Janer Cristaldo
Associações homossexuais francesas estão indignadas com a rejeição, hoje, pela Assembléia Nacional, da abertura do casamento aos homossexuais, por 293 contra 222 votos. A SOS Homophobie se diz "revoltada e indignada" com a decisão, denunciada igualmente tanto pela Association des Familles Homoparentales (ADFH) como pela Homosexualité et socialisme (HES), que deplora o atraso injustificável da França.
Segundo a ADFH, uma maioria de franceses é hoje favorável ao casamento homossexual e a lista de países que o autorizam não cessa de aumentar de mês, remetendo a França à sua visão muito estreita da liberdade de ser e agir. Para o SOS Homophobie, este voto confirma que em 2011, na França, as lésbicas e os gays são ainda considerados como como sub-cidadãos/cidadãs, que têm os mesmos deveres mas não os mesmos direitos. "O governo e a UMP (Union pour un mouvement populaire) mostram sem ambigüidade que no seio da direita francesa, hoje, o que domina é um pensamento retrógrado e homófobo”.
Ou seja, não aceitar o casamento homossexual tornou-se perversão debitada à direita. Vinte anos depois da queda do muro de Berlim, os militantes homossexuais franceses apelam a uma terminologia dos dias da Guerra Fria, para satanizar quem pensa diferente.
Honra e glória sejam conferidas ao ministro Ayres Britto, do STF, para quem “o órgão sexual é um plus, um bônus, um regalo da natureza. Não é um ônus, um peso, um estorvo, menos ainda uma reprimenda dos deuses”. Considerado o plus, o ministro deu seu voto ao que chama de relação homoafetiva. No Brasil, homossexuais não mais existem. Agora são todos homoafetivos. Brésil über alles!
Em meio a isso, Marine le Pen, presidente do Front National, que hoje ameaça a reeleição de Nikolas Sarkozy, declarou que segundo “as regras de nossa sociedade, o casamento se efetua entre um homem e uma mulher”. Até aí, nada demais. Ocorre que a moça parece não ter entendido nem a sociedade nem os tempos em que vive.“Penso que não seja positivo mudar esta regra, porque se partimos deste princípio, pode-se ir muito longe na modificação de nossa civilização. Por que não a autorização da poligamia?” – pergunta-se Marine.
Ora, como se poligamia não fosse legal na França. Claro que a condição de polígamo não pode ser registrada em cartório. Mas é moeda corrente em qualquer país europeu. Sem que seja crime. Acreditar que alguém seja monógamo, em nossos dias, é pecar por ingenuidade. Mais ainda: a poligamia é legal, na França e não poucos países europeus, para os muçulmanos.Não sei como é hoje. Mas em meus dias de Paris – e suponho que isto não tenha mudado -, em nome do multiculturalismo, a França aceitava qualquer árabe que lá chegasse com as quatro mulheres que lhes permitia Maomé. Mais ainda: em caso de desemprego do marido, a assistência social amparava as quatro e mais os quinze ou dezesseis filhos do árabe. Para desconforto de Monsieur Dupont, que com seu salário mal conseguia sustentar amante e cachorro.“Existem famílias polígamas – diz Marine -. Por que amanhã um certo número de grupos políticos-religiosos não exigiriam que a poligamia, sob pretexto das igualdade de direitos, seja inscrita no código civil francês?
Bem, é uma outra civilização.”Em que mundo vive esta senhora? Se o código civil francês não contempla a poligamia, esta condição é vivida cotidianamente tanto por franceses como por árabes. Pelos franceses, sem o aval da lei. Mas poligamia, hoje, não é crime no Ocidente. Pelos árabes, com o escudo do Corão.
Marine le Pen, que está despontando como forte candidata à presidência da França, pelo jeito ainda não entendeu o universo em que vive.
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