julgados, quando
esses dependam do conhecimento das leis?
Pior ainda: em se
pronunciando sobre o conteúdo de um processo que não conhecem, os juízes se
desvestem da responsabilidade que deve ter um magistrado e se associam ao
estrato cultural de quem só sabe dar palpites furados.
Afinal ontem foi o dia de manifestação dos que querem a permanência da Dilma: os do bolsa-família e os magistrados do Rio Grande do Sul, beneficiários do auxílio-moradia. Tudo a ver, portanto.
Afinal ontem foi o dia de manifestação dos que querem a permanência da Dilma: os do bolsa-família e os magistrados do Rio Grande do Sul, beneficiários do auxílio-moradia. Tudo a ver, portanto.
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