segunda-feira, 23 de junho de 2008

PORQUE NÃO ACREDITO NA JUSTIÇA

A DESEMBERGADORA E SEUS CINCO MARIDOS

João Eichbaum

Em matéria de página inteira o jornal Zero Hora, de domingo, dia 22 último, se ocupa de uma desembargadora a quem chama de “pioneira”, por ter sido a primeira mulher a ingressar nos quadros da magistratura do Rio Grande do Sul.
Pois a desembargadora, na matéria ornada de fotografias, alardeou aos quatro ventos, para quem quisesse saber, que teve – certamente até agora – cinco maridos, quatro dos quais levaram pé na bunda.
Acontece que essa desembargadora, enquanto teve o poder nas mãos, para decidir sobre a vida das pessoas, estava lotada na oitava câmara cível do Tribunal de Justiça, especializada em Direito de Família. Portanto, a desembargadora, mulher de cinco maridos (sucessivos, supõe-se) era uma das autoridades a quem incumbia dizer o direito nas questões de família que lhe eram submetidas.
“Oh tempora, oh mores”! A magistrada decidia exatamente (aqui não cabe o advérbio “justamente”, por razões óbvias) sobre aquele núcleo de toda a sociedade, que é a família, conforme está escrito no art. 226 da Constituição Federal.
Não conheço qualquer decisão dessa magistrada, não sei o que ela pensa sobre a família. A pergunta que faço é a seguinte: que conceito de “família” ou de “entidade familiar” pode ter uma pessoa que troca de marido ou de mulher com mais freqüência do que a pilha do seu celular? Será que, para a desembargadora, constituir família e “acasalar-se” é a mesma coisa? Mas, além disso, ao lado dessa conduta nada trivial, a desembargadora se jacta de ser “feminista de carteirinha”, de participar de “paradas gays”, contando que “veste uma echarpe colorida e, do alto do caminhão, grita palavras de ordem”.
Aqui, mais uma vez se prova que a justiça não é um ente etéreo, incorpóreo, desatrelado da humanidade e acima dela. Debaixo da toga está o primata humano, aquele ser cheio de defeitos, que teve a sorte de conseguir, com cruzinhas, abocanhar uma fatia de poder para decidir sobre a vida dos outros.
A toga não dignifica as pessoas, mas há pessoas que podem dignificar a toga.

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