terça-feira, 15 de março de 2016

UM TRIBUNAL NA CONTRAMÃO

João Eichbaum

Caos: a palavra já se tornou lugar comum. Mas, tal é o torvelinho político e institucional em que se meteu o país, que é impossível não usá-la. A chefe do Executivo abandonou a economia do país à própria sorte e só cuida da pele dela e da pele de jararaca do Lula. O Legislativo parece que abriu mão, de uma vez por todas, de sua competência para legislar. Só alguns setores do Judiciário caminham a passos largos para recuperar sua honorabilidade.

Mas, se esses setores do Judiciário estão em alta na credibilidade pública, um deles, na contramão, tende a sofrer duro revés nesse quesito: o Supremo Tribunal Federal. E não é de agora.

 Quando as aposentadorias dos ministros começaram a dar sinais de que o PT açambarcaria as nomeações da Corte por longo tempo, soou uma sirene de alerta no outro lado da praça. Então o Congresso se apressou a botar mais um remendo na Constituição: foi espichada a jurisdição dos ministros aposentáveis para mais cinco anos.

A manobra serviu como sinal inequívoco de que nem as instituições políticas enxergam no STF a torre de marfim (turris eburnea) incorruptível da Justiça. Os políticos só veem homens e mulheres apadrinhados, vestindo uma saia unissex, cujo preço, para alguns, consistiu em rastejar por gabinetes e ministérios, mostrando a mola da espinha.



O partido que hoje se serve das tetas da pátria mamada e idolatrada, o PT, parido na mesma placenta das demais instituições políticas, não poderia pensar diferente. Para ele, o STF não passa de mais um instrumento, a serviço de sua ganância pelo poder.

E é alimentado por essa ideia infame, que esse partido, sempre metido no avesso das coisas, quer acoitar o Lula no nicho de um ministério qualquer, onde ele possa, mesmo com o rabo de fora, ficar a salvo das manoplas da Justiça de primeiro grau, cujos juízes não têm padrinhos, nem devem favores.

A toga de ministro do Supremo Tribunal Federal, que desata incandescentes paixões em milhares de doutores neste país, só ganhará respeito e confiança, no dia em que seus pretendentes deixarem de recebê-la como galardão leiloado nos infectos porões da politicagem.



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