DEMOCRACIA NÃO TEM
SINÔNIMOS
João Eichbaum
Democracia nunca foi
sinônimo de matemática, nem de submissão. Salvo na cabeça dos salafrários, dos
ignorantes e dos que, escarranchados numa rede, não recusam a graça divina do
bolsa -família. Democracia é o sistema de governo no qual o povo exerce o papel
de mandante.
Não é o número de votos
que conta, na democracia. Se assim fosse, a democracia seria confundida com a
matemática. Não é também o tempo cronometrado de um governo. Se assim fosse,
seria igualmente matemática.
Se um governante foi
eleito para um período de quatro anos, mas começa a botar as mãos pelos pés,
entrega a administração para ladrões, incompetentes e corruptos, deixa o povo
ardendo na chapa da inflação, sem emprego, sem saúde, sem segurança e sem
educação, evidentemente ele fazendo o contrário do que o povo quer.
Nesse caso, o povo não
pode ficar calado, com a indolência de um boi deitado, esperando quatro anos
para que se desgrudem da cadeira presidencial as nádegas monumentais do poder.
Se assim fosse, democracia seria sinônimo de submissão.
Se a democracia é
verdadeiramente o governo do povo pelo povo, esse povo não ficar entorpecido sob
os tentáculos da lei. Ele é soberano e está acima de todas as regras,
constitucionais ou não. Sendo soberano, tem o poder de mandar embora quem o
enganou e o engana, com discursos que só desconjugam verbos sem sujeito,
enrolados numa linguagem de papgaio.
O governante eleito não
é dono do Estado, nem do cargo que ocupa. Ele é simplesmente um mandatário. E,
como qualquer mandatário, pode ser destituído. Se assim não for, podem dar
qualquer outro nome ao regime de governo que se faz passar por democrático,
como acontece atualmente no Brasil. A menos que, sendo completamente idiota, o
povo se contente com o inventário do absurdo, praticado pelo Executivo, pelo
Legislativo e pelo Judiciário: um, trocando apoio por cargos, outro, aplicando
tabefes, cabeçadas, xingamentos e vinho na cara, e o último se metendo a
legislador.
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