segunda-feira, 6 de junho de 2011

PROFESSORA LUCIANA GENRO ADERE ÀS CARTILHAS DO MEC

Janer Cristaldo

Depois que a cartilha Por uma Vida Melhor, da professora Heloísa Ramos e mais dois outros educadores, foi distribuída pelo Ministério da Educação em uma tiragem de 485 mil exemplares, tudo era previsível. A autora defende a idéia de que erros gramaticais são aceitáveis na língua falada. Assim, frases como "os livro ilustrado mais interessante estão emprestado" não podem ser condenadas se forem expressas verbalmente.

Houve, na época, quem afirmasse que, dali ao 2+2=5 era só um passo. Esta expressão nos remete ao 1984, de George Orwell, talvez o livro mais importante do século passado. Nele, O’Brien, burocrata do Partido, convence Winston – sob tortura – que 2+2=5. Mas atenção: não vale dizer que 2+2=5 só para escapar da tortura. É preciso crer que 2+2=5.

O PT não chegou a tanto. Se em 1984 usa-se a tortura para torcer a aritmética, o MEC prefere método mais suave. Leio nos jornais que o ministério da Educação gastou R$ 14 milhões para distribuir material didático com erros de matemática a 37 mil escolas de educação no campo no ano passado. Nele se aprende, por exemplo, que 10-7=4. Que 16-8=6. Que 16-7=5.

Em meus dias de universidade, tive alunas que não sabiam nem somar nem diminuir. Nem multiplicar nem dividir. Mas isso porque não haviam aprendido a tabuada. Agora o caso é mais grave. O Ministério da Educação pagou R$ 13,6 milhões para ensinar que dez menos sete é igual a quatro a alunos de escolas públicas da zona rural do país. No segundo semestre de 2010, foram distribuídas com erros graves 200 mil exemplares do Escola Ativa, material destinado às classes que reúnem alunos de várias séries diferentes. Foram impressos ao todo 7 milhões de livros – cada coleção do Escola Ativa contém 35 volumes. Imagine o leitor o estrago.

Em meio a isso, a professora Luciana Genro, do PSOL, parece ter aderido às cartilhas do MEC. Em twitter publicado ontem, escreveu assim, ipsis litteris: “Palocci hipocrisia e sinismo (o grifo é meu) em estado de pureza!”

Espera-se que a elite branca não alimente preconceitos contra a professora.

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