UM TRIBUNAL NA CONTRAMÃO
João Eichbaum
Caos: a palavra já se tornou lugar comum.
Mas, tal é o torvelinho político e institucional em que se meteu o país, que é
impossível não usá-la. A chefe do Executivo abandonou a economia do país à
própria sorte e só cuida da pele dela e da pele de jararaca do Lula. O
Legislativo parece que abriu mão, de uma vez por todas, de sua competência para
legislar. Só alguns setores do Judiciário caminham a passos largos para
recuperar sua honorabilidade.
Mas, se esses setores do Judiciário estão
em alta na credibilidade pública, um deles, na contramão, tende a sofrer duro
revés nesse quesito: o Supremo Tribunal Federal. E não é de agora.
Quando as aposentadorias dos ministros
começaram a dar sinais de que o PT açambarcaria as nomeações da Corte por longo
tempo, soou uma sirene de alerta no outro lado da praça. Então o Congresso se
apressou a botar mais um remendo na Constituição: foi espichada a jurisdição
dos ministros aposentáveis para mais cinco anos.
A manobra serviu como sinal inequívoco de
que nem as instituições políticas enxergam no STF a torre de marfim (turris eburnea) incorruptível da
Justiça. Os políticos só veem homens e mulheres apadrinhados, vestindo uma saia
unissex, cujo preço, para alguns, consistiu em rastejar por gabinetes e
ministérios, mostrando a mola da espinha.
O partido que hoje se serve das tetas da
pátria mamada e idolatrada, o PT, parido na mesma placenta das demais
instituições políticas, não poderia pensar diferente. Para ele, o STF não passa
de mais um instrumento, a serviço de sua ganância pelo poder.
E é alimentado por essa ideia infame, que
esse partido, sempre metido no avesso das coisas, quer acoitar o Lula no nicho
de um ministério qualquer, onde ele possa, mesmo com o rabo de fora, ficar a
salvo das manoplas da Justiça de primeiro grau, cujos juízes não têm padrinhos,
nem devem favores.
A toga de ministro do Supremo Tribunal
Federal, que desata incandescentes paixões em milhares de doutores neste país, só
ganhará respeito e confiança, no dia em que seus pretendentes deixarem de
recebê-la como galardão leiloado nos infectos porões da politicagem.
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