quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
João Eichbaum
Dividiram a vida em anos. Por questões científicas, a partir de estudos do sistema solar – se não estou enganado.
A partir daí, tenho que me submeter ao que todo mundo pensa, por exemplo: termina o ano de 2.009 e começa o ano de 2.010
Só que tem um detalhe com o qual eu não concordo: o ritual. Na chamada “virada” do ano, as pessoas adotam ritos. A roupa deve ser branca e nova, por exemplo. Ou calcinha e cueca amarela. Para dar sorte. Para que o Novo Ano seja melhor, proporcione maior felicidade.
Superstições, minha gente. Invenções inúteis, ritos de primatas, regressão dos primatas à era em que eles nem sabiam que eram inteligentes.
Hoje, é tudo muito diferente. A tecnologia elevou os primatas humanos a um nível superior. Com olhos fixos na tecnologia, podemos, nós, primatas, abrir mão dessas superstições, desses ritos, porque teremos certeza de que nada muda em nossa vida, com a “virada” de ano. Tudo vai continuar na mesma, com ou sem cueca amarela, com ou sem roupa nova branca.
Nesse nosso mundo de primatas, há sempre alguém que se destaca pela esperteza. E eles inventam Natal, dia das Mães, dia dos Namorados, etc, etc.
Esqueçam essas festividades e olhem para as estradas, onde há mortos e feridos, olhem para os países de ideologia muçulmana, que não têm a mínima consideração para quem não reza pelo Alcorão, olhem para a luta entre polícia e bandidos, olhem para os políticos, cuja única preocupação é o próprio bem estar e a ganância de enriquecer em quatro anos. Olhem para o Papa, vestido de escarlate e carmim e, ao mesmo tempo, olhem para as pessoas que dormem debaixo das marquises, que moram debajxo das pontes, que pedem sobra de comida, enquanto o Filho do Brasil, conhecido como Lula, sobe na vida e no conceito innternacional, só trovando e falando “merda”.
Diante de tudo isso, é possível acreditar que o mundo é regido, e administrado com justiça, por um “Deus” que o criou? È possível acreditar que os “seres humanos” são entes dignos, inteligentes, feitos à imagem e semelhança de um “deus”?
Pensem comigo: não passamos de macacos que buscam a satisfação pessoal (aquela gata, aquele gato, aquele emprego, aquela “vidinha boa, aquele salário”, a sena acumulada, e o resto que se foda...)
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
VARIAÇÕES EM TORNO DE TEMA FIADASPUTAS
João Eichbaum
Uma notícia de fim de exercício, para fecharmos nossa contabilidade, ou seja, para constatar o que pagamos para esses pilantras que o povinho elege como deputados.
A notícia, publicada na ZH de segunda-feira última, é a seguinte.
“Pouco mais de oito meses depois do escândalo conhecido como a “farra das passagens”, documentos sigilosos revelam que recursos públicos bancaram despesas de viagem de deputados e acompanhantes a pontos turísticos em finais de semana, feriados e períodos em que o Congresso esteve vazio”
Sim, senhores. Passeios com acompanhantes, às nossas custas.
Trata-se de setenta mil notas fiscais apresentadas pelos congressistas, a fim de obterem “ressarcimento” das suas farras. Com acompanhantes, é bom que se repita. As notas fiscais são provenientes de “resorts, hotéis-fazenda, pousadas à beira-mar e restaurantes sofisticados”.
Por exemplo, o deputado Enio Bacci, gaúcho (ah, os gaúchos são os mais honrados, os mais honestos, os mais bravos, os melhores em tudo, “servem de exemplo a toda a terra”). Pois o deputado Enio Bacci passou o fim de semana do feriado de 12 de outubro na pousada Vila do Farol, à beira-mar, em Bombinhas. Duas diárias dele nos custaram R$ 830,00.
E sabem como justificou isso, descaradamente, o deputado?
Assim, ó:
“Se eu recebesse dinheiro de corrupção, não precisaria de diária para hotel”.
Então, minha gente, não temos escolha: quem não é corrupto, é sem-vergonha, não tenho o mínimo de moral (e nem de inteligência). Se não quisermos que o deputado Enio Bacci se torne corrupto, teremos que continuar pagando suas diárias em pousadas à beira-mar, na companhia de quem lhe aprouver.
Não é pelo valor que nos indignamos. É pela canalhice.
Agora vocês sabem porque, no próximo exercício do Imposto de Renda, terão que quebrar a cabeça para se livrar do Leão, mas não vão conseguir: sem o nosso dinheiro, os políticos não são felizes. E são eles que fazem as leis que, na hora da declaração de renda, temos que respeitar.
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
CRÕNICAS POLÍTICAS
Paulo Wainberg
Osmar, como todos sabem, é meu correspondente que não responde e não corresponde. Tem mais ou menos sessenta anos, solteirão convicto – não é gay - bebedor de cerveja e, ultimamente, deu de comer apenas peito de frango, salada verde e linquiça colonial no Barranco, alegando que picanha incha.
Mas, vamos à carta.
Querido Osmar, seja lá você quem for. Reparou que o médico paulista, especialista em fertilização, está preso por ter assediado sexualmente suas pacientes ( quantas concordaram, hein?), mas ninguém fala nas centenas, ou milhares, de casais que tiveram filhos graças a ele, sem assédio ou sacanagem?
Reparou, querido Osmar, que todas as notícias sobre o cidadão, publicadas na imprensa em geral e no Jornal Nacional em particular, são escabrosas?, mulheres testemunhando contra ele, maridos vociferando contra ele e a nossa imprensa, tão assim imparcial, totalmente despreocupada em entrevistar uma única família feliz, graças ao trabalho do prisioneiro?
Enquanto isto, Osmar, o Dantas Banqueiro teve todos os processos contra ele suspensos, graças ao juridicamente correto entendimento de nossa suprema corte, segundo o qual enquanto não se processar, julgar e, possivelmente condenar, o Juiz que condenou o Dantas, nada pode ser feito? E, Osmar, até que isso seja feito, todos os crimes dos quais o Dantas Banqueiro são acusados – inocente ou culpado – prescreverão na forma da lei?
Qual a sua opinião a respeito do nosso querido governador do Distrito Federal, que já havia sido cassado no Senado (ops! Perdão pela palavrão), em conjunto com o ACM (ops! Perdão pelas iniciais), no escândalo da quebra do sigilo – Você lembra, Osmar? – Já se vão anos – e o ACM voltou ao senado, aclamado pelo seu eleitorado corrupto, o Arruda assumiu o Governo do Distrito Federal, aclamado pelo seu eleitorado corrupto, que recebeu dinheiro vivo do seu assessor, que distribuiu uma grana literalmente federal aos deputados distritais, que recebeu outra grana federal das suas empresas apoiadoras e. querido Osmar, nenhum deles está preso?
E o nosso Poeta? O ínclito Sarney? Por que o Jornal Nacional não fala mais nele? E o Renan? Ninguém mais fala no Renan?
Estão todos soltos, iluminados, ricos, plenos de influência, sem que se saiba nenhum, nenhum único ato de bondade que tenha beneficiado nosso povo – esse povo imbecil do qual fazes parte, Osmar, enquanto o médico aquele, tarado, vá lá que seja, mas com excelentes serviços prestados a milhares de casais, está na cadeia!
Você, Osmar, é um idiota, um imbecil. Perdi anos da minha vida escrevendo a você e nunca tive uma resposta, nunca tive sequer a confirmação de que você tenha recebido minhas cartas, você, estúpido, faz parte dos que, em troca de uma camiseta, de um albergue, de uma diretoria de catador de papel no Congresso, você, Osmar, é quem elege essa turba, essa canalha, em nome da Democracia!
Certa vez Rui Barbosa, num período histórico em que predominavam as oligarquias, as ditaduras, os reinos espúrios, num período em que o conceito de “democracia” era ainda apenas um conceito, com pouquíssima aplicação prática, largou uma frase de efeito, tumular, lapidar e perpétua: “A PIOR DEMOCRACIA É MELHOR DO QUE A PIOR DITADURA”.
Tinha toda razão a Águia de Haia. Tem razão até hoje!
Porém, Osmar, você que se vende por uma cesta básica, por um poço artesiano na sua vila, por dois mil réis pra comprar chuchu, ainda não entendeu que a comparação ruibarbosiana é anacrônica, que hoje não se trata de comparar Democracia e Ditadura, que hoje se trata de comparar Democracia com Democracia, e que a frase correta, nos dias atuais, para quem não se vende, para quem acredita na liberdade e no Direito, para quem não sustenta, ao custo de impostos, falanges de funcionários inúteis, assessores inexistentes, cargos em comissão falaciosos e cargos de confiança inconfiáveis é : A PIOR DEMOCRACIA É PIOR DO QUE QUALQUER DITADURA E DO QUE QUALQUER BOA DEMOCRACIA.
É por esta razão, Osmar, que esta é a última vez que escrevo para você. Seu silêncio arrogante já me irritou e sua conivência silenciosa, corruptamente eleitoral é suficiente para que a amizade que sempre lhe dediquei, se extinga.
Você só tem uma possibilidade, comigo. Não precisa nem me escrever, responder ou corresponder. Com isto estou acostumado.
Porém, o ano que vem você vai votar. Se você votar em alguém para, argh, senador, me esqueça. Temos que extinguir, extirpar, estripar essa voraz instituição que de nada serve e que nos custa, dos trinta bilhões de arrecadação anual, sei lá quantos bilhões vão para os bolsos senatoriais.
Para Presidente, fique à vontade, vote em quem quiser e achar melhor. De certa forma você, Osmar, e seus cupinchas, costumam acertar.
Agora, para deputado federal, abra o olho. Peça folha corrida criminal e cível, na Justiça Comum, Federal e do Trabalho. Na caia no papo.
Bom, é quase Ano Novo, quase tudo, pela frente. Se você se comprometer comigo – e cumprir a promessa – de não votar para senador, posso reconsiderar minha decisão e, em 2010, de vez em quando, escrever alguma coisa para você.
E nem estou preocupado. Seja você quem for, que seja dos bons.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS
João Eichbaum
Sabem a última dos franceses? Pois é. O Le Monde, o jornal francês mais conhecido mundialmente, elegeu o Filho do Brasil, popularmente conhecido como Lula, como o “homem do ano”.
Primeira conclusão: a França anda mal de “homens”. Bom, se o primeiro ministro se esforça para ser corno, o que se pode esperar dos machos franceses?
É que, como vocês sabem, o primeiro ministro da França, o tal de Sarkozy, importou uma bela gatinha italiana e se casou com ela, circunstância que revela sua acentuada tendência para ser corno, a partir da consideração de que ele não passa de um coroa feio, sem charme, sem graça nenhuma.
Segunda conclusão: nem mulher gostosa existe na França. Se existisse o coroa não iria importar uma italiana.
Foi por isso que o Filho do Brasil foi escolhido como o “homem do ano”. Na falta de personalidades francesas dignas de tal escolha, a taça ficou com o Lula.
Charles De Gaulle dizia que o Brasil não é um país sério. Pois eu acho que o povo francês é menos sério ainda. Um povo que teve como líder um louco chamado Napoleão Bonaparte, um povo que decapitou sua família real, por pura maldade, não é um povo que mereça respeito e consideração.
As greves e as arruaças constantes, os desmandos que ocorrem na França não fornecem a melhor imagem de um povo.
Foi por isso que o Filho do Brasil foi escolhido lá como o “homem do ano”: o currículo do povo francês autoriza plenamente tal escolha.
Prefiro que assim seja, realmente. Me recuso a acreditar que esse gesto de puxassaco seja um modo de reconhecimento pela negociata dos aviões, encetada pelo Jobim, que credenciaria o Brasil, através de seus representantes, a merecer o título de “bobo do ano”.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
NÓS, PRIMATAS
João Eichbaum
Felizmente, parece que chegaram ao fim os “cartões de Boas Festas”.
Confesso que, nos últimos tempos, eram uma verdadeira tortura para mim. Recebia-os, coçava a cabeça, pensava “que saco”, terei de, pelo menos, agradecer. Mas havia o maior dos inconvenientes: levar o “muito obrigado, igualmente” ao Correio.
Hoje é mais fácil. O “obrigado, igualmente” vai na mesma hora, basta clicar em “responder ao remetente”. Um alívio essa invenção de e-mail.
Tempos houve em que também enviei cartões de Natal. Tempos houve em que acreditei no Papai Noel, no menino Jesus, e uma das mais belas coisas pela qual eu ansiava todos os anos era a Missa do Galo. A catedral da minha cidade apinhada de povo, o coral cantando “Noite Feliz”, num arranjo emocionante em que havia o contracanto do “Gloria in Excelsis”. E eu, me derretendo em lágrimas.
Mas houve Natais também em que passei fome, perambulei pelas ruas, sentindo inveja das crianças que exibiam seus presentes, odiando o cheiro de comida que vinha das casas, praguejando internamente contra a alegria de lares festivos e iluminados.
Tive Natais de todos os tipos: de alegria, de saudade, de dor, como qualquer pessoa, em todos os dias da vida.
Hoje, para mim, Natal é sinônimo de correria, de muita gente nas lojas, nos “shoppings”, de ruas atravancadas de automóveis, de aeroportos lotados, de gente viajando para a praia de ônibus, em carros de luxo, em cacos de automóvel, ou automóveis transformados em veículos de carga, levando colchões, bicicletas, sogra, cachorro, papagaio, gato, e as crianças brigando, apertadas entre acolchoados e travesseiros. E o maior dos sacos: ter de comprar presentes para alguém.
Com essa visão atual que tenho do Natal, não encontro sentido algum na expressão “Feliz Natal”. Acho que, afora as crianças que recebem presentes, ninguém mais tem condições de se sentir plenamente feliz no Natal.
Então, o que desejo para vocês é a felicidade em todos os dias. Até no dia de Natal, depois da correria, das filas, e dos engarrafamentos.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
NÓS, PRIMATAS
João Eichbaum
Pouco antes de nos tornarmos gente, antes de entendermos plenamente as coisas que nos cercam, nos incutiram a idéia de que Papai Noel existe, e que 25 de dezembro é o dia em que nasceu Jesus Cristo, que se diz o Filho de Deus. E nos acostumamos à idéia de que no dia desse aniversário, conhecido como Natal, ganhamos presentes, trazidos pelo dito Papai Noel.
A crença em Papai Noel não dura muito, mas pouquíssimos se livram da crença de que o menino Jesus nasceu no dia 25 de dezembro numa manjedoura, teve a visita de três reis e foi anunciado por anjos que se fizeram acompanhar de uma estrela.
As ilusões comandam as crenças dos primatas humanos. A ilusão trazida pelo Papai Noel eram os presentes. A de Jesus Cristo continua sendo a da imortalidade, a bemaventurança no céu, já que com a cessação definitiva da vida muito poucos se conformam.
O Filho do Brasil, chamado Lula, é outra ilusão. Para os nordestinos, principalmente. É o grau do seu crédito em Pernambuco (85%) que eleva a média do mesmo em todo o Brasil (72%). A ilusão dos nordestinos e de todos os demais que estão na merda tem um nome: bolsa-família.
Para os brasileiros que conseguem ter emprego nada mudou para melhor desde que o Filho do Brasil assumiu o governo. Continuamos sem saúde, sem educação e sem segurança. Os aposentados estão atrás dos salário mínimo. Mas ele é tido como o “salvador da pátria”, com altos índices de aprovação e popularidade.
Nada explica esse fenômeno, salvo o “bolsa-família”, donde se conclui que a maioria é dele beneficiária. Ah, sim, e tem o mensalão, que faz milagres.
E sabem quem patrocina a aprovação e a popularidade do Filho do Brasil? Nós, naturalmente. Nós, que pagamos impostos, porque ele usa o nosso dinheiro como lhe convém, na companhia do Sarney, do Collor e do Renan Calheiros, gente do norte e nordeste, como ele.
Precisa dizer mais?
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
CRÔNICAS REGIONAIS
Paulo Wainberg
Está chegando o verão e com ele o veraneio, como chamamos aqui no Sul.
Não sei se vocês, de outros Estados, sabem, mas temos o mais fantástico litoral do País: de Torres ao Chuí, uma linha reta, sem enseadas, baias, morros, re-entrâncias ou recortes. Nada! Apenas uma linha reta, areia de um lado, o mar do outro.
Torres, aliás, é um equívoco geográfico, contrário às nossas raízes farroupilhas e devia estar em Santa Catarina.
Característica nossa, não gostamos de intermediários.
Nosso veraneio consiste em pisar na areia, entrar no mar, sair do mar e pisar na areia. Nada de vistas deslumbrantes, vegetações verdejantes, montanhas e falésias, prainhas paradisíacas e outras frescuras cultivadas aí para cima.
O mar gaúcho não é verde, não é azul, não é turquesa.
É marrom!
Cor de barro iodado, é excelente para a saúde e para a pele! E nossas ondas são constantes, nem pequenas nem gigantes, não servem para pegar jacaré ou furar onda, coisas de veado. O solo do nosso mar é escorregadio, irregular, rico em buracos. Quem entra nele tem que se garantir.
Não vou falar em inconvenientes como as estradas engarrafadas, balneários hiper-lotados, supermercados abarrotados, falta de produtos, buzinaços de manhã de tarde e de noite, areia fervendo, crianças berrando, ruas esburacadas, tempestades e pele ardendo, porque protetor solar é coisa de fresco e em praia de gaúcho não tem sombra. Nem nos dias de chuva, quase sempre nos fins-de-semana, provocando o alegre, intermitente, reincidente e recorrente coaxar dos sapos e assustadoras revoadas de mariposas.
Dois ventos predominam, em nosso veraneio: o nordeste – também chamado de nordestão – e o sul, cuja origem é a Antártida.
O nordestão é vento com grife e estilo... estilo vendaval.
Chega levantando areia fina que bate em nosso corpo como milhões de mosquitos a nos pinicar. Quem entra no mar, ao sair rapidamente se transforma no – como chamamos com bom-humor – veranista à milanesa. A propósito, provoca um fenômeno único no universo, fazendo com que o oceano se coloque em posição diagonal à areia: você entra na água bem aqui e quando sai, está a quase um quilômetro para sul. Essa distância é variável, relativa ao tempo que você permanecer dentro da água.
Outra coisa: nosso mar é pra macho! Água gelada, vai congelando seus pés e termina nos cabelos. Se você prefere sofrer tudo de uma vez, mergulhe e erga-se, sabendo que nos próximos quinze minutos sua respiração voltará ao normal: é o tempo que leva para recuperar-se do choque térmico.
Noventa por cento do nosso veraneio é agraciado pelo nordestão que, entre outras coisas, promove uma atividade esportiva praiana, inusitada e exclusiva do Sul: Caça ao guardassol. Guardassol, você sabe, é o antigo guarda-sol, espécie de guarda-chuva de lona, colorida de amarelo, verde, vermelho, cores de verão, enfim, cujo cabo tem uma ponta que você enterra na areia e depois senta embaixo, em pequenas cadeiras de alumínio que não agüentam seu peso e se enterram na areia.
Chega o nordestão e... lá se vai o guardassol, voando alegremente pela orla e você correndo atrás. Ganha quem consegue pegá-lo antes de ele se cravar na perna de alguém ou desmanchar o castelo de areia que, há três horas, você está construindo com seu filho de cinco anos.
O vento sul, por sua vez, é menos espalhafatoso. Se você for para a praia de sobretudo, cachecol e meias de lã, mal perceberá que ele está soprando. É o vento ideal para se comprar milho verde e deixar a água fervente escorrer em suas mãos, para aquecê-las.
Raramente, mas acontece, somos brindados com o vento leste, aquele que vem diretamente do mar para a terra. Aqui no Sul, chamamos o vento leste de ‘vento cultural’, porque quando ele sopra, apreendemos cientificamente como se sentem os camarões cozinhados ao bafo.
E, em todos os veraneios, acontece aquele dia perfeito: nenhum vento, mar tranquilo e transparente, o comentário geral é: “foi um dia de Santa Catarina, de Maceió, de Salvador” e outras bichices. Esse dia perfeito quase sempre acontece no meio da semana, quando quase ninguém está lá para aproveitar. Mas fala-se dele pelo resto do veraneio, pelo resto do ano, até o próximo verão.
Morram de inveja, esta é outra das coisas de gaúcho!
Atenta a essas questões, nossa industria da construção civil, conhecida mundialmente por suas soluções criativas e inéditas, inventou um sistema maravilhoso que nos permite veranear no litoral a uma distância não inferior a quinhentos metros da areia e, na maioria dos casos, jamais ver o mar: os famosos condomínios fechados.
A coisa funciona assim: a construtora adquire uma imensa área de terra (areia), em geral a preço barato porque fica longe do mar, cerca tudo com um muro e, mal começa a primavera, gasta milhares de reais em anúncios na mídia, comunicando que, finalmente agora você tem ao seu dispor o melhor estilo de veranear na praia: longe dela. Oferece terrenos de ponta a ponta, quanto mais longe da praia, mais caro é o terreno. Você vai lá e compra um.
Enquanto isso a construtora urbaniza o lugar: faz ruas, obras de saneamento, hidráulica, elétrica, salão de festas comunitário, piscina comunitária com águas térmicas, jardins e até lagos e lagoas artificiais onde coloca peixes para você pescar. Sem falar no ginásio de esportes, quadras de tênis, futebol, futebol-sete, se o lago for grande, uma lancha e um professor para você esquiar na água e todos os demais confortos de um condomínio fechado de Porto Alegre, além de um sistema de segurança quase, repito, quase invulnerável.
Feliz proprietário de um terreno, você agora tem que construir sua casa, obedecendo é claro ao plano-diretor do condomínio que abrange desde a altura do imóvel até o seu estilo.
O que fazemos nós, gaúchos, diante dessa fabulosa novidade? Aderimos, é claro. Construímos as nossas casas que, de modo algum, podem ser inferiores as dos vizinhos, colocamos piscinas térmicas nos nossos terrenos para não precisar usar a comunitária, mobiliamos e equipamos a casa com o que tem de melhor, sobretudo na questão da tecnologia: internet, TV à cabo, plasma ou LSD, linhas telefônicas, enfim, veraneamos no litoral como se não tivéssemos saído da nossa casa na cidade.
Nossos veraneios costumam começar aí pela metade de janeiro e terminar aí pela metade de fevereiro, depende de quando cai o Carnaval. Somos um povo trabalhador, não costumamos ficar parados nas nossas praias. Vamos para lá nas sextas-feiras de tarde e voltamos de lá nos domingos à noite. Quase todos na mesma hora, ida e volta.
É assim que, na sexta-feira, pelas quatro ou cinco da tarde, entramos no engarrafamento. Chegamos ao nosso condomínio lá pelas nove ou dez da noite. Usufruímos nosso novo estilo de veranear no sábado – manhã, tarde e noite – e no domingo, quando fechamos a casa.
Adoramos o trabalhão que dá para abrir, arrumar e prover a casa na sexta de noite, e o mesmo trabalhão que dá no domingo de noite.
E nem vou contar quando, ao chegarmos, a geladeira estragou, o sistema elétrico pifou ou a empregada contratada para o fim-de-semana não veio.
Temos, aqui no Sul, uma expressão regional que vou revelar ao resto do mundo: Graças a Deus que terminou esta bosta de veraneio!
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
NÓS, PRIMATAS
João Eichbaum
Muitos dirão que sou pessimista. Não. Sou realista. Não me iludo com qualquer idéia, com qualquer iniciativa, com qualquer promoção realizada pelos macacos homens.
Dias desses, quando iniciou a tal de conferência de Copenhague (sobre o quê, mesmo, sobre o meio ambiente, sobre o clima ou sobre ambas as coisas?) já previa o fracasso.
Quando tomei conhecimento de que trinta e quatro mil pessoas se haviam inscrito para a dita reunião, vi que não ia dar em nada.
Já pensaram? Trinta e quatro mil macacos homens, deliberando sobre clima, meio, ambiente, etc?
Se duas pessoas, por exemplo, marido e mulher, poucas vezes se entendem e se pronunciam com uma só voz sobre o mesmo assunto, o que se poderia esperar de tantos macacos juntos?
Só o Lula e a Dilma Roussef, que não entendem nada de clima, nem de meio ambiente (como eu também não entendo) e mais os setecentos e noventa e oito brasileiros que os acompanhavam poderiam se iludir com a conferência.
Como deu em nada o conclave, Lula, o Filho Único do Brasil, ficou brabo, fez um discurso daqueles que era acostumado a fazer como sindicalista, xingando a tudo e a todos. Posando de herói, claro, para aparecer, como sempre. Acho que ele ficou mais brabo ainda, porque não pode tirar o mundo da merda, nem se aproveitar da promoção oferecida pelas prostitutas de Copenhague, com sexo de graça.
Enfim, com a culpa atribuída tanto aos países pobres, como aos países ricos, a conferência de Copenhague não conseguiu salvar o mundo contra El Niño, La Niña e outros elementos furiosos da natureza, como tsunamis sem nome. Mas que gastaram o nosso dinheiro, ah, isso gastaram.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS
Luíz Gonzaga
Composição: Luiz Gonzaga / Zé Dantas
Seu doutô os nordestino têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão
Mas doutô uma esmola a um homem qui é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão
É por isso que pidimo proteção a vosmicê
Home pur nóis escuído para as rédias do pudê
Pois doutô dos vinte estado temos oito sem chovê
Veja bem, quase a metade do Brasil tá sem cume
Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage
Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage
Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage
Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corage
Se o doutô fizer assim salva o povo do sertão
Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação!
Nunca mais nóis pensa em seca, vai dá tudo nesse chão
Como vê nosso distino mercê tem nas vossa mãos
E aí eu pergunto: o que é que fez o Filho do Brasil, com todo o poder nas mãos e nos bolsos, que ainda não tirou os nordestinos da merda?
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS
João Eichbaum
Yeda Crusius era um nome conhecido no rádio e na televisão no Rio Grande do Sul. Professora na faculdade de economia na URGS, a doutora Yeda grangeou admiradores de sua erudição no âmbito da especialidade que ela dominava.
Foi por suas qualidades de professora, por seu modo didático de comentar economia que os donos dos meios de comunicação se interessaram e viram nela um filão considerável de audiência.
Não sei se ela era remunerada ou não, quando apareceu nos meios de comunicação. Se não era remunerada, mostrou uma fraqueza que domina a quase todos nós, primatas: o gosto por aparecer, por ser admirado, por ser conhecido.
Assim como os donos dos meios de comunicação, também os políticos viram nela uma boa isca para os interesses partidários.
Resumindo: a doutora Yeda deixou de ser professora e comunicadora, para ser política. Foi deputada, ministra e, agora, governadora.
Depois de tantos anos convivendo com as raposas políticas, muita coisa ela aprendeu com seus pares. E políticos são incapazes de ensinar coisas boas. Daí a razão pela qual a doutora Yeda assimilou os defeitos com os quais convivia. Mas, não esqueceu, é claro, as lições de economia que aprendeu e repassou, uma das quais é fundamental: não gastar mais do que se ganha.
Com essas lições de economia ela conseguiu uma proeza que macho nenhum na história política do Rio Grande do Sul conseguiu: zerar o “déficit” público.
Para quê! A partir daí ela passou a ser odiada e perseguida por políticos que, em cultura e conhecimento, não chegam aos pés dela e que, por isso mesmo, destilam ódio incontido. Políticos que só fizeram baderna a vida inteira e nunca trabalharam, como a filha do Tarso Genro e outros cujos nomes a gente nem lembra, fizeram de tudo para roubar o crédito político da governadora. Os sinais de austeridade administrativa e o êxito de seu governo, evidentemente, não fizeram bem para aqueles que tiveram o poder na mão e não souberam o que fazer com ele. Os opositores políticos não suportaram a perspectiva de perderem as próximas eleições e declararam guerra à doutora Yeda.
Agora, eis o quadro que temos: greve do magistério, ameaça de greve da Brigada, bagunça à vista. Professores querem ser “promovidos” sem mostrar serviço e brigadianos querem ser melhor do que os outros funcionários públicos e não pagar a previdência.
Esse foi o erro da doutora Yeda: terminar com as mamatas.
Agora, das duas, uma: ou ela renuncia à política para sempre, ou se torna completamente política, esquecendo a ciência econômica e fazendo o que o povo mais gosta, que é ser enganado, ludibriado, espoliado e ainda bater palminhas para os políticos.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
NÓS, PRIMATAS
João Eichbaum
Sabe o cafezinho, aquele elemento líquido e geralmente negro, que muita gente chama para a companhia do cigarro?
Pois é. O cafezinho é sempre responsável pela ausência dos funcionários nas repartições públicas, ou até mesmo pela presença tipo não to nem aí para quem está esperando no balcão, em busca de aposentadoria, auxílio doença, indenização, etc.
O cafezinho é expediente obrigatório em qualquer repartição pública deste país. Executivo, Legislativo e Judiciário abrem mão de qualquer coisa: do serviço, das responsabilidades, das obrigações, mas não do cafezinho.
O cafezinho serve para matar o tempo, para marcar encontros, para costurar acordos, para discutir política e futebol.
Na Câmara Federal, claro, tem o bar, o luxuoso bar, onde deputados se encontram para o cafezinho. É lá que muita coisa acontece, preliminarmente. É lá que se escolhe os companheiros e se esconjura os adversários. A qualquer hora do dia tem deputado e deputada tomando cafezinho, enquanto o povo que os sustenta dá duro, de sol a sol, sem pausa para o dito cafezinho.
Pois lá na Câmara, dia desses, chamou a atenção dos garçons do bar uma bolsa, que ficara esquecida numa das mesas. Um bolsa de mulher, naturalmente. Dessas bolsas de marca, é claro, Victor Hugo, Louis Vitton, ou coisa que o valha. Não era bolsa de funcionárias da Câmara, que ganham seus míseros vinte e dois mil reais por mês. Era bolsa de deputada, dessas que comerciam acordos, negociam incisos e parágrafos, e vendem a alma para o Lula e a companheirada do PT e ainda apóiam o Sarney.
Sem saber a quem pertencia, os funcionários se viram constrangidos a abrir a bolsa, à procura de algum documento que identificasse sua privilegiada proprietária.
A bolsa tinha de tudo um pouco: caneta, alguns trocados, lenço, cosméticos e, para provar que a deputada também é de carne e osso, nada menos do que um vibrador.
Graças ao cafezinho é que o Brasil inteiro agora sabe das preferências sexuais da deputada que, ao invés de pagar policiais militares musculosos, como a Ana Maria Braga e a Suzana Vieira, prefere o vibrador, que é fiel e não lhe toma dinheiro - aliás, o nosso dinheiro.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
COLUNA DO PAULO WAINBERG
Paulo Wainberg
O Dia do Juízo Final chegou tranquilo, nem hecatombe, apocalipse, tragédia ou melodrama.
Deus simplesmente avisou:
– Pessoal, o Juízo Final é hoje! Homens para a esquerda e mulheres para a direita.
A Humanidade ficou perplexa. Era só isso? E a luta entre o Bem e o Mal? E o Demônio? Os Quatro Cavaleiros?, punições, lamentos, torturas? Mas como?!!!! Descrentes e beatos, maus e bons, pecadores e justos, todos no mesmo saco?
E Deus disse:
– Meus filhos, esqueçam essas bobagens. EU, pessoalmente, nunca falei nisso. EU só disse que haveria um Juízo Final, o resto foi invenção de vocês. E o Juízo Final é hoje! E vamos começar logo que não tenho o dia inteiro. Homens para a esquerda e mulheres para a direita! Vamos, vamos, se mexendo, quero ver movimento, ação, você aí, minha filha, vá logo para a direita, você meu caro, isso, você mesmo, não, não, estou falando com o manco, isso, vá logo para a esquerda. O Julgamento começa em dois minutos.
Foram-se os homens para a esquerda e as mulheres para a direita. Dois minutos depois – que para a Humanidade representou dois séculos – todos os homens estavam do lado esquerdo de Deus. E as mulheres do lado direito.
Nos dois grupos a surpresa imperava. “Mas como? Não era para ser os bons de um lado e maus do outro?” “E a grande batalha?, as almas penadas, onde é que nós estamos, afinal de contas?, não se pode confiar em mais nada!:
Os sacerdotes de todas as religiões demoraram a se conformar. Afinal, tinham passado suas vidas, geração após geração, ameaçando as pessoas com o Juízo Final e a coisa chega assim, light, sem estresse, uma simples divisão sem ética, homens para um lado, mulheres para o outro.
Foi difícil: para os fiéis persistentes, disseram ser um mistério divino; para os revoltados, fecharam as portas.
E Deus disse:
– Ok, pessoal. Vamos começar o Juízo Final. Que entre o Acusador.
E lá veio, do fundo das trevas, Belzebu em pessoa. E assim falou:
– Acuso a Humanidade de usar erroneamente as ferramentas que Deus disponibilizou.
– ÓOOOO!!!!
– Vocês, homens – e virou-se para a esquerda – foram instrumentalizados para um agradável exercício sexual de penetração. Entretanto, ao longo dos tempos, ficaram mais preocupados com o desempenho do que com o prazer. E, por causa dessa preocupação, falharam mil vezes, deixando a parceira na mão ou a ver navios. Vaidade, essa é a acusação maior!!! Mais preocupados do que fazer com o pênis, vocês, Homens, resolveram se preocupar em ‘como’ fazer com o pênis. Deus arquitetou de forma simples: os Homens, com o pênis ereto, divertem-se, brincam e fecundam, pode ser com a mão, pode ser com outros homens, pode ser com mulheres. Porém, vaidosos, criaram conflitos imaginários. O tamanho, o tempo de ereção, ejaculação precoce, falta de ar e grandes barrigas! Sem falar em traumas infantis, complexos de Édipo, ter prepúcio ou cortar o prepúcio e campeonatos de ejaculação à distância. Ó vaidade! Teu nome é Homem.
Calou-se Belzebu, enquanto do lado dos homens, ouviam-se frases consternadas: “nunca brochei”, “isto nunca me aconteceu”, “ a meio mastro”, “Viagra”, “cacetinho, mas funciona”, “não sei do que ele está falando”, “dou cinco sem tirar” e mil outras exclamações defensivas.
Apenas um, justamente o manco a quem Deus se dirigiu pessoalmente, ousou erguer a mão:
– Majestade, Eminência, Vossa Reverendíssima, permite-me um pequeno aparte?
– Fale! – Ordenou Belzebu.
Rasgando a multidão interminável dos homens, o holofote divino pousou sobre o manco, colocando-o em evidência, papel que jamais tivera durante a vida.
Percebendo que o momento era solene, o manco deu-se conta, também, que dele dependia o futuro do gênero masculino, na Obra da Criação. O destino dos Homens estava em suas mãos, ou melhor, em sua boca, nas palavras que ele pronunciar.
Intimidado, como sempre, pelo efeito de sua manquidão, cogitou de desistir, esconder-se entre os demais, afastar de si aquela luz brilhante, cegante e assustadora. Dominando o pânico, falou:
– Seu Magnífico, acontece que ELE não conjuminou as vontades.
– Como assim – ripostou Belzebu.
– Ô amizade! As duas coisas tem vontades independentes. Quando a gente quer, ele não quer. Quando ele quer, a gente não quer. Só dá certo quando os dois querem ao mesmo tempo. E isso quase nunca acontece.
– Compreendo – ponderou Belzebu.
– E tem mais, meu Camarada. A gente nunca sabe o que elas querem, como elas querem, quando elas querem. A gente nunca sabe se elas gostaram ou fingiram que gostaram. Ou fingiram que não gostaram. Nada, a gente nunca sabe nada delas.
– Sei, sei, – coçou um dos cornos, Belzebu.
- E por isso a gente vive com medo delas, compreendeu? Que Deus, Nosso Senhor, aí presente, me perdoe, mas houve falha de concepção.
Seguiu-se um burburinho ensurdecedor entre os homens: “é isso aí”, “matou a pau”, “grande manco!, tu é meu e boi não lambe” e outras manifestações de apoio.
Em seguida, Belzebu virou-se para as mulheres:
– Acuso vocês de, mesmo instrumentalizadas por Deus, com espaços, lubrificação e tudo, viverem se queixando do orgasmo, ou porque não têm, ou porque tem demais, ou porque não querem ter, ou por nem saberem o que é isso.
Entre as Mulheres estabeleceu-se a confusão, todas falando ao mesmo tempo, sobre vários assuntos diferentes, o que mais se ouviu foram assertivas como “meu ponto G ninguém descobre”, “sou multi-orgástica”, “ejaculação precoce”, “eles só pensam em sexo”, “nenhum carinho”, “viram de lado e pegam no sono”, “infiéis” e mil outras reclamações.
Os Homens, inconformados, lançaram acusações que foram respondidas pelas Mulheres com outras acusações e a tênue linha de giz que Deus riscara esteve prestes a ser rompida, o conflito carnal iminente.
Um filósofo, mais ao fundo, ponderou: – Será o Juízo Final, afinal, uma batalha entre os sexos?
O dono do bar, ouvindo a reflexão, respondeu:
– Tomara que seja. Vencidos e vencedores virão ao meu bar, lamber as feridas.
A freira, vendo o padre de batina erguida e olhar alucinado correndo em direção a ela gritou:
– Vem, meu paradoxo!
O terceiro sexo dos dois lados subiu a colina, mandou vir peixe frito, lulas, mexilhões ao vinagrete e muitas, muitas garrafas de vinho e ficou apreciando a carnificina.
Então, Deus disse:
– Silêncio!
E todos silenciaram.
E, novamente, Deus disse:
– Vejo que vocês ainda não aprenderam nada. Por isso vou adiar o Juízo Final por uma hora que, no tempo de vocês, representará cinquenta e sete séculos. Se até lá vocês não se entenderem, aí vai ser fogo!
As legiões de homens e mulheres quedaram-se estarrecidas. Aos poucos, cabeça baixa e ar desolado, foram-se misturando e cada um voltou para a casa.
O problema estava lançado, uma hora divina para o Juízo Final, cinquenta e sete séculos humanos para escapar dele. O que fazer? Como fazer? Qual novo Mistério Deus despejava sobre os ombros humanos?
Poucos jantaram naquela noite e a maioria sequer conseguiu dormir.
Pelos meus cálculos, acabamos de entrar no século cinquenta e seis e, até agora, não conseguimos nada!
Ou nossos filhos se aprumam, se dão conta e resolvem o drama ou, como disse Deus, vai ser fogo!
E quero estar longe do barraco.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS
João Eichbaum
A imprensa noticiou, escandalizada, que Lula, o Filho do Brasil, falou merda. Na manchete não aparecia merda, aparecia “palavrão”.
Merda, pra mim, não é palavrão. Palavrão é, por exemplo, “funfundzwanzigste”, que quer dizer “vigésimo quinto” em alemão. Mas merda é uma palavrinha que todo o mundo diz, e uma das primeiras coisas que as crianças aprendem a dizer é “méida”, exatamente porque criança não tem cultura, não tem vocabulário, não tem noção de dignidade e a única coisa que sabe fazer é merda mesmo, nas fraldas.
Quando li a notícia, sinceramente, não me escandalizei mas me escandalizaria, sem dúvida, se o Filho do Brasil tivesse empregado outro termo, como “dejetos”, por exemplo. Não me escandalizei, sobretudo, porque me lembrei de um antigo ditado latino, um dos primeiros que aprendi, quando estudava a inesquecível língua de Cícero: “ex abundantia cordis os loquitur”, que significa “ a boca fala daquilo que está cheio o coração”.
No caso do Filho do Brasil, ele falou daquilo de que estão cheias a barriga e a cabeça dele.
Nada mais natural, portanto, que ele falasse merda. Em primeiro lugar, porque foi só isso que ele fez e falou toda a vida. Em segundo lugar porque seu vocabulário, que é o vocabulário de quem não completou o ensino fundamental, não pode ir além disso. Em terceiro lugar porque ele estava discursando para o povinho do Maranhão, aquele mesmo que elege o Sarney e a filha dele, um povo do seu nível. O que é que pode ter na cabeça um povo que elege o Sarney e a filha dele?
Nada de novo, portanto, disse o Lula. Nada de novo no seu comportamento, que é o comportamento de que gosta o povinho ignorante. E o Filho do Brasil joga para a platéia como ninguém, faz e diz o que o povo gosta.
A palavra merda soaria menos dignificante, digamos assim, se brotasse da boca acadêmica do Fernando Henrique Cardoso, filho de general, que teve educação francesa. Mas merda senta perfeitamente na boca e na cabeça do Lula. Nunca o Filho do Brasil me pareceu tão autêntico.
Só a imprensa não viu isso.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
PARA TER UM INFARTO FELIZ !!!
Dr. Ernesto Artur - Cardiologista
1. Cuide de seu trabalho antes de tudo. As
necessidades pessoais e familiares são secundárias.
2 Trabalhe aos sábados o dia inteiro e, se puder
também aos domingos.
3. Se não puder permanecer no escritório à noite, leve trabalho para casa e trabalhe até tarde.
4. Ao invés de dizer não, diga sempre sim a tudo que
lhe solicitarem.
5. Procure fazer parte de todas as comissões, comitês, diretorias, conselhos e aceite todos os convites para conferências, seminários, encontros, reuniões,
simpósios etc.
6. Não se dê ao luxo de um café da manhã ou uma refeição tranqüila. Pelo contrário, não perca tempo e aproveite o horário das refeições para fechar negócios
ou fazer reuniões importantes.
7. Não perca tempo fazendo ginástica, nadando, pescando, jogando bola ou tênis. Afinal, tempo é dinheiro.
8. Nunca tire férias, você não precisa disso. Lembre-se que você é de ferro. (e ferro , enferruja!!. .rs)
9. Centralize todo o trabalho em você, controle e
examine tudo para ver se nada está errado.. Delegar
é pura bobagem; é tudo com você mesmo.
10. Se sentir que está perdendo o ritmo, o fôlego e
pintar aquela dor de estômago, tome logo estimulantes, energéticos e anti-ácidos. Eles vão te deixar tinindo.
11. Se tiver dificuldades em dormir não perca tempo: tome calmantes e sedativos de todos os tipos. Agem rápido e são baratos.
12. E por último, o mais importante: não se permita ter momentos de oração, meditação, audição de uma boa música e reflexão sobre sua vida. Isto é para crédulos e tolos sensíveis. Repita para si: Eu não perco tempo com bobagens.
Duvido que voce não tenha um belo infarto se seguir os conselhos acima!!!
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS
João Eichbaum
As palavras das professoras, seus gritos histéricos, seus gestos ameaçadores destilavam ódio. Ninguém me disse. Eu vi as imagens da “assembléia” do CPERGS, entidade que congrega os professores das escolas estaduais do Rio Grande do Sul, comandada, desde há muito, por esquerdistas sem rumo, sem educação, sem bom senso.
Exatamente agora, no fim do ano, no fim de um ano letivo atípico, interrompido em razão de uma ameaça de epidemia, com a perspectiva de férias reduzidas, as professoras esquerdistas, que comandam o CPERGS, atiçaram o ódio de uma parcela do magistério contra a governadora e decretaram uma greve, com base em algumas mãos levantadas, na dita “assembléia”.
A greve vai comprometer seriamente milhares de famílias, vai entristecer o Natal de muitas crianças, vai anuviar a perspectiva de umas férias alegres, vai barrar o ingresso de inúmeros alunos nas universidades.
É a misantropia das professoras, é versão de seu ódio contra a sociedade, é a versão de sua irresponsabilidade, é a revelação de que, deseducadas, jamais serão educadoras.
Bem ao contrário delas, as prostitutas dinamarquesas resolveram protestar contra uma campanha dos governos municipais que querem banir o sexo comprado.
E sabem como protestaram? Bem ao contrário das professoras do Rio Grande do Sul, as profissionais do sexo dinamarquesas deram uma filantrópica resposta, oferecendo sexo de graça para os delegados dos países presentes à conferência sobre o clima, realizada em Copenhague.
Lição das prostitutas dinamarquesas para as professoras do Rio Grande do Sul: é o amor que conquista o mundo.
E você aí, meu amigo: preferia agora estar aplaudindo o magistério na Praça da Matriz, ou passeando em Copenhague, para esquentar o clima?
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
NÓS, PRIMATAS
João Eichbaum
Tem uma turma grande na bela cidade de Copenhague, tentando salvar o mundo. Um monte de “jesus cristos” que quer fazer alguma coisa contra os efeitos do aquecimento solar.
Brasileiros, vocês sabem quantos lá estão, integrando a representação oficial do Brasil?
Nada menos do que setecentos.
Mais de trinta e quatro mil pessoas se credenciaram para participar da conferência. A ONU parou de emitir crachás, quando o número de interessados chegou a quinze mil.
Macaco é macaco mesmo. O homem não se dá conta de suas limitações, exatamente por continuar macaco. O que é que pode resolver uma conferência dessas? Que força pensam ter os primatas para conter a natureza?
A idiotice é tamanha que começa por aí: trinta e quatro mil visitantes, reunidos numa só cidade. Já pensaram o que representa isso? Será que os salvadores do mundo ainda não perceberam que é exatamente o excesso de gente que está exigindo as reações da natureza, que quanto mais gente, mais papel higiênico e mais esgoto são necessários?
Claro, não é só isso. Há o problema do desmatamento, do estrangulamento dos rios, da poluição das águas, etc. etc.
Mas não é necessário reunir tanta gente para que se chegue à conclusão de que os problemas do mundo estão resumidos em duas questões: a ganância e a falta de educação, no sentido de uma consciência universal.
Não serão as trinta e quatro mil pessoas interessadas na conferência que irão resolver os problemas. Os problemas são internos, de cada país e sua solução passa por decisões políticas, somente políticas. Para isso, não é necessário reunir tanta gente em Copenhague.
Mas, acima de tudo, está o óbvio, que são os caprichos da natureza. E já que perguntar não ofende, eu pergunto: e a era glacial, de um milhão de anos atrás, foi devida a quê?
Que cada país faça sua parte, mas não precisa reunir tanta gente para isso, pois uma coisa é certa: contra a natureza ninguém pode.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
NÓS, PRIMATAS
João Eichbaum
“Quais são os limites do ser humano para atingir seus objetivos na vida? Ainda é possível falarmos em ética, honestidade e humildade, sem sermos considerados tolos?”
A pergunta, evidentemente desencadeada pelos últimos acontecimentos de Brasília, com dinheiro enfiado em cuecas e meias, fazendo rimar corrupção com oração, vem do jornalista Leandro Molina, em artigo publicado no jornal Zero Hora de sábado último. Mais adiante, no mesmo artigo, pondera seu autor que “a tradição da corrupção está incutida em todas as sociedades”. E partindo da afirmação de que “não existe sociedade sem crime, sem violência, sem doença”, manifesta sua indignação contra a apatia dos cidadãos, que nada fazem para varrer esse mal.
O articulista não se dá conta de que o chamado “ser humano” não passa de um primata, fortemente influenciado pela natureza animal de que é dotado e que vive em constante conflito com as regras impostas pelo convívio social, quer em forma de leis, quer em forma de preceitos religiosos ou morais.
O que ocorre é que nem todos sobrepõem tais regras e preceitos à sua animalidade. Nenhuma estatística até hoje foi feita, a partir da qual se possa aquilatar o percentual de humanos que vivem com extrema dignidade até no seu comportamento mais recôndito, quando não tem ninguém a fiscalizá-lo.
Se cada criatura chamada “humana” fizer um exame de consciência, há de deparar, em seu íntimo, com mais manifestações de animalidade do que de racionalidade. Nem é preciso ir muito longe: as mais primárias necessidades fisiológicas, de que ninguém escapa, nos colocam no mesmo nível de qualquer animal. E a elas temos que nos submeter todos os dias da nossa vida.
Então, não há como fugir à constatação de que temos muito mais de animais do que de “humanos”. A parte “humana” em nós não passa de artificialidade: temos que nos “comportar bem” no convívio social, cada qual respeitando os direitos do outro.
Todavia, esse “bom comportamento” não é atrativo para todos e, por isso, tanto a violência como a corrupção marcam presença diuturna no convívio social. Do animal pode se esperar qualquer coisa. Nossa história, como primatas, data de milhões de anos e ela sempre foi pontilhada de violência, pilhagem, guerras, mentiras e engodos. Sempre vivemos entre o amor e o ódio. Até os atos concupiscentes que multiplicaram nossa espécie primata foram determinados ou pelo amor, ou pela sedução ou pela violência.
Nem a mitologia cristã, segundo a qual um “Deus” teria sacrificado seu “Filho” para salvar a humanidade, conseguiu realizar o milagre da dignificação do “ser humano”. Pela simples e pura razão de que continuamos animais, assim distribuídos: violentos e desonestos de um lado, e tolos de outro.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS
João Eichbaum
Não pensem que é piada. Deu no jornal: “a demora em cumprir determinação judicial para transferir um preso para o regime semi-aberto levou a Justiça a decretar a prisão do superintendente dos Serviços Penitenciários, Mário Santa Maria Jr.”
O beneficiário da progressão de regime não é ninguém menos do que um traficante, Claudiomiro Weiss dos Santosa, condenado a cinquenta, sim, 50, anos de prisão. O preso, de tão bonzinho que era, estava trancafiado, há sete anos, na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas. Para quem não sabe, a Penitenciária de Alta Segurança é destinada aos presos mais perigosos.
A ordem de prisão para o superintendente partiu do juiz das Execuções Criminais, Luciano Losekann.
Todos sabemos – e só não o sabem os teóricos da criminologia – que o tráfico de drogas é a fonte dos crimes mais horrendos. O traficante tem grana e poder, e poder em todos os sentidos. O traficante manda matar os concorrentes, corrompe a polícia e consegue proezas como essa, diante da qual ficamos todos estarrecidos: solta-se o bandido e prende-se o superintendente dos Serviços Penitenciários.
Mas, como dizia, o tráfico é a fonte dos crimes mais horripilantes. O roubo e o latrocínio são praticados, geralmente, sob o efeito de drogas e são também praticados por causa de dívidas de drogas. Ninguém ousa dever a um traficante, nem o drogadito da esquina, nem o superintendente do Serviços Penitenciários. O senhor Mário Santa Maria Jr. teve a prisão de decretada porque ousou retardar o benefício da progressão de regime para um traficante.
Não há lugar na cadeia para bandidos, mas o há para funcionários públicos que não passam de meros reféns da burocracia. Os juízes se negam a prender os bandidos ou os mandam cumprir a pena em casa, a mesma coisa faz o STJ. Mas o senhor superintendente cometeu um crime muito grave: retardou a liberdade de um traficante (regime semi-aberto é sinônimo de liberdade), travou os “negócios” do empresário do tráfico e permitiu que a sociedade se livrasse ainda por alguns dias dos males da drogas comerciadas pelo bandido.
Traficantes têm poderes, gente. Só eles e os juízes podem levantar a voz e gritar em cima de você: "sabe com quem está falando?"
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
NÓS, PRIMATAS
Um jovem bacharel em Direito, desses concurseiros, de que o Brasil está cheio, fez tantos concursos que acabou passando no de Juiz Federal. Era um cara boa pinta, bonitão, e agora, como Juiz Federal, cheio da grana. Mas era solteiro. Como sua classificação não havia sido das melhores, foi mandado lá para um cu de mundo, no Rio Grande do Norte.
Logo que chegou à cidade, o dono da estalagem, onde se hospedou, advertiu o meritíssimo:
- Doutor, aqui só tem um problema: não tem mulher. As poucas que tem, umas magrelas sem graça, que não despertam tesão nem em preso, são casadas. Se precisar, tem que pegar a jumentinha, na beira do rio.
O Juiz, com toda a sua pose de magistrado, dono do mundo e acima da moral, respondeu, do alto de sua autoridade:
- Não preciso disso.
Mas, o tempo passou e a natureza começou a pedir o que era dela. O juiz, nas suas sentenças, fazia teses e teses, mas não conseguia dominar as exigências da carne, ou seja, por maiores que fossem suas teses, nenhuma suplantava o tesão. E a jumentinha não lhe saía do pensamento. Até que não agüentou e se mandou pra beira do rio.
Lá chegando, viu uma fila imensa de barbados, mas não teve tempo de se apavorar com a espera que teria pela frente. Foi reconhecido por alguém, que anunciou:
- Oi, pessoal, a preferência é do doutor juiz, que está aqui.
Todos olharam para trás e se afastaram, dando lugar ao representante do Poder Judiciário.
O meritíssimo, então, viu a jumentinha e não teve escolha, tal era o tesão: baixou as calças e crã na jumentinha. Estava, porém, no auge da transa, naquele momento em que céu e terra se confundem, o pensamento se esvazia e a bemaventurança se torna realmente eterna, quando sentiu uma palmadinha nas costas, ao mesmo tempo em que alguém lhe dizia, com todo o respeito de quem diz “data venia”:
- Doutor, a jumentinha é só pra atravessar o rio. O puteiro é lá do outro lado!
colaboração da Vivian
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS
João Eichbaum
O Brasil está ofendidíssimo. Robin Wiliams, ator americano, fez uma piada durante entrevista a um programa de televisão, lamentando que a participação de Oprah Winfrey, apresentadora de televisão e Michelle Obama, primeira dama dos Estados Unidos não tenha ajudado Chicago na escolha da sede das Olimpíadas de 2016.
Disse ele: “espero que Oprah não esteja chateada com as Olimpíadas. Chicago mandou Oprah e Michelle. O Brasil mandou 50 strippers e meio quilo de pó”.
É por isso que o Brasil está ofendido: doeu nos brios.
Mas, eu pergunto a vocês: nas aberturas de copas do mundo, olimpíadas e outros eventos esportivos internacionais de que o Brasil participa, o grupo que o representa não é formado por mulatas semi-nuas, sacudindo o bumbum pra todo o lado, rebolando sensualmente? Não é assim que o mundo todo vê o Brasil, como um grande prostíbulo, para onde viajam turistas estrangeiros em busca de sexo? Ou os turistas vêm aqui para rezar, piedosamente ajoelhados perante o Cristo Redentor de braços abertos?
Sempre foi assim, minha gente. Desde que os portugueses invadiram esta terra, que era dos índios. Ou vocês imaginam coisa diferente? Depois de quarenta dias sem sequer ver mulher, aqueles marujos todos se depararam com as indiazinhas nuas, com peitos e pererecas à mostra. E dois deles até mandaram as caravelas do Cabral às favas e se meteram mato a dentro, ficando aqui. Com tanta mulher nua, o que é que eles iriam querer? Voltar para aquelas portuguesas horrorosas que nem banho tomavam? Ah, não.
E depois, com a chegada dos escravos, então, nem se fala! Liberou geral. O resultado é essa miscigenação que torna as mulheres brasileiras sempre desejáveis, em qualquer parte do mundo.
Não adianta se ofender, brasileiros e brasileiras! Ou se manda a representar o Brasil essas mulheres sensuais, ou se mandam os políticos. As primeiras, representam a concupiscência, os últimos, a corrupção. Podem procurar: não vão encontrar representação melhor. Se não é verdade o que se atribui a Charles De Gaule, digo eu: decididamente este não é um país sério. E quem não é sério, não tem o direito de se ofender.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS
João Eichbaum
Duma coisa tenho certeza: o público que irá lotar os cinemas para ver “Lula, o filho do Brasil” será o mesmíssimo público que se desfez em lágrimas, vendo “Os dois filhos de Francisco”. A primária razão para isso é a de que as pessoas analfabetas só têm chance de ir ao cinema quando se exibe filme brasileiro.
Na semana passada, a Veja se ocupou de uma reportagem sobre o dramalhão que traça a vida do Lula, e teceu comentários sobre o endeusamento que se faz desse personagem político, ao custo de dezesseis milhões de reais, bancados – ao que se diz – por empresários. É claro que a matéria não deixa passar em branco a ocasião escolhida para lançamento do filme, em época pré-eleitoral, exatamente no momento em que as pesquisas indicam o fraco desempenho da candidata do PT, Dilma Roussef.
Após a reportagem, surgiram comentários de leitores, um dos quais reflete exatamente o pensamento de pessoas que, não tendo cultura, não têm grandes horizontes: “um homem que saiu do nada e venceu”, se referindo, evidentemente, ao Lula.
Que o Lula saiu do nada, ninguém duvida. Mas “que venceu”?
Só vence quem, tendo saído do nada, trabalha, estuda, dá duro, dá tudo de si, para deixar o nada donde saiu.
Mas, o Lula? Em primeiro lugar, não estudou e ainda se gaba de ser semi-alfabetizado. Em segundo lugar, passou quase a metade de sua vida, ganhando sem trabalhar, primeiro como “sindicalista”, depois como “indenizado” por perseguição política e, por fim, como político profissional. Até que chegou lá, pelo voto daqueles que ele enganou com sua oratória de semi-alfabetizado e mobilizado pelos recursos dos políticos do norte e nordeste, que viram nele o instrumento de sua continuidade como ladrões dos cofres públicos.
Só pode dizer que “vence”, quem se esforça com honestidade para chegar lá. Quem usa a política é um aproveitador, e nenhum aproveitador merece o qualificativo de “vencedor”. Não se pode chamar de “vencedor” aquele que “vence” pela vontade dos outros. Em política, não há “vencedores”, mas “escolhidos” pela maioria, composta de interesseiros, analfabetos e desavisados.
O caso do Lula é parecido com o do Flamengo: vai ser campeão, graças ao Corintians, que lhe entregou três pontos, e ao Grêmio, que lhe vai entregar a taça de mão beijada.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
ORAÇÃO DESTE NATAL
ESSE ANO VOCÊ LEVOU O MEU CANTOR E DANÇARINO PREFERIDO, MICHAEL JACKSON, MEU ATOR PREFERIDO PATRICK SWAYZE E A MINHA ATRIZ PREFERIDA FARRAH FAWCETT......
PARA NÃO TER DÚVIDA, QUERO LEMBRAR A VOCÊ QUE O MEU POLÍTICO FAVORITO É O LULA......!!
Enviado pela Vivian
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
NÓS, PRIMATAS
João Eichbaum
Costumo tomar meus chopes, bem gelados, espumosos, num bar que, até pouco tempo, tinha teólogos como garçons e garçonetes, estudantes que se preparavam para o múnus pastoral, para a pregação da palavra de Deus, digamos assim.
De repente, o quadro de garçons mudou e então perguntei ao proprietário do bar a razão da ausência dos futuros “obreiros do Senhor”. Ele, sem maiores explicações, apenas me respondeu: “em comparação com os pastores, qualquer um de nós é santo”.
O presidente do Paraguai, senhor Lugo, serviria muito bem para ilustrar a frase do meu amigo. Agora surgiu mais uma filha dele, uma jovem de vinte e dois anos, que ele apresentava como sobrinha. São, por enquanto, quatro, cada um de uma mulher diferente, os filhos de Lugo. Todos foram gerados enquanto ele exercia o sacerdócio católico, quer como padre, quer como bispo, à luz dos seus votos de castidade. Às escondidas, portanto, sem responsabilidade paterna, descompromissadamente, por pura concupiscência, como o faz qualquer animal irracional.
Quantos homens comuns você conhece que tenha tantos filhos, nessas condições, com mulheres diferentes, como o bispo Lugo? E onde estava o “Espírito Santo” no momento em que o Papa teve a inspiração de nomeá-lo bispo?
Agora também tomo conhecimento de que a Igreja, na Irlanda, com a conivência da polícia e do Ministério Público, acobertou por quase três décadas os abusos sexuais praticados por sacerdotes contra crianças e adolescentes, segundo dizem os jornais “em uma tentativa dos bispos de proteger a imagem da instituição”.
É possível acreditar numa instituição que adota a hipocrisia como base de seus procedimentos?
A história da Igreja Católica é a história da hipocrisia. Em nome do Deus, que ela prega, já matou e torturou muita gente e também, por conta desse mesmo Deus, inventa milagres e santos, dogmas e regras absurdas, ameaça com o inferno quem a contesta, e se recusa a admitir a verdade de que a mão de obra que a sustenta é um animal chamado homem, inteiramente submisso às leis da natureza, porque não passa de uma primata.
Lugo não foi o primeiro, nem será o último. O comportamento doentio dos membros dessa Igreja é ditado pela hipocrisia. Não fosse a mentira de que “o sacerdote é o representante de Deus”, tudo seria diferente. Qualquer divindade (se as existissem) não só escolheria, como protegeria melhor seus “representantes”.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
SÓ RINDO, PARA NÃO CHORAR
- Luiz Ináçu! Corri aqui, chegue!!! Traiz a quartinha e as caneca prus dotô pudê bebê água!
Lula, todo vaidoso, vendo que a dona do casebre não o reconhecera, pergunta:
- Companhêra! Vi que a senhora chamou o garoto de Luiz Inácio... Ele tem esse nome em homenagem a alguém?
-Não, não, dotô! O nome dele é Fernando Henrique, mas é que o menino deu pra bebê, roubá, minti e fazê tanta merda, que nóis apelidô ele anssim...
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
PORQUE NÃO ACREDITO NA JUSTIÇA
João Eichbaum
Leia o que escreve o jornalista Nerter Samora, do Espírito Santo.
Os desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado (TJES) inauguraram um movimento de protesto contra o suposto preconceito a seus parentes. Durante a sessão do Pleno dessa quinta-feira (19), os desembargadores criticaram as dúvidas sobre a competência dos filhos que atuam como magistrados. Ignorando mais uma vez a existência das “grandes famílias” do Judiciário capixaba.
As críticas começaram após a longa sessão de homenagens às atividades do filho de um desembargador. Na visão dos magistrados, o incômodo se deve aos questionamentos direcionados aos seus parentes, alheio suposta competência apresentada por eles. Alguns deles ainda seriam vítimas de preconceito em função do parentesco com os desembargadores.
O protesto tem como alvo a repercussão nos meios jurídicos dos desdobramentos da “Operação Naufrágio”, deflagrada no dia 09 de dezembro de 2008. Desde então, as conexões dentro do esquema de nepotismo passaram a ser investigadas, e, em especial, a forma de promoção dos parentes. Uma das formas de promoção sob desconfiança são os últimos concursos de pessoal para o Judiciário e de juiz substituto, realizados em 2004. O último presidido pelo atual presidente em exercício do tribunal, Álvaro Bourguignon, cuja esposa trabalha no Judiciário.
Antes do naufrágio, nove dos 24 desembargadores da composição do tribunal tinha filhos que atuavam como juízes. Na atual formação do Pleno, restam ainda sete desembargadores com “filhos-juizes”.
De acordo com levantamento da reportagem, o líder nesse expediente é o presidente afastado do TJES, Frederico Guilherme Pimentel, pai do juiz Frederico Luiz Schaider Pimentel, casado com a também juíza Larissa Pignaton Sarcinelli Pimentel – ambos estão sendo alvos de procedimentos administrativos em função da suposta participação no esquema de corrupção levantado pela “Operação Naufrágio”.
Os ex-presidentes Adalto Dias Tristão e Alemer Ferraz Moulin também possuem filhos ou pessoas relacionados a eles atuando como juízes. No caso de Adalto, o exemplo é a juíza Priscila de Castro Murad – casada com o filho do desembargador, Rodrigo Campana Tristão. Alemer Moulin emplacou o filho, Flávio Jabour Moulin, além do sobrinho Carlos Magno Moulin Lima.
O “presidenciável” Manoel Alves Rabelo também possui o filho Gustavo Zago Rabelo atuando como juiz. Mesmo caso dos colegas de Pleno, Maurílio Abreu (juíza Marília Pereira de Abreu Bastos), Rômulo Taddei (Gil Vellozo Taddei) e Carlos Henrique Rios do Amaral (Carlos Henrique Rios do Amaral Filho).
Além dos atuais desembargadores, os recém-aposentados Alinaldo Faria de Souza e Elpídio Duque também possuem filhos na magistratura. A dupla que aparece citada no inquérito 589, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), emplacou os nomes dos filhos, respectivamente, Marcos Antônio Barbosa de Souza e Roney Guerra Duque.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS
João Eichbaum
Que nomão, hein? Que palavrão, para a língua pegada do Lula. Será por isso que ele apareceu, nas fotos dos jornais, com aquela cara de quem comeu merda e não gostou, ao lado do Ahmadinejad, que sorria?
O que sei é que a presença do Ahmadinejad, presidente do Irã, aqui no Brasil, deu o que falar, proporcionando até a união de quem, em outras circunstâncias, jamais se encontrou no mesmo nível.
Em Porto Alegre, diz a ZH que “dezenas de manifestantes se reuniram por volta do meio-dia na esquina democrática, portando bandeiras de Israel”. Mais adiante noticia o mesmo jornal que o protesto, organizado pelo Grupo Brasileiro de Articulação Sionista teve o apoio do “grupo de defesa dos direitos das mulheres e dos homossexuais.”
Imagina você, um homossexual, dando pulinhos histéricos de indignação, tendo na mão o pau da bandeira de Israel...
Mas, o que me chamou a atenção mesmo foi a declaração de Isaac Soibelman: “representamos os negros, os homossexuais, os judeus: todas as minorias estão na mira desse governante”.
Três em um: o cara foi representante das três classes. Não sei se ele reunia a peculiaridades da raça, da cor e das preferências sexuais. Mas, tudo bem.
Agora, minorias?
Minoria, meu caro, é a dos que não têm “bolsa-família”, não têm o que comer, não têm onde dormir, não têm onde morar, e por isso dormem debaixo das pontes, debaixo das marquises, nos bancos das praças. Minoria são aqueles que não têm vez, nem voz. Mas negro e judeu não são minoria, porque eles têm poder, e o poder é incompatível com o coitadismo.
Tempos houve em que os negros não tinham poder. Mas eles chegaram lá – exatamente por serem maioria. Tanto que hoje mandam para a cadeia quem alude à cor deles, e até nas universidades mandam, onde ingressam, sem a metade do esforço dos brancos. E têm suas cotas no serviço público, nos tribunais superiores, e por aí vai. A união dos judeus é inquestionável e essa união lhes dá força e a força lhes dá poder na imprensa e no setor financeiro. E o mundo de hoje é movido a notícias (que geram a imbecibilidade coletiva) e dinheiro.
Os homossexuais? Quem assegura que são “minoria”? Tá cheio de viado por aí, hoje em dia, fazendo concorrência para as mulheres. E a concorrência é tanta, que a maioria delas clama pela falta de homem. Então sobra pra nós, que temos que dar conta...
Conclusão, gente: a minoria somos nós, os sobrecarregados pelas exigências das mulheres. Por isso não tivemos tempo de ir para a esquina democrática reclamar contra a presença do Ahmadinejad.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
CRÔNICAS ALUCINADAS
Paulo Wainberg
Não tenho dúvidas: vivemos num universo paralelo a outro universo onde alguém, eu, está, neste exato momento, concluindo que vive num universo paralelo ao dele.
A vantagem de viver num universo paralelo é que, tudo o que está errado aqui, está certo lá, coisa que eu estarei, neste exato momento, pensando.
Se, no meu universo, todo mundo é vesgo, no outro universo, ninguém é. Como eu acho que é errado ser vesgo, aprovo o universo paralelo onde eu lamento que lá, ninguém é vesgo.
Porque, como é sobejamente sabido, um universo paralelo é exatamente o oposto do outro.
O que me leva à questão dos espelhos e seus reflexos. Se ergo o braço direito, meu reflexo erguerá o esquerdo. O sinal na minha bochecha direita está na bochecha esquerda do meu reflexo.
O relógio de parede lá no fundo, à minha esquerda, está à direita do meu reflexo e se os ponteiros do meu marcam três e vinte, no reflexo marcam vinte para as nove.
Você acha, por acaso, que o universo paralelo ao meu é o que se reflete no espelho? Eu, sinceramente, acho que não. Caso eu passasse a minha vida inteira diante de um espelho, até poderia cogitar dessa possibilidade. Mas minhas incursões ao espelho são para lavar a cara, escovar os dentes e pentear os cabelos, pela manhã. E, ao longo do dia, sempre que passar por uma vitrine espelhada, ver o tamanho da minha barriga, de perfil.
No meu universo paralelo, que não é o espelho, os carros andam para trás, os aviões descem e os morros tem o pico enterrado no chão e a base enorme, lá em cima. Lá se escalam montanhas de cima para baixo, as vacas vivem no mar e os peixes dão em amendoeiras. Lá, choram de alegria e riem de tristeza.
Certa noite, após uma rara conjunção radiossinótica associada, ultrapassei as barreiras e me vi, subitamente, no meu universo paralelo, olhando para mim mesmo com o cabelo repartido da direita para a esquerda. Achei bizarro, porque reparto sempre da esquerda para a direita.
Lá, eu era anti-matéria e meu eu paralelo me alertou para o pouco tempo que eu tinha, antes de tudo explodir.
– Quero que tudo se exploda mesmo! – reagi.
– Então tá – falei, em paralelo.
A rara conjunção radiossinótica associada repetiu-se, numa probabilidade de uma em oitenta e sete bilhões, e dei por mim de volta ao meu próprio mundo paralelo, onde eu era, novamente, matéria.
Cogitei ter sonhado, tudo não passava de uma grande bobagem.
– Por mil salva-vidas estóicos!, – praguejei.
Olhei ao meu redor. Era tudo familiar, não havia dúvida, eu estava em casa. Fui ao banheiro e olhei atentamente meu rosto. Era ele mesmo, ao contrário, como sempre. Inclusive o cabelo, repartido da direita para a esquerda.
Eu estivera mesmo no universo paralelo ou tudo não passara de uma alucinação? Olhei bem fundo nos meus olhos ao contrário, e concluí: – E que diferença faz?
Neste momento, ouvi o ruído do motor do carro, entrando na garagem.
Em seguida ouvi a porta do carro batendo, o ruído da chave na fechadura e a porta de casa se abrindo.
Dei uma espiada rápida e corri para baixo da cama, me escondendo: eu acabara de chegar em casa.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
NÓS, PRIMATAS
João Eichbaum
Lendo “Caim”, de José Saramago, me dei conta de que Adão e Eva eram diferentes de nós, de mim, de você, da mãe do badanha e do resto da humanidade. Nós, os contaminados pelo pecado original, nascemos pendurados num cordão de carne, chamado umbigo, que precisa ser cortado mais ou menos uns nove meses depois que nossos papais e mamães deram uma bela trepada.
Embora o senhor - que muitos chamam de Deus – tivesse achado sua obra perfeita, não foi bem assim. Esse detalhe do umbigo faltou em Adão e Eva, que não nasceram em consequência de uma foda (mas foram fodidos logo a seguir). Adão era um montinho de barro, que recebeu um sopro do seu senhor, de cognome Deus, e saiu andando e evacuando, urinando, soltando puns por aí. Eva foi feita duma costela do Adão e foi fazendo a mesma coisa, sendo, porém, muito discreta em matérias de puns. De modo que o mais primário dos raciocínios nos leva à conclusão de que ambos não tinham umbigo.
Para Adão não havia de fazer falta o umbigo. Era um furinho a menos, por onde sempre teimam em nascer cabelos sebosos. Mas, Eva! Ah! Era um lugar a menos, onde ela poderia pendurar um belo “piercing”.
Então, meus amigos, a bíblia, os exegetas, Santo Agostinho, os Papas e os teólogos em geral ficam a nos dever a explicação: porque Adão e Eva não tinham umbigos, enquanto nós, seus descendentes, os herdeiros do terrível pecado deles – o de conhecer o bem e o mal – temos esse furo horroroso no meio da barriga?
Aceito explicações.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
COISAS DA VIDA
João Eichbaum
Sei, você anda melancólico e insatisfeito, louco para se livrar daquela baranga, ruiva de farmácia, a mesma que, há mais de vinte anos, era uma fofura e que você teve de levar primeiro ao altar para depois traçar.
E você aí, ligadão naquela gata, coleguinha de escritório, muito decente, que lhe jurou ser só sua, mas só no dia em que você for só dela!
Muita atenção você, que já brocha só de olhar para essa senhora a quem você jurou fidelidade para sempre, essa matrona de cabelos de vassoura, equipada com as medidas extraordinárias de 130 de ancas e 120 de cintura, por 130 de busto!
E você, que não desencarna daquela vizinha nova, que fica se bronzeando no pátio, protegida por um mísero fio dental, nessas escaldantes tardes de novembro!
Muita atenção você, que não tira da cabeça aquela mina de boa figura, a caixa do supermercado, que lhe abre o melhor dos seus sorrisos e o encara com olhos de gata no cio, todas as vezes que você vai fazer suas comprinhas!
Enfim você, que está simplesmente a fim de renascer plenamente nos braços de outra mulher, porque não aguenta mais a rotina, pense no que está escrito aí em baixo.
Como futuros separados, considerem muito bem, todos vocês, as obrigações judiciais de varão e pai!
"Não há nada mais ecológico do que o salário de um homem separado:
27% para o leão, 25% para as piranhas, 33% para a vaca e os terneiros, 15% é o que sobra para o burro".
Extraído de uma prova de Direito de Família numa universidade do Estado de Pernambuco. Rendeu nota zero para o aluno, mas a repercussão está sendo tão grande que a frase virou tema de camisetas, na praia de Porto de Galinhas (PE).
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
SEXO NOS TRIBUNAIS (II)
JUSTIÇA NOS EUA DECIDE: ESPERMA MASCULINO UMA VEZ EJACULADO DURANTE RELAÇÃO SEXUAL PASSA A SER PROPRIEDADE DA MULHER !!!
Usar esperma para engravidar sem autorização do homem não caracteriza roubo porque uma vez ejaculado, o esperma se torna propriedade da mulher. O entendimento é de uma corte de apelação em Chicago, nos Estados Unidos, que devolveu uma ação por danos morais à primeira instância para análise do mérito.
Nela, o médico Richard Phillips acusa a colega Sharon Irons de 'traição calculada, pessoal e profunda ao final do relacionamento que mantiveram há seis anos. Sharon teria guardado o sêmen de Richard depois de fazerem sexo oral, e usado o esperma para engravidar.Richard Phillips alega ainda que só descobriu a existência da criança quando Sharon ingressou com ação exigindo pensão alimentícia.
Depois que testes de DNA confirmaram a paternidade, o médico processou Sharon por danos morais, roubo e fraude.Os juízes da corte de apelação descartaram as pretensões quanto à fraude e roubo afirmando que a mulher não roubou o esperma. O colegiado levou em consideração o depoimento da médica. Ela afirmou que quando Richard Phillips ejaculou, ele entregou seu esperma, deu de presente. Para o tribunal, houve uma transferência absoluta e irrevogável de título de propriedade já que não houve acordo para que o esperma fosse devolvido.
]
Ou seja, agora é oficial: Os homens não mandam mais em porra nenhuma !!!
Colaboração do Cioccari
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
COLABORAÇÃO DA VIVIAN
O gaúcho senta na mesa de sempre, dá uma olhada ao redor e descobre uma bela mulher em uma mesa próxima.Ela estava completamente só.O gaúcho chama o garçom e lhe pede para mandar à mulher o Merlot mais caro que tivesse, supondo que, se a mulher aceitasse o vinho, se renderia a seus pés.
O garçom levou o vinho à mesa da mulher:
- Isto é um presente daquele cavalheiro pilchado.
A mulher olha o vinho com frieza durante um segundo e decide enviar um bilhete ao gaudério. Dá ao garçom, e o garçom entrega ao destinatário.
O bilhete dizia:"Para que eu aceite este vinho, você deveria ter um Mercedes em sua garagem, um milhão de dólares no banco e 23 centímetros dentro das calças."
Depois de ler o bilhete, o guapo decide responder.Dá um bilhete ao garçom, para que ele entregue à mulher.
O bilhete dizia:"Para sua informação, tenho uma Ferrari Modena, um BMW 850Csi, um Audi S8 e um Mercedes S600 na minha garagem. Além disto, tenho em torno de 12 milhões de dólares na minha conta. Mas, nem por uma mulher bela como você, eu cortaria dois centímetros do que eu tenho dentro da bombacha..."
PS: Devolva o vinho!!!
terça-feira, 17 de novembro de 2009
CRÔNICAS INDIGNADAS
Paulo Wainberg
Li que o diretor da FAO, entidade da ONU que se preocupa com a questão dos alimentos para a Humanidade, está convocando um jejum planetário em solidariedade aos desnutridos.
Mas o que é isso? Onde é que nós estamos?
O homem, ao invés de nutrir os desnutridos que desnutrir os nutridos!!!
Quer irmanar a Humanidade na fome!
Montemos o cenário condizente com a proposta da FAO: no sábado ninguém, absolutamente ninguém no planeta Terra, come. Inclusive os desnutridos, hein!
Os desnutridos habituais vão vibrar de alegria, afinal não são eles, apenas, que não tem comida para comer. São capazes de sair pelas ruas das cidades, pelas avenidas das metrópoles, pelos parques, no hipódromo, na saída dos cinemas, nos cassinos de Monte Carlo, e na porta dos restaurantes vazios, abraçando, beijando e dançando com o novos desnutridos, aqueles que jejuaram em favor deles.
No dia seguinte, domingo portanto, cada desnutrido contará aos seus descendentes desnutridos, que no sábado histórico do jejum universal eles foram, finalmente, reconhecidos, aderidos e solidarizados.
Os jejuadores, por sua vez, tomarão seus fartos cafés da manhã com a sensação do dever cumprido, alegres e enaltecidos pelo gesto, a auto-estima lá em cima e, o que é o melhor de tudo, com a certeza de ter feito a sua parte, alguém que tome conta do assunto e vá nutrir os desnutridos.
Quem fará isso?
É o que pergunto ao diretor da FAO, idealizador do movimento.
Não sei a razão mas me ocorreram, de súbito, certas ideologias que pregam o empobrecimento geral e não o enriquecimento coletivo.
A grande questão que quero colocar a você, pessoa inteligente, é a seguinte: No dia do jejum, você irá confraternizar com os desnutridos? Você irá, por exemplo, ao encontro do seu mendigo de estimação para abraçá-lo e dizer:
– Meu amigo, você não está passando fome sozinho. Eu, em solidariedade a você, hoje também estou passando fome.
E, caso você tome essa atitude, qual a reação que espera do desnutrido por você abraçado? Quer que ele dance de alegria? Que ele agradeça seu gesto? Quem sabe ele o convida para uma parceria permanente, algo assim como: irmãos na fome?
E faço este alerta considerando que, obviamente, você não vai ficar jejuando em casa, sem nenhum desnutrido saber da grandiosidade de sua atitude.
Era só o que faltava! O planeta inteiro jejuando em solidariedade aos desnutridos e os desnutridos nem aí, porque nenhum jejuador se lembrou de avisá-los.
Não sei por que, me lembrei das festas beneficentes em favor dos pobres que, como todo mundo sabe, não lêem as colunas sociais dos jornais. Patrões e patronesses convocam seus amigos ricos para um jantar num clube da moda ou da tradição, a, por exemplo, quinhentos reais o talher. Jantar caro, concordo, mas quem irá perder a oportunidade de comparecer, ser fotografado e televisionado, bonitos, as patronesses trajando vestidos alta-costura, drinques variados, especialmente espumantes estrangeiros? Um espetáculo! Porém, ninguém se lembra de avisar os pobres que são, assim, totalmente excluídos da festa feita em favor deles. Você não encontra um único pobre na festa.
Voltemos ao dia do jejum, preconizado pelo diretor da FAO.
Nós, judeus, jejuamos um dia inteiro por ano, no conhecido Dia do Perdão. Jejuamos por auto-punição pelos pecados cometidos no ano que passou. Jejuamos pela compreensão da natureza humana que nos leva a perdoar os erros e pecados dos outros. Jejuamos para a obtenção de um perdão, coletivo e divino.
O jejum da FAO não leva nada disso em consideração. É um jejum de alerta, um jejum de conscientização: você, pessoa inteligente, que não sabe que existem milhões e milhões de subnutridos e desnutridos no Planeta, jejuando saberá.
Será que o diretor da FAO espera que cada habitante nutrido do planeta destine um prato de comida aos desnutridos? E, com essa atitude universal, pensa que resolve o problema da fome? Um prato de comida?!!!
Propostas dessa natureza, inócuas, hipócritas e cínicas, apenas ajudam a preservar o assim denominado ‘status quo’. Nada resolvem, não apontam caminhos de solução, não alertam nem conscientizam ninguém.
Tal qual os jantares beneficentes!
A verdade, a verdade mais verdadeira de todas, é que não existe, no Planeta Terra, um único motivo para que alguém passe fome, seja ignorante ou subnutrido.
A não ser o desejo dos próprios seres humanos...
Temos recursos naturais, temos tecnologia, temos dinheiro suficiente para prover a Humanidade de todas as suas necessidades vitais, desde a alimentação até a saúde, educação, lazer e digna vida.
Podemos, porque podemos, ora bolas!, acabar com as misérias africanas, asiáticas, americanas, européias, podemos, onde houver um ser humano, proporcionar-lhe dignidade vital.
A Humanidade está a um passo daquilo que todos os governantes alegam almejar, que todo o indivíduo diz ambicionar: a paz e o crescimento universal.
Temos o equipamento para isso, temos os fundamentos filosóficos para isso, temos a crítica ética para isso. Só não temos, ainda, uma verdadeira vontade para isso!
Portanto, senhor diretor da FAO, se alguma contribuição eu possa humildemente lhe ofertar, aí vai: desista do jejum em favor dos desnutridos e implante uma política internacional para nutri-los.
Repito, indignado: não há nenhuma razão para que um único habitante deste planeta passe fome.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
VARIAÇÕES EM TORNO DO TEM FIADASPUTAS
João Eichbaum
Para o Superior Tribunal de Justiça, o marido traído não merece indenização pelos cornos que receber. Cornice tem que ser de graça, sem reparação.
Seguinte. Os ministros da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiram que o cara que come a mulher do próximo não está obrigado a pagar indenização ao corno. Segundo os ministros, não há doutrina, nem jurisprudência que trate o pulo de cerca sob o prisma da responsabilidade civil.
O relator do processo foi um cara chamado Luís Felipe Salomão, segundo o qual, não há como o Judiciário impor um “não fazer” ao amante, porque não existe lei que “assim determine”.
É por essas e outras, que não se pode acreditar na Justiça. O ministro esse não conhece a Lei de Introdução ao Código Civil, não sabe que o juiz é obrigado a decidir, mesmo que não haja lei. Há uma coisa chamada bom senso, que não pode faltar ao juiz. Quem não o tem, não pode ser juiz. Mas, no Brasil, qualquer um pode ser ministro do STJ e do STF, e é por isso que a justiça está nessa merda toda.
Ao que eu saiba nunca fui corno. Mas a minha experiência na carreira jurídica me ensinou que a cornice dói. Só não sente essa dor quem tem uma mulher gorda e velha com pelancas despencando para todos os lados, uma baranga que não tenha jeito de ser comida. Ou quem tenha sido corneado sem o saber. Ou um corno manso. Em todo o caso, tudo isso serve como fundamento para negar a dor de corno como direito à indenização por dano moral.
Pior do que liberar o adultério, sem sanção alguma, podendo todo mundo comer a mulher de todo mundo, só oficializar o homossexualismo, como fez o Tribunal de Justiça do Pará, autorizando a “visita íntima”, para veados e lésbicas na prisão.
Agora, minha gente, nas cadeias do Pará vai ser um tal de “ai, ai, ai e ui, ui, ui”, capaz de levantar até pau de defunto.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
COLABORAÇÃO DO PLINIO DOTTO VIA CIOCCARI
Sabes a diferença entre o 'Tu' e o 'Você'?
Segue-se um pequeno exemplo, que ilustra bem essa diferença:
O Diretor Geral de um Banco, estava preocupado com um jovem e brilhante Diretor, que depois de ter trabalhado durante algum tempo junto dele, sem parar nem para almoçar, começou a ausentar-se ao meio-dia.
Então o Diretor Geral do Banco, chamou um detetive privado do banco e disse-lhe:
- Siga o Diretor Lopes durante uma semana, espero que ele não ande fazendo algo sujo.
O detetive, após cumprir o que lhe havia sido pedido, voltou e informou:
- O Diretor Lopes sai normalmente ao meio-dia, pega seu carro, vai a sua casa almoçar, faz amor com sua mulher, fuma um dos seus excelentes cubanos e regressa ao trabalho.
Responde o Diretor Geral:
- Ah, bom, antes assim. Não há nada de mal nisso.
Logo em seguida, o detetive, querendo fazer se entender melhor, pergunta:
- Desculpe. Posso tratá-lo por tu?
- Sim, claro - respondeu o Diretor surpreso.
- Bom então vou repetir - disse o detetive - O Diretor Lopes sai normalmente ao meio-dia, pega teu carro, vai a tua casa almoçar, faz amor com tua mulher, fuma um dos teus excelentes cubanos e regressa ao trabalho.
É assim! A língua portuguesa é muito traiçoeira.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Num julgamento em Vassouras, cidade pequena, o Promotor de Justiça chama sua primeira testemunha, uma velhinha de idade bem avançada. Para começar a construir uma linha de argumentação, o Promotor pergunta à velhinha:
- Dona Genoveva, a senhora me conhece, sabe quem sou eu e o que faço?
- Claro que eu o conheço, Marcos! Eu o conheci bebê. Só chorava, e francamente, você me decepcionou. Você mente, você trai sua mulher, você manipula as pessoas, você espalha boatos e adora fofocas. Você acha que é influente e respeitado na Cidade, quando na realidade você é apenas um coitado. Nem sabe que a filha esta grávida, e pelo que sei, nem ela sabe quem é o pai. Ah, se eu o conheço! Claro que conheço!
O Promotor fica petrificado, incapaz de acreditar no que estava ouvindo. Ele fica mudo, olhando para o Juiz e para os jurados. Sem saber o que fazer, ele aponta para o advogado de defesa e pergunta à velhinha:
- E o advogado de defesa, a senhora o conhece?
A velhinha responde imediatamente: - O Robertinho? É claro que eu o conheço! Desde criancinha. Eu cuidava dele para a Marina, sua mãe, pois sempre que o pai dele saia, sua mãe ia pra algum outro compromisso. Ele também me decepcionou. É preguiçoso, puritano, alcoólatra e sempre quer dar lição de moral nos outros sem ter nenhuma para ele. Ele não tem nenhum amigo e ainda conseguiu perder quase todos os processos em que atuou. Além de ser traído pela mulher com o mecânico...
Neste momento, o Juiz pede que a senhora fique em silêncio, chama o promotor e o advogado, se debruça na bancada e fala baixinho aos dois:
- Se algum de vocês perguntarem a esta velha filha da puta se ela me conhece, vai sair desta sala preso... Fui claro???
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
NÓS, PRIMATAS
João Eichbaum
Um recente lei aprovada na província de Aceh, Ilha Sumatra, Indonésia, prevê a condenação de adúlteros, por apedrejamento, até a morte. A mesma lei estabelece uma pena de cem chibatadas para pessoas não casadas que praticarem sexo. A veadagem também não tem moleza, por força dessa lei: cem chibatadas, multa máxima de um quilo de ouro, ou prisão até cem meses.
No Brasil está em andamento uma lei que estabelece castração química para presos condenados por estupro, atentado violento ao pudor, corrupção de menores, pedofilia, etc. A chamada “castração química” consistiria na ministração de medicamentos para a redução da libido dos condenados.
Por outro lado, na televisão brasileira, os apelos à sensualidade são freqüentes, tanto em novelas como em outros programas idiotas do tipo Big Brother. Os desfiles “gays” têm cada vez mais participantes e admiradores. E ultimamente o caso daquela estudante que foi expulsa de uma universidade, porque apareceu de minissaia, causou um reboliço tal que acabou ficando o dito pelo não dito. E a “Play Boy” certamente já está de olho nela.
Assim são os primatas, os animais chamados homens, perdidos entre os apelos da natureza e os da doentia religiosidade, sempre escudados pela hipocrisia. Vão do oito ao oitenta, completamente sem rumo.
Ninguém ignora que o sexo é um dos negócios que mais rendem no mundo, depois do jogo. Nenhuma velha horrorosa faz propaganda de sapatos, vestidos, langerie, etc. Não há desfiles de velhas nas passarelas internacionais. Só mulheres atraentes aparecem nas capas das grandes revistas. De prostituição não é preciso falar: a alta prostituição para quem tem muita grana; a baixa prostituição para quem, às vezes, não tem o suficiente para sustentar uma família. Mas todo o mundo dá um jeito para atender aos apelos da natureza, porque sexo é bom e adultério só é ruim para o corneado.
Enfim, sem sexo não há vida e, sem vida, não há sexo. Uma verdade indiscutível que revela a pura animalidade de que é revestido o primata humano, o qual, nesse quesito, não é superior aos outros animais: todos necessitam de sexo.
Então, vamos combinar: a dignidade não nasce com o primata humano. Se, para construí-la, é preciso apedrejar e castrar, vamos deixar de lado essa hipocrisia de que o ser humano “tem que ser respeitado em sua dignidade”.
Deixemos de lado essa hipocrisia e admitamos que o processo da evolução plena ainda não chegou para os humanos. Ainda não deixamos de ser macacos. Ou você conhece algum político que não tenha rabo?
terça-feira, 10 de novembro de 2009
COM A PALAVRA, EUCARDIO DERROSSO
Eucardio Derrosso
Tive maior contato com a obra de José Saramago, oportuguês ganhador do Premio Nobel de Literatura, numa dascadeiras do meu curso de pós-graduação em Letras. Ao analisar seu livreto, "O Conto da Ilha Desconhecida",escrito sem pontuação, o que permitiu uma série deelocubrações sobre esse irrequieto e se dizente escritorateu.
Pois, agora,ele ataca de novo com o lançamento de seu novolivro" Caim", em que destaca a violência na Bíblia,analisando a morte do irmão Abel, nos primórdios da criação do mundo.
Aos 87 anos, depois de enfrentar outra oposição da Igreja, em 1992, com seu polêmico "OEvangelho Segundo Jesus Cristo", em que ele teve algumas críticas do teólogos, com essa nova investida, ele afirma que Bíblia é um manual de violência e de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana.Sem deixar de declarar que sem a Bíblia os seres humanos seriam, provavelmente, melhores. E bate em cima das religiões, afirmando que Deus existe só na cabeça das pessoas e que a mesma só teve o condão de fazer mais mal do que bem à humanidade. Palavras dele. E o que está provocando ferozes ataques dos prelados católicos.
Eis , portanto, mais um debate do escritor luso, que foi imortalizado recentemente com a filmagem de seu livro,"Ensaio sobre a Cegueira", outra grande obra polêmica do ateu escritor.
Respondendo a uma pergunta, ele concluiu que será necessária uma argumentação muito retorcida para explicar e justificar os atos de barbárie de que a Bíblia está repleta.
No caso de Saramago, ele ainda disse que tem a pele dura. E que nada que possam dizer o surpreenderá. Como ele vem surpreendendo o mundo literário e religioso com suas polêmicas e irreverentes obras.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
CARTA DE UM POLICIAL PARA UM BANDIDO
Esse termo de senhor que estou usando é para evitar que macule sua imagem ao lhe chamar de bandido, marginal, delinquente ou outro atributo que possa ferir sua dignidade, conforme orientações de entidades de defesa dos Direitos Humanos.
Durante vinte e quatro anos de atividade policial, tenho acompanhado suas "conquistas" quanto à preservação de seus direitos, pois os cidadãos, e especialmente nós policiais, estamos atrelados às suas vitórias, ou seja, quanto mais direito você adquire, maior é nossa obrigação de lhe dar segurança e de lhe encaminhar para um julgamento justo, apesar de muitas vezes você não dar esse direito às suas vítimas.
Todavia, não cabe a mim contrariar a lei, pois me ensinaram que o Direito Penal é a ciência que protege o criminoso, assim como o Direito do Trabalho protege o trabalhador, e assim por diante.
Questiono que hoje em dia você tem mais atenção do que muitos cidadãos e policiais. Antigamente você se escondia quando avistava um carro da polícia; hoje, você atira, porque sabe que numa troca de tiros o policial sempre será irresponsável em revidar. Não existe bala perdida, pois a mesma sempre é encontrada na arma de um policial ou pelo menos a arma dele é a primeira a ser suspeita.
Sei que você é um pobre coitado. Quando encarcerado, reclama que não possuímos dependências dignas para você se ressocializar. Porém, quero que saiba que construímos mais penitenciárias do que escolas ou espaço social, ou seja, gastamos mais dinheiro para você voltar ao seio da sociedade de forma digna do que com a segurança pública para que a sociedade possa viver com dignidade.
Quando você mantém um refém, são tantas suas exigências que deixam qualquer grevista envergonhado.
Presença de advogados, imprensa, colete à prova de balas, parentes, até juízes e promotores você consegue que saiam de seus gabinetes para protegê-los. Mas se isso é seu direito, vamos respeitá-lo.
Enfim, espero que seus direitos de marginal não se ampliem, pois nossa obrigação também aumentará.Precisamos nos proteger. Ter nossos direitos, não de lhe matar, mas sim de viver sem medo de ser um policial.
Dois colegas de vocês morreram, assim como dois de nossos policiais sucumbiram devido ao excesso de proteção aos seus direitos. Rogo para que o inquérito policial instaurado, o qual certamente será acompanhado por um membro do Ministério Público e outro da Ordem dos Advogados do Brasil, não seja encerrado com a conclusão de que houve execução, ou melhor, violação aos Direitos Humanos, afinal, vocês morreram em pleno exercício de seus direitos.
Autor:
Wilson Ronaldo Monteiro
Delegado da Polícia Civil do Pará
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS
João Eichbaum
Naquele noticiarizinho de merda que a RBS apresenta, às sete da noite, que às vezes é às sete e cinco ou sete e dez, ouvi, por acaso, uma estrondosa chamada, mais ou menos nesses termos: “presa quadrilha de doleiros”.
Então, me interessei pelo assunto, de passagem, porque nunca assisto ao tal noticiário, que é levado ao ar entre as duas novelas que a minha mulher assiste.
É claro que apareceram imagens com gente humilhantemente algemada, levada pela Polícia Federal com a arrogância própria dessa instituição, que só gosta mesmo de aparecer, só faz aquilo que dá manchete.
Como é um noticiário de merda mesmo, não deu pra chegar à conclusão alguma. As notícias não são concretas, definidas, transmitidas com correção, mas apenas levam o tom de manchetes pra fazer o povo abrir a boca e dizer “bah”.
Só conferi no dia seguinte, nos jornais, para me inteirar sobre o bárbaro crime que levava os doleiros, membros de suas famílias e funcionários, num total de dezenove pessoas, a serem julgados e maltratados pela imprensa e pela polícia federal. A ZH atribui aos doleiros o crime de “criação de instituição financeira sem autorização para funcionamento por parte do Banco Central e evasão de divisas”.
Pois bem. Esse é o “bárbaro” crime cometido: contra a Fazenda Pública.
Enquanto alguns juízes soltam assaltantes, que representam um constante perigo para a sociedade, outros mandam prender doleiros, e apreender dinheiro, porque eles não tem autorização do Banco Central. Alguém entende isso? Olha, você aí, que acabou de sair do banco, com alguma razoável quantia de dinheiro, está sujeito a ter a sua verba apreendida. Em nome de que fundamento legal? Isso não importa. O que importa é o poder da Justiça de mandar prender e apreender. Você é que tem de provar que o dinheiro é seu e não é produto do crime.
Só quem pode jogar fora, ou usar em proveito próprio o dinheiro da Fazenda, sem autorização do Banco Central são os políticos. Para o resto do povo, o que resta é cadeia, cadeia na qual não há lugar para assaltantes, porque está ocupada por doleiros, membros de sua família e funcionários de pequena extração. Para gáudio dos juízes que mostram seu poder, para gáudio da Polícia Federal que aparece, e para gáudio da RBS que fatura com suas manchetes enganadoras.
Não se está fazendo apologia dos crimes contra a Fazenda, porque, em última análise, se trata do nosso dinheiro. O que se quer é que todas as leis sejam cumpridas, e não apenas aquelas que dão manchetes.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
CRÕNICAS DECIDIDAS
Paulo Wainberg
Adeus é a palavra mais triste que conheço.
Mesmo assim, quantas vezes tive que dizê-la. Quantas vezes dei adeus a pessoas, a coisas, a sonhos.
E hoje, mais uma vez, vou dar adeus. Adeus a um amigo fiel há mais de cinquenta anos. Um adeus dolorido e triste – como são todos – um adeus que eu não queria dar, mas sou obrigado, em nome de valores maiores do que uma amizade, e que existem, sim senhor, você pode acreditar em mim. Não posso mais postergar, vai ser agora, por mais medo, por mais falta que me vai fazer nossa amizade.
Não tenho coragem de dar adeus a esse amigo pessoalmente, olho no olho. Perdão, velho companheiro. Receba esta carta e, se puder, me perdoe:
Querido amigo.
Lembro, quando fomos apresentados, como se fosse hoje. Eu tinha então doze anos de idade e, confesso, não te gostei, à primeira vista. Recordo que tua atitude me provocou um certo enjôo, um gosto ruim, um engasgar diferente.
Mas eu queria a tua amizade e insisti na tua companhia. Aos poucos te tornaste uma das melhores coisas que me aconteceu e tua presença muito me confortou, em horas amargas, e muito me alegrou, nos momentos felizes.
E estiveste presente em todas, sem exceção, até hoje, meu caro, e isso não é pouca coisa de se dizer nem de se sentir.
Lembro que, graças a tua influência, muitas namoradas ganhei pois, magnânimo como só tu, fazias questão de acentuar um certo charme, uma postura sedutora que muito cativava as meninas daqueles tempos.
Ao longo dos anos, foste o calmante das horas nervosas, o tranquilizante quando tudo parecia perdido e, principalmente, o complemento supremo dos melhores prazeres, das maiores glórias, das realizações mais notáveis.
Com o passar dos anos, nossa união passou a incomodar os outros. Não podiam entender a nossa compreensão, nosso entendimento mútuo. Irritavam-se por eu não ir a lugar nenhum sem te levar comigo.
Meus amigos mais próximos e mais queridos iniciaram campanhas contra ti, meu caro, certamente por ciúmes. Passaram a proibir tua presença na casa deles, faziam cara de nojo à simples menção do teu nome e me alertavam para o mal que me fazias.
Mentirosos! O que não faz o ciúme! Nunca me fizeste mal, meu amigo, jamais, e posso provar com prova documental! Mesmo assim meus queridos e ciumentos amigos não acreditaram e tanta censura impuseram à tua presença ao meu lado que, para não te perder, passei a te esconder e, quando sentia falta de ti, me isolava, me afastava: era simples, se eles não toleravam tua presença, que ficassem lá, entre eles, e que nos deixassem em paz, só nós dois e o mútuo prazer que só quem já experimentou, conhece.
Mais tarde, autoridades e governos, inconformados com a nossa amizade, passaram a proibir nossa convivência em praticamente todos os lugares.
Todo mundo sabe que governos e autoridades não têm coração, são insensíveis e brutos. E, num passe de mágica, da noite para o dia, transformaram nosso relacionamento em coisa espúria, feia, inaceitável, proibida. Quê ignorância!
Querem nos transformar, a nós dois, em objetos, em raridade, submetidos à curiosidade e à execração pública, reservando os piores locais para nossa convivência. Proibiram nossos diálogos em qualquer tipo de viagem, obrigando-nos ao sofrimento de desejar, um ao outro, durante horas intermináveis, mal sabendo que, ao final delas, nosso reencontro era sublime.
E não parou por aí.
Minha família. Esposa, filha, genro, mãe, sogra, cunhados, todos eles sentindo-se diminuídos, como se o fato de eu gostar tanto de ti, meu amigo, significasse gostar menos deles.
Como é frágil, o ser humano. Inseguro, carente e, por que não?, paranóico. Como se isso fosse possível. Minha família não entende que meus afetos não são idênticos. O que sinto por ti, meu amigo, está numa realidade tão distante do que sinto por minha família, que é como comparar uma taça de morangos com chantili com uma blusa de lã com gola roulê a pinicar meu pescoço.
Você, meu querido amigo, sabe que resisti, contra tudo e contra todos. Lutei com todas as armas, me submeti a todas as humilhações, sobrevivi a todos os ataques e mantive nossa amizade, com fidelidade e persistência.
Porém, um novo valor surgiu, contra o qual não tenho argumento, não tenho defesa, sou obrigado a dar este adeus, triste e sofrido. Ainda não estou autorizado a revelar esse novo valor mas posso te assegurar, é irresistível. Foi me posta a escolha: Ou você ou aquilo. E, por mais que te ame, amo mais aquilo. Não há escolha, vou ter que te abandonar para sempre, usar essa palavra de tristeza, abandono e sofrimento: Amanhã te fumo pela última vez. Adeus, meu querido amigo cigarro. Espero ser forte o bastante para suportar tua ausência.