quinta-feira, 12 de junho de 2008

COLUNA DO MÁRIO SIMON

BREVE CURRÍCULO DE MÁRIO SIMON


NOME COMPLETO - Crenolbe Mário Basso Simon
NATURALIDADE - Carazinho-RS
FILIAÇÃO - João Alfredo Simon e Amélia Isidora Basso Simon
DATA DE NASCIMENTO - 30 de abril de 1939
Casado com Jandira Maria Lucca Simon, tem três filhos: Mário César, Rita Simone e Glauber Marcelo.



- Mário Simon é natural de Carazinho RS, mas escolheu Santo Ângelo para morar desde 1956. Cidadão Santo-angelense desde 1993, título que lhe foi concedido pelo vasto trabalho nas mais diversas áreas da cultura. Mestre em Literatura Brasileira, é professor da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI, onde é titular dessa cadeira.

- Foi fundador e primeiro presidente da Academia Santo-angelense de Letras onde ocupa a Cadeira número 4 que tem como patrono o árcade brasileiro Basílio da Gama.

- Dedica-se à produção ficcional e pesquisa histórica das Missões Jesuíticas no Rio Grande do Sul.

- Tem publicados oito livros:

. BREVE NOTÍCIA DO SETE POVOS - 1984 - três edições.
. OS SETE POVOS - TRÁGICA EXPERIÊNCIA - 1984 - três edições
. LINDEIRO - ficção missioneira em contos - 1988
. O CAMINHO DA PEDRA - romance histórico – 1988
- PASSIONÁRIO – Contos e Crônicas Reunidos - 1998
- INVENTA(RIO) DE MOTIVOS – Crônicas literárias – 2003
- AS MISSÕES DO SETE POVOS – História – 2004- duas edições
- CONTOS MISSIONEIROS – Ficção - 2004


- Mário Simon está presente em Antologias espalhadas pelo Brasil. Em 2004 foi Destaque Cultural no Estado do RS pela criação e edição da Revista TALENTO, pela criação e realização do Acampamento da Poesia de Entre-Ijuís (RS) (já na 6ª edição), e por toda a sua vasta obra cultural.


A MESTRA DE CERIMONIAL SEM CERIMÔNIA
Crônica de Mário Simon

Não é sempre que a sorte te acompanha. Por isso, não é sempre que tu vais a um Encontro de Estudos, evento de caráter nacional, e encontra uma Mestra de Cerimonial pra lá de animadíssima, capaz de roubar todas as atenções. E como esse tipo de Encontro costuma acontecer com a presença de uma dúzia de palestrantes, todos movidos pelo beneplácito de diárias, jantares, hotéis e passeios extras, isto é, com o dinheiro público, essa Mestra de Cerimonial superou-se, já que, na cabeça dela, certamente estava comandando uma reunião do G8, ou o grupo dos mais sábios e mais respeitados cientistas de seu tempo, do qual seu ardor fazia parte indispensável.
Qual era o assunto desse Encontro de Estudos? Não há como precisar, pois que, no correr da primeira parte, que teve a duração de 90 minutos, a nossa prestimosa Mestra de Cerimonial desceu do palco, subiu ao palco, atravessou a frente do palco, saiu da sala, entrou na sala tantas vezes que acabei por iniciar a contagem de sua perturbadora movimentação já com atraso e, mesmo assim, somei 19 vezes. Como que eu poderia saber exatamente o que falavam os palestrantes se perdia meu tempo com o vaivém dessa volátil criatura? Em vez de anotar o que diziam, e diziam o que não interessava muito, acabei por anotar o que a obsequiosa Mestra de Cerimonial fazia nesse constante ir e vir. Vejam!
Depois de abandonar seu parlatório, que é aquele púlpito com microfone para os mestres-de-cerimônia, veio sentar-se na primeira fila de poltronas, muito próximo de onde eu estava, e talvez por isso me incomodou tanto. Instantes depois de acomodada, já iniciava o mexe-mexe. Tomou sua bolsa e umas pastas que trazia no colo, levantou-se e foi ocupar outra poltrona da mesma fila, quase no corredor central do salão. Lá se sentou por minutos, ergueu-se, depositou a bolsa e as pastas no banco e retornou para o local anterior, bem na minha frente. Até aí, tudo bem, entendi que sua bolsa e pastas apreciariam melhor a palestra, lá ao lado, sentadas sozinhas!
Mas, incontinênti, ergueu-se outra vez, subiu ao palco dirigindo-se ao parlatório, pegou o microfone, desligou-o, batendo antes com o dedo indicador no aparelho para ouvir se estava mesmo ligado. E como estava ligado e fez toc toc toc muito alto, sorria, como sorria para público!
Na primeira fila outra vez sentada, não esquentou a poltrona. Sem detença, lépida dirigiu-se para o meio da sala, no centro do corredor em frente ao palco e pisoteou, não pude ver, alguma coisa, não sei se mosca, barata, aranha, besouro. E sorria, como sorria!
De retorno ao seu lugar, mal deu com o traseiro no assento, pipocou outra vez em direção à sua bolsa de onde retirou uma máquina fotográfica, sorrindo muito, ah, seu sorriso! Com a câmera em punho, meteu-se a fotografar os amigos na primeira fila. Terminada a tarefa, pediu a alguém dali que a fotografasse sentada junto aos amigos, tudo sempre sorrindo, ai, que sorriso! E a palestra andando, e ela fotografando, agora, o público.
Outra vez refestelada no banco, saltou em seguida para subir ao palco, atravessar na frente da mesa dos palestrantes, erguer as garrafas de água mineral à altura dos olhos, examinar a quantidade de conteúdo de cada uma, dar-se por satisfeita e retornar, sorrindo demais. Mas mal baixara os poucos degraus do palco, voltou outra vez para o esplendor das luzes, desta vez por trás da mesa, para dirigir-se ao pé do ouvido do palestrante, ciciar algo, e retornar triunfante no seu sorriso enorme. Aliás, esta procedimento ela repetiu quatro vezes nos 90 minutos da sessão.
No entanto, a mais insólita de suas subidas ao palco foi quando a mestra-toda-sorriso atravessou a frente dos que palestravam unicamente para endireitar um cartel de papelão que continha o nome da pessoa que falava. Aí eu tive que sorrir! E tive que rir, à socapa, quando ela ergueu-se de sua poltrona exclusivamente e, de certa forma, acintosamente, para ajeitar as calças, repuxando-a para a cintura, ou sei lá para onde. E quando ela deixava o banco para, simplesmente, recostar-se na parede ao lado e ficar olhando a platéia, sorrindo, sorrindo longo e sério, segurava-me para não me erguer e postar-me ao seu lado para perguntar seu nome, endereço, telefone. Amei a criatura, amei aquele sorriso afetado, que me fez perder uma manhã inteira. Mas fiquei encucado com o que ela ia fazer lá fora, quatro vezes em 90 minutos? Sofreria de incontinência urinária?

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