sexta-feira, 29 de junho de 2012

COM TOGA OU SEM TOGA, HOMEM PÚBLICO É TUDO IGUAL


João Eichbaum

Uma comissão de “notáveis”, como sempre, foi designada para elaborar o projeto de um novo Código Penal.
Não sei o nome de todos os que compõem essa tal de “comissão”. Só me lembro de um deles. É o senhor Gilson Dipp, que chegou aos tribunais, entrando por uma porta dos fundos, a que permite a entrada de advogados.
Esse mesmo Gilson Dipp também faz parte da “comissão da verdade”, que é de mentira, como todo mundo sabe.
Não sei qual é a qualificação de Gilson Dipp. Não sei qual o seu grau de cultura, nem de inteligência. Só sei que ele tem parentes, irmão ou pai, de corpo e alma na política.
Então o senhor Gilson faz parte de duas comissões.
Não sei se alguém trabalha de graça para o governo. Não sei se há pagamento de “jetons” ou outra forma de gratificação para quem faz esse tipo de serviços. Mas, duvido que seja de graça.
O que me resta é perguntar: quando é que o senhor Gilson Dipp trabalha como ministro do Superior Tribunal de Justiça?
E a que título ele recebe a remuneração pelos serviços prestados ao governo, partindo-se da hipótese de que ninguém é relógio para trabalhar de graça?
Para quem não sabe, a única atividade que a lei permite aos juízes, além da magistratura, é o exercício do magistério.
Mas, até hoje, ninguém questionou a legalidade da participação do senhor Gilson Dipp em comissões que prestam serviços ao Legislativo e ao Executivo. Ninguém lhe cobrou o exercício pleno e integral da magistratura. Ninguém lhe cobrou o pleno cumprimento do seu dever: juiz deve ser juiz 24 horas por dia.
A lei, neste país, foi feita para ser cumprida por alguns. Pelos cidadãos comuns que sustentam uma comissão de “notáveis,” que elabora projeto do novo Código Penal, ao mesmo tempo em que o Congresso, por falta do que fazer, se ocupa de aumentar a pena de exploração de crimes sexuais.
A pergunta irrecusável é a seguinte: o Congresso sabia da existência dessa comissão de “notáveis”, da qual faz parte um juiz que não é completamente juiz?
Quais são os palhaços maiores: os da "comissão" ou os do Congresso?

quinta-feira, 28 de junho de 2012

A ÚNICA MATÉRIA PRIMA INESGOTÁAVEL


João Eichbaum

Nenhum ser animal aceita a morte. Racionais e irracionais a recusam, cada espécie a seu modo. Nos animais irracionais essa recusa é desenvolvida através do instinto de defesa, e eles o exercitam de conformidade com sua natureza, uns com violência, outros com subterfúgios inerentes à sua estrutura biológica: o leão com suas garras, o mosquito com suas ferroadas.
 Nos animais racionais, o móbil da recusa da morte é o instinto de defesa, próprio de todos os animais. Seu exercício, porém, é praticado através dos mais variados instrumentos, ditados pela racionalidade.
Mas, nuns e noutros, nos racionais e nos irracionais, a morte é inevitável. Podem alguns escapar dela hoje, amanhã, mas não escaparão para sempre.
E a razão para a morte é muito simples: todos os animais são feitos de matéria perecível.
Essa verdade, porém, não é digerida pela maioria dos animais racionais.
Ao constatar isso, os primeiros espertinhos da vida inventaram a religião, escolhendo como matéria prima do seu produto a morte,  matéria  que nunca faltará.
Os que inventaram o deus específico do cristianismo, chamado Jesus Cristo, transformaram a morte no maior dos troféus, colocando na boca do dito Cristo as promessas do paraíso, da vida eterna, da vindita contra os ricos, porque “será dos pobres o reino dos céus”. E para reforçar essa idéia de que a morte é apenas uma passagem, conta a mitologia cristã que o Cristo ressuscitou.
Na proporção do crescimento da raça humana, cresceu também a morte, a despeito do exercício de defesa concentrado nos avanços da medicina. E aí mais religiões apareceram, porque existe matéria prima para todas.
O fortalecimento das crenças e das seitas cria uma rede inextrincável de superstições, de que hoje poucas pessoas escapam. É tão forte o seu domínio que nem alguns seres humanos aparentemente mais inteligentes se dão conta de que estão nivelados por baixo, se identificando com os primatas de antanho que enterravam seus mortos com o material necessário para viverem no outro mundo, ou com os modernos, que entregam suas moedinhas para o Edir Macedo, ou  que agradecem ao seus deus pelos golos que fazem, os jogadores de futebol.
Tudo graças a essa matéria prima inesgotável, chamada morte.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

ESMOLAS


João Eichbaum

Na matéria que acompanhou a vida de um menino de rua, a repórter Letícia Duarte, com o apoio explícito da direção e do setor editorial do jornal Zero Hora, conclamou  a população, para que se abstenha de dar esmolas, sob o fundamento de que a esmola não só desestimula para o trabalho, como serve para alimentar os vícios.
Ninguém se pronunciou contra, todo mundo aplaudiu, é isso mesmo, gente, oba, oba!
Só que a Zero Hora não se deu conta de que estava falando em corda exatamente na casa de um enforcado chamado Brasil.
Apenas uma voz se levantou, nesse deserto imenso de falta de senso crítico deste país que, há  quase dez anos está entregue a um grupo que faz e desfaz, comete asneiras, mete a mão no cofre nacional, engana o povo com blablabá e pratica uma insolente caridade com o dinheiro público. Essa voz  afinada que mostra o quão desafinado estava o coro do oba, oba, não dê esmola, é do leitor Miguel Neves da Silva, de Canoas, que diz assim: “Espetacular, embora chocante, o especial Filho da Rua. Quanto à cobrança de quem dá esmola, serve para os últimos governos, que dão bolsas e mais bolsas, às custas de quem dá emprego, mirando votos.”
Realmente, “nunca dantes nesse país”, se beneficiou tantos vagabundos, se estimulou a paternidade irresponsável e se incrementou a preguiça, como durante o governo do PT. O “bolsa-família” é o pai de todas as esmolas. Seguem-se depois as verbas que sustentam os criminosos que invadem propriedades, o “aluguel social” daqueles que erguem barracos em terrenos públicos, e assim por diante.
Enquanto aquele que trabalha e produz é escorchado com a maior carga tributária do planeta, o vagabundo é estimulado a continuar na vagabundagem, a preguiça é chancelada oficialmente, a depredação do patrimônio público e privado é subvencionada pela administração do PT.
Esse é o quadro social próprio para que se criem e se multipliquem os “filhos de rua”: para que estudar, para que trabalhar, se o governo patrocina exatamente os que não trabalham?


terça-feira, 26 de junho de 2012

TEM QUE SER MACHO


João Eichbaum

O juiz que decretou a prisão do Cachoeira está se borrando, pediu proteção, pediu para ser afastado da jurisdição do processo, disse que foi ameaçado de morte, que sua família tem recebido ameaças veladas.
A magistratura de hoje, não é como a de ontem. Os juízes de antigamente eram respeitados, porque eram juízes por vocação, homens que traziam dentro de si qualidades de julgador. Ganhavam pouco, ingressavam na magistratura, movidos tão somente pelo ardor de fazer justiça.
Hoje é diferente. Altos salários, “status”, convites para lecionar em universidades, equipes com secretários, assessores, fazem da magistratura uma carreira atraente. Qualquer guriazinha, filhinha de papai, qualquer garotão que nunca trabalhou na vida se candidatam. Alguns passam anos e anos fazendo concurso, e mais nada fazem na vida senão estudar, porque vale à pena passar no concurso de juiz.
A magistratura deixou de abrigar homens com vocação, para atrair deslumbrados com ambição.
O resultado é esse: com a caneta na mão, gente sem experiência, sem vivência, e sem perfil para julgar, acaba “ se achando” e fazendo de tudo para aparecer. Um caso como o do Cachoeira é típico: dá manchetes. E a manchete alimenta vaidades.
Cachoeira foi preso porque explorava jogos de azar. Isso não é crime. É contravenção. Foi preso, dizem, por fraude licitatória. Mas, só ele, em todo o Brasil está preso por isso?
Os políticos cometem milhares e milhares crimes de fraude licitatória e estão soltos, ninguém tem coragem de prendê-los. Aqui no RGS assaltantes, estupradores, assassinos estão soltos, “por falta de vaga” nos presídios. Mas, o Cachoeira está preso por “fraude licitatória”, há quatro meses, sem julgamento.
Parece que estou desviando do assunto. Não estou. O que eu quero dizer é que a prisão de Cachoeira não tem fundamento. A escuta telefônica para apurar contravenção é ilegal. E as ilações subjetivas sobre conversas telefônicas jamais servirão como prova de crime de fraude licitatória. E toda a decisão judicial sem fundamento é uma injustiça. E uma injustiça dói. E mais: a injustiça é uma agressão. E toda a agressão gera o exercício do direito de legítima defesa.
Então, o juiz que pratica uma injustiça tem que ser macho, tem que aguentar. É fácil mandar prender de uma penada, em despacho talvez lavrado por secretário ou assessor. O mais difícil é ser macho, aguentar o repuxo, não fugir da raia. O juiz que tem a certeza de que agiu corretamente não teme, não pede proteção, não se borra.
A magistratura não foi feita para covardes, porque covardes não merecem respeito.



segunda-feira, 25 de junho de 2012

JESUS CRISTO PERDEU A CABEÇA


João Eichbaum

Foi o medo que obrigou os homens a inventarem deuses. Todo mundo sabe que, não podendo explicar os fênomenos da natureza que os aterrorizavam, nossos ancestrais atribuiam sua força e sua violência à ira dos deuses.
Aí, com a evolução de sua inteligência, a cultura e o domínio da ciência, o primata humano passou a descobrir a causa dos fênomenos naturais, a ponto de prever alguns. Mas, esbarrou no maior de todos os fenômenos, a morte, a finitude, com a qual não se conforma. Então, preferiu continuar acreditando nos deuses que os antepassados inventaram, com a esperança de que esse misterioso fenômeno seja a porta da morada da divindade.
Mantendo a crença nas entidades divinas, ou acreditando na existência de outra vida depois da morte, o homem aperfeiçou essa crença, deixou de adorar o sol, a lua,etc, mas não abriu mão dos mitos. O mito é que divide os crentes, faz deles budistas, maometanos, induístas, cristãos e por aí vai. E a cada mito corresponde um deus, ou o mesmo deus se divide em personalidades e objetivos distintos para um ou outro credo. E cada crença pinta o seu deus como acha que ele deva ser.
No credo católico, que é um dos ramos do cristianismo, a divinidade e seus agregados são representados por pinturas ou esculturas e espalhados por igrejas, ruas, praças, monumentos, banners, etc. E ai de quem destruir, danificar ou troçar dessas representações feitas de cimento, papel ou tinta: será considerado “sacrílego”.
Pois, há pouco tempo atrás, num distrito de Santa Maria, conhecido como Arroio Grande, colônia ardorosamente católica, um raio decepou a cabeça do enorme Jesus Cristo que era um dos monumentos do lugar. E agora está lá o Cristo, literamente sem cabeça.
A natureza desrespeitou o Cristo. Um dos fenômenos naturais, que levou os homens a inventarem deuses, agora se abate sobre a cabeça do Cristo de Arroio Grande, mostrando que nossos ancestrais não tinham razão.
A cabeça do Cristo foi esfacelada como foram esfacelados os motivos que levaram o primata a inventar deuses: não são os deuses que dominam a natureza.






sexta-feira, 22 de junho de 2012

PARA O PT O QUE RESOLVE MESMO É MEDALHA


João Eichbaum

A Zero Hora publica em destaque a notícia de que a repórter Letícia Duarte vai receber, no dia 12 de julho, às 11:30 horas, no Salão Júlio de Castilhos do Palácio Farroupilha a “medalha da 53ª Legislatura da Assembléia Legislativa do RS como homenagem à reportagem Filho da Rua, publicada em caderno especial” daquele jornal.
O autor da proposta, deputado Valdeci Oliveira, afirma que “a medalha visa dar ainda maior amplitude a este trabalho minucioso e fazer com que a sociedade, com vigor redobrado, se desafie a enfrentar e a superar esta epidemia que corrói futuros no Estado e no país”.
Muito bem. A menina merece medalhas e homenagens. Não deve ter sido fácil. Foi um trabalho corajoso, sobretudo, para uma jovem iniciante na carreira de jornalismo, para o qual ela demonstrou inegável vocação.
Mas, partindo de quem partiu, a medalha merecia ser jogada no lixo. Valdeci Oliveira é deputado do PT, esse partido que governa o país e o Rio Grande do Sul. Ao invés de dar medalhas, o que o deputado devia fazer, para homenagear a moça, seria cobrar de seu incompetente governador, que nada fez até agora, a não ser aumentar impostos e acomodar companheiros, um começo de governo.
O senhor Valdeci devia mostrar ao governador e a todos seus companheiros de partido que, sem governo, nada se consegue e que, sem educação, pior ainda.
Mas, a inteligência do senhor Valdeci não chega a tanto. Quem deposita numa medalha o poder de “dar maior amplitude” a uma matéria jornalística, mostra que não tem nada na cabeça, não tem instrução, não tem inteligência e nem a mínima idéia sobre as responsabilidades de um governante.
E como não tem inteligência para elaborar idéias próprias, só lhe restava ir na onda dos que culpam “a sociedade” pelas mazelas que nos assolam.
Claro, de certa forma ele não deixa de ter razão: quem elege governador e deputados do PT é o povo, grande parte da “sociedade”.
Bem feito.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

A HÓSTIA DA DISCÓRDIA


João Eichbaum

Entre os primatas, tudo é possível. Aquele velho ditado “vou morrer e não vou ver tudo” serve exatamente para mostrar a imensa capacidade que o primata tem de surpreender, indo da total ausência de racionalidade ao extremo uso da razão. Dentro desse campo, quase infinito, tudo pode acontecer. Partindo-se desse pressuposto, nada nos poderá causar surpresa.
O cristianismo inventou um rito, a que deu o “status” de sacramento, chamado “eucaristia” ou “comunhão”. Segundo a mitologia cristã, Jesus Cristo, um deus que, desfalcando, no céu, o trio chamado Santíssima Trindade, veio para terra, depois de passar pelos órgãos reprodutores de uma virgem, se fez homem. Aqui, entre outras coisas, depois de um jantar regado a vinho, disse que o vinho era o sangue dele e o pão que acompanhava a ceia, o seu corpo. E teria instado a todos que “comessem o seu corpo e bebessem o seu sangue”.
O mito foi transformado em rito e até hoje é praticado pelo cristianismo.
Tempos houve em que a “primeira comunhão” era quase um requisito de cidadania. Quem não tivesse tomado a dita “primeira comunhão” seria olhado de soslaio na sociedade. Havia festa, as meninas se vestiam de noiva, os meninos, de terno e gravata, também pareciam noivos.
Hoje, a “primeira comunhão” perdeu sua condição de “requisito de cidadania”. Acredito que a maioria, ou significativo número de pessoas pelo menos, não participam desse rito.
Mas ainda há pessoas de pouca ou nenhuma instrução que não o dispensam, porque a absorção do mito lhes roubou  o espaço da racionalidade.
A imprensa noticia que uma senhora, em Bom Princípio, não admitia que seu filho, autista, ficasse sem “o corpo e o sangue” de Jesus Cristo. Por isso, combinou com o padre que ensaiaria com a criança a teatralização da eucaristia, para que ele participasse, com outras crianças, do ritual da “primeira comunhão”. No dia da festa, diante da Igreja lotada, inclusive com  parentes e amigos convidados pela família da criança, o padre mandou retirar o menino da fila dos comungantes, sob a alegação de que o autista não compreende a significação do ato religioso.
Foi um auê, naturalmente, a comunidade se revoltou, houve lágrimas, desconforto, foram ao bispo. Constrangido, o padre negou o óbvio, o preconceito.
O menino, é claro, “não ta nem aí”, mas a mãe, sobretudo, sofre, pagando o preço de ter se entregado incondicionalmente a uma lavagem cerebral, que a impede de raciocinar.
Para quem olha à distância, é a Igreja mandando às favas “os direitos humanos”, porque Jesus Cristo só se interessa pelas pessoas sãs (leia-se pessoas com capacidade produtiva, já que, sem apoio financeiro, as religiões podem desaparecer e Deus com elas).



quarta-feira, 20 de junho de 2012

OS FILHOS DOS DIREITOS HUMANOS


João Eichbaum

A Zero Hora do último domingo publicou um caderno especial com o tìtulo “Filho da Rua”, narrando a história de um menino de rua, viciado em drogas, pedinte, que está a passos largos no caminho do crime. É uma história vulgar, como milhares de outras, do menino que veio do interior, filho de pais separados, etc, etc., um enredo pra lá de repetitivo.
Na contracapa do caderno, a Zero Hora se arvora no direito de dar conselhos, insinuando levemente que a culpa é da “sociedade” – como sempre.
No editorial de segunda-feira afirma que “a intenção não é acusar ninguém...”
Leitores vários se manifestaram sobre o tema. A maioria, movida pela pieguice, se diz “emocionada”.
Poucos leitores tiveram coragem para se expressar com a objetividade que a questão merece. Paschoal Buglione diz assim:
“Não concordo com o que está escrito na contracapa da reportagem, que sugere o que podemos fazer para contribuir. Embora considere válida a importante sugestão, entendo que, acima de qualquer coisa, deve haver e estar o poder público, que se mostra ausente ou no mínimo fraco”.
Inês Mascia Carneiro Monteiro é mais categórica:
“ O menino...não é filho de todos nós, mas sim de um governo omisso que rouba sem cessar, descaradamente, quando pagamos fortunas de impostos numa luta tenaz pela sobrevivência e pela educação de nossos legítimos filhos...”
Vitor Hugo Carvalho vai mais fundo:
“ Na maioria os filhos da rua são  gerados nas visitas íntimas dos presídios. As mulheres nem são casadas, por isso nasce um filho de cada naipe...”
É exatamente assim. Existem culpados, sim. Em primeiro lugar, os governantes, os de hoje, os de ontem, os de sempre. Assim como não constroem presídios, também não se preocupam em prevenir a delinquência, educando, prestando assistência, cumprindo a lei.
Ao invés de botar toda a polícia atrás de máquinas caça-níqueis, por exemplo, por que é que os governos não cuidam de aplicar a lei que tipifica como crime o abandono material e intelectual de incapazes?
Por que é que não constrói mais escolas, não paga melhor os professores, para qualificá-los melhor, não investe em educandários com estrutura material e técnica para suprir as deficiências sociais das famílias na educação dos filhos?
Em segundo lugar, os culpados são os arautos dos “direitos humanos”, que impedem o aborto e a limitação de filhos, a capação em geral, e ainda lutam pelos direitos dos assassinos, estupradores, ladrões, assaltantes, os “pobres” presidiários.
De que adianta apregoar “direitos humanos” à procriação, sem exigir “deveres humanos” na educação?
Há culpados, sim. E a culpa está bem definida: nas lideranças, sejam quais forem, políticas ou religiosas, e não no povinho que se “emociona” com a situação das crianças, sente pena e lhes dá esmolas.
Ah, e antes que me esqueça, a repórter Letícia Duarte, que fez a matéria, é uma gata, nossaaaaaaa! Mas terá que estudar muita antropologia ainda para não dizer coisas do tipo “nós somos todos cúmplices”.
Eu, fora. Mas, à disposição, se ela quiser dividir um vinho comigo, numa dessas noites frias...



terça-feira, 19 de junho de 2012

QUADRILHAS EM AÇÃO




João Eichbaum

Aquele “ohhhhh” que a plateia grunhiu, ao ver o Lula e o Maluf se abraçando, mostra que o distinto público não conhece os políticos.
O Lula veio do nordeste, com uma mão na frente e outra atrás, as duas com cinco dedos, matar a fome em São Paulo. Enganou de torneiro mecânico e empenhou um dos dedos com o demônio, para poder ser alguém na vida.
O demônio aceitou: acordo feito. E o Lula começou a subir, de fato, na vida. Aproveitou o auxílio-doença para fazer carreira no sindicato e nunca mais voltou a enganar como torneiro mecânico. Ele foi esperto, soube apostar na sua melhor qualidade, a arte de enganar. Afinal, não foi por nada que ele ofereceu o dedo ao diabo.
Então, mal sabendo escrever, porque ler, nem ele mesmo sabe se sabe, porque jamais leu um livro, foi enganando no sindicato, com seus gritos histéricos e a voz rouca de sapo. Para não o confundirem com sapo, adquiriu uma barba. Aí começaram a chamá-lo de Sapo Barbudo. Mesmo assim, não se incomodou. O que ele queria era ser lembrado, conhecido.
Enfim, chegou à liderança sindicalista, se aposentou depois de ter enganado como torneiro mecânico uma meia dúzia de anos e se botou na política. Sempre usando sua grande qualidade, que é a de enganar, chegou a presidente desta república. Lá se aproveitou do dinheiro que nunca tinha visto na vida e começou a comprar adversários. O adversário político gosta de dinheiro e ele sabia disso. Resultado: a quadrilha do mensalão.
 O Maluf nunca precisou fazer nada na vida: achou tudo pronto. Comerciante por genética e etnia, já nasceu bem de vida, o destino sempre o tratou bem, sem precisar negócio nenhum com o demônio. Aliás, demônio nenhum iria querer negociar com ele, sabendo que só tinha a perder.
Então, o Maluf não precisava subir na vida. Já nasceu em cima. Dinheiro para ele nunca foi problema. Por isso ele não precisava matar um leão por dia para viver. Mas, se achasse morto, ah, isso ele não perdoava... O que ele fez então foi organizar a quadrilha dos que precisavam matar. Ele já  achava o leão morto.
De modo que, de leão em leão, ele fez da política o grande multiplicador do seu patrimônio, que era o multiplicando nessa operação aritmética.
Foi processado, proibido de entrar em vários países, teve que fugir etc. etc.
Dois grandes currículos, o do Lula e o do Maluf, do tamanho da vergonha da política brasileira. É que a vergonha até aqui ainda era pouca...
E vocês sabem por que é que eles se uniram?
Porque não poderão ser processados por formação de quadrilha. As quadrilhas já estão formadas há muito tempo!

segunda-feira, 18 de junho de 2012

NEM PRECISA DE NOSTRADAMUS


João Eichbaum

Ainda que remotamente, o primata humano está dando sinais de que começa a ter perspectivas do fim.
A Europa, que pretendia ser a grande potência econômica mundial com a união de forças, já mostra sintomas sérios de esgotamento.
Só os primatas de lá não viram isso: juntar Portugal, Grécia e Espanha às forças da Alemanha, com a ajuda da Itália e da França, que não estão entre os piores, mas precisariam melhorar muito para chegar até lá, não podia dar outra coisa. A Alemanha, a destruída e ressuscitada Alemanha, que dá lições para o mundo inteiro, não pode carregar toda a Europa nas costas.
A China, que escraviza a mão de obra do primata, está chegando ao topo do monte econômico. Mas os primatas escravizados não resistirão por muito tempo.
Japão e Estados Unidos, que não se juntaram em grupos, como a União Européia e o Mercosul, embora não estejam crescendo no ritmo da China, estão longe dos perigos que ameaçam detonar a economia européia. Só que de nada adiantará o seu crescimento, se é que isso vai acontecer, porque terão que escolher entre a Europa falida e a América fodida.
Agora, se reuniram cerca de duzentos países, no Rio de Janeiro, para discutir o porvir, para lançar fundamentos que garantam o futuro da humanidade, porque a natureza, ameaçada, já dá mostras de cansaço, e aponta para uma perspectiva negra de vida: há gente demais no mundo e o espaço para plantar se torna cada vez menor, a fome avança, mas a ganância também.
Então, estão reunidos pobres e ricos no Rio de Janeiro (quem é que vai pagar essa conta, mesmo?) para elaborar uma, digamos assim, carta de intenções, a fim de equilibrar a natureza com a economia.
Coisa de primatas, naturalmente.
Nunca. Duzentas pessoas, reunidas, nunca irão pensar a mesma coisa. Nunca, neste planeta, alguém conseguirá conciliar interesses. Nem Jesus Cristo conseguiu unanimidade. Os interesses dos pobres não combinam com os interesses dos ricos.
Então, a coisa está assim, ó: a ameaça da derrocada Européia somada às ameaças da natureza agredida faz resultar o anúncio de que o primata humano chegou na encruzilhada. Só não sabe qual dos caminhos conduzirá ao seu fim.
A natureza não vai esperar pelo equilíbrio. Vai cobrar a sua parte. E aí, deu.




sexta-feira, 15 de junho de 2012

AS MELHORES VOZES CLAMAM NO DESERTO


João Eichbaum

Felizmente, nem toda a raça humana é ignorante e mal intencionada. Há alguns da espécie que fazem exceção e o fazem de tal forma que projeta na gente a esperança de que, servindo eles como reprodutores, a humanidade melhore.
Hoje, por exemplo, tomei conhecimento da existência de um desses seres excepcionais. Chama-se Luciano Klöckner, é jornalista e professor universitário.
Em artigo na Zero Hora, redigido em estilo leve, atraente, bem humorado, mas carregado de intensa ironia, ele discorre sobre as artificiais e ignaras explicações das autoridades, os “representantes do povo e do governo” sobre o inexplicável: os aspectos econômicos e sociais da realidade brasileira.
“É tragicômico observar as entrevistas das autoridades tentando – é interessante frisar: tentando – explicar através da mídia, os porquês de o Brasil crescer apenas X vírgula Y por cento em 2.012, com projeção de não sei quantos por cento em 2013, patati-patatá...” – começa ele.
A partir dessa premissa ele foca a realidade, os verdadeiros dados que jamais são levados em conta no exame da estrutura social e econômica: a mendicância, o atraso na educação, a corrupção, a falta de segurança, o terrorismo fiscal, a ausência de obras essenciais, como os presídios, etc.
Na contramão desse brilhante artigo e para não me deixar com cara de mentiroso quando afirmo que a regra, na espécie humana, é a ignorância e a má intenção, a jornalista Rosane de Oliveira, no mesmo jornal, publica em destaque uma foto do barbudo e pançudo Gilson Dipp, ao lado de um dos inexpressivos vereadores de Porto Alegre, dizendo que os dois “acertaram...depoimentos sobre a violação dos direitos humanos e tortura à época da ditadura militar..”
Grande notícia, né?
E toca adiante, que tudo vai bem neste Brasil, no presente e no futuro, segundo os “indicadores” das autoridades. O nosso problema é só o passado.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

FALTA DE MACHOS


João Eichbaum

O jornal italiano “Il Sole 24 Ore” mandou uma carta à chanceler alemã Angela Merkel, dizendo: “Senhora Merkel, não pode continuar assim. Não irá longe se continuar indiferente à raiva dos gregos, se permanecer distante do orgulho ferido dos espanhóis, do medo dos italianos e das angústias francesas. É preciso enviar uma mensagem forte aos mercados. A Europa existe e não se rompe, ponto”. E acrescenta, em alemão, “schnell, Frau Merkel” (depressa, senhora Merkel).
A que ponto chegamos: só uma mulher - por sinal, feia, gordinha, desengonçada, sem graça, metida sempre nuns casaquinhos apertados – pode resolver a crise econômica da Europa. Os gregos, que deram o pontapé inicial na civilização, elevando o primata humano à condição de intelectual, estão numa pior, com a economia atrasada porque não tiveram administradores sérios e competentes no governo. Os espanhóis, como diz o jornal, sempre orgulhosos, estão indo para o mesmo caminho porque, além de sustentarem uma família real, são governados por gente que só faz política e blablabá. Os italianos estão com medo das pedrinhas do jogo de dominó, que começaram a cair na Grécia, e fazendo estrago nas economias, principalmente nas de raça latina; Portugal, Espanha, França. Os italianos estão com medo exatamente por isso: o sangue que lhe corre nas veias é latino.
Como se inverteram as coisas! Ontem, os alemães eram considerados a pior raça do mundo, assassinos de judeus, etc, etc. Hoje a economia Européia depende da liderança e da disciplina deles, comandados por uma mulher! Ontem, o Führer, hoje a Frau, mas sempre a Alemanha, ressurgida do meio dos destroços, os bárbaros superando os dândis latinos.
E é só por falta de vergonha na cara que os machos da Itália, da Espanha, da França, de Portugal e da Grécia continuam nos postos políticos. Se tivessem ombridade entregariam seus cargos, desistiriam da política.
 Com tanta mulher bonita na Grécia, na Itália e na França, poderia haver alguma delas que batesse a frau Merkel. Pelo menos em beleza!



quarta-feira, 13 de junho de 2012

VOVÓ NÃO VIU A UVA: VIU O REVÓLVE




João Eichbum

A vovó tem oitenta e sete anos. Quem tem oitenta e sete anos raciocina lentamente. A vovó, para se locomover, necessita de bengala. Quem necessita de bengala, a primeira coisa que faz, antes de andar, é pegar a bengala.
A vovó está dormindo, é alta noite, tem oitenta e sete anos e ouve um barulho no quarto, vê um vulto, pensa que é o seu neto.
Mas aí, o vulto fala com ela, ordena que ela não se mexa e sai do quarto.
A vovó se levanta. Mas, para se levantar, precisa da bengala. Será que ela, no escuro, sabe onde está a bengala?
Será que ela tem capacidade de se levantar no escuro, antes de pegar a bengala?
Ou terá que acender a luz?
O tempo anda. O  vulto aquele já não está no quarto.
Então a vovó, cronometrada pelos seus oitenta e sete anos, acende a luz, pega a bengala, se levanta, vai no roupeiro e remexe as roupas, procurando um revólver que lá está guardado e devidamente municiado, sem uso, há trinta e cinco anos. Naquele momento, a vovó não vê a uva (em Caxias), vê o revólver.
Revólver combina com bengala?
Ela não se preocupa, e com o passo resoluto de oitenta e sete anos, pega o revólver e sai atrás do sujeito que tinha estado no quarto. Ele está com um molho de chaves na mão e tenta abrir uma porta de ferro para sair.
Para entrar no apartamento – um apartamento, note-se – ele não precisou de chave. Teria entrado por uma janela. Mas agora, para sair, ele precisava das chaves, e tanto que as tinha na mão.
Mas, ele sabia onde estava o molho de chaves? Que intimidade com o apartamento da vovó, não é?
Então, o vagal vê a vovó com o revólver na mão e ameaça agredi-la. Mas a vovó atira, ele cambaleia e cai. Aí tenta levantar e a vovó mira no coração do cara e o acerta outra vez. E ainda, para dar por encerrada a questão, lhe dá um terceiro tiro. Ele, deitado, abatido, sem capacidade de reagir.
Quem já atirou com revólver sabe que o tiro provoca um safanão na mão de quem utiliza esse tipo de arma. Sabe que, para ser engatilhada, a arma exige uma certa força e que ninguém, aos oitenta e sete anos, nunca tendo usado arma na vida, e dependendo de uma bengala para se equilibrar, poderia com uma só mão, puxar o gatilho de um revólver que está municiado e sem lubrificação há trinta e cinco anos, sem uso.
Onde estava a bengala da vovó, nesse momento, enquanto os tiros lhes davam safanões na mão?
Qualquer bacharel que tenha feito um bom curso de Direito, absorvendo todo o conteúdo de  Medicina Legal, que inclui  Balística e Psicologia Forense, ao ler esta crônica vai parar por aqui mesmo:
ESTA NÃO DÁ, CONTA OUTRA!


terça-feira, 12 de junho de 2012

RELIGIÃO, POLÍTICA e MÍDIA

RELIGIÃO , POLÍTICA e MÍDIA


João Eichbaum

A massa popular, quer dizer, o povo que se forma com a abnegação da individualidade, não pensa. Essa massa – ignara, como já foi denominada por alguém – é composta, na sua quase generalidade, por seres humanos de baixa extração cultural.
Já os indivíduos que pensam, que se amam apaixonadamente a si mesmo, se prevalecem exatamente dessa massa que não pensa, para pensar por ela.
São, os chamados líderes.
Os primeiros líderes, certamente, foram os religiosos. Aproveitando do único objetivo de que a massa popular não abre mão, que é a vida, esses líderes inventaram deuses, outras vidas, ou o simples prolongamento desta vida.
Era tudo o que a massa queria. E assim começaram as religiões. E ninguém até hoje conseguiu, nem conseguirá jamais terminar com elas, porque elas representam o objetivo único dos que não pensam: a continuação da vida.
Depois da religião, veio o domínio político. Com as mesmas intenções das lideranças religiosas, os espertos que chamaram para si a tarefa de pensar pela massa construiram um modo perpétuo de dominá-la, iludindo-a com a promessa de vida melhor.
E assim, desde que existem os líderes, vai a vida, o povo se ralando, os líderes roubando e enriquecendo, e tudo fica por isso mesmo.






Hoje em dia, existe a chamada “mídia” que pensa pela massa também, mas pensa de outro modo, visa o lucro não do jeito que os políticos buscam. A mídia, principalmente a televisão, faz o povo pensar, obriga-o a raciocinar. Mas, direciona esse pensamento, fazendo o povo pensar o que ela pensa, o que ela quer que o povo pense.
Ela, de algum jeito vai lucrar. Mas, o povo vai continuar na mesma merda.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

DA JUSTIÇA E SUAS ASNEIRAS


João Eichbum

Uma das primeiras coisas que faço, ao abrir o jornal diariamente – e agora com esse frio na frente do fogão a lenha, ouvindo a água do mate chiar e o fogo crepitar – é ler as manifestações dos leitores. 
Abaixo da coluna dos cronistas, alguns dos quais passo adiante, sem ler, como o Fabrício Nejar, que só fala de abobrinhas, ou o Luiz Fernando Veríssimo, esse quando escreve sobre política, ou sobre assuntos da Europa e dos Estados Unidos, a Zero Hora publica, sob o título DO LEITOR, as opiniões dos leitores sobre os mais diversos assuntos, geralmente sobre notícias publicadas no jornal.
Fico impressionado não só com a inteligência, o bom senso e conhecimento de causa da maioria dos leitores, como também com a ótima redação dos textos. Suponho que sejam pessoas de certa idade, que tiveram formação nos bons tempos em que as escolas ainda ensinavam.
Existem exceções, é claro. Há os crentes, os ingênuos, os que acreditam nos políticos, felizmente minoria.
Mas, predominam os primeiros, os inteligentes, os que realmente sabem escrever e que superam de longe muitos dos jornalistas que, nos dias de hoje, conseguem seus diplomas em qualquer faculdade, pagando em prestações seu curso de graduação.
No jornal de domingo, porém, li a manifestação de uma leitora, não na segunda página, mas na página do Túlio Milmann. O Túlio tinha publicado uma nota, no dia anterior, sobre decisão da justiça que havia determinado o pagamento de metade da pensão para a mulher legítima e metade para a amante, ou concubina, de servidor falecido.
Comentando a nota, a leitora Lia Wolmann, num rasgo de inteligência, de magnífica síntese e de venenosa ironia, escreve: “Quer dizer que a “justiça” legalizou a bigamia? Até ontem eu pensava que fosse crime!!”
Sem comentários.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

DEUS E O VATICANO


João Eichbaum

Li ontem duas notícias contraditórias. Uma delas falava do enfeite das ruas, artistas se expondo ao frio, beatos de joelhos no asfalto, enfeitando a rua para a passagem do “corpo de Cristo”.
A outra notícia, nada piedosa. Tratava da “crise no Vaticano”.
A partir da publicação do livro de Gianluigi Nuzzi, com o título de “SUA SANTITÀ – Le carte segrete di Benetto XVI”, suporou um ferida no Estado da Igreja, o Vaticano. A podridão veio a furo.
A primeira baixa foi a do mordomo. O mordomo, como sempre, na linha da literatura policial inglesa, é o culpado. Paulo Gabriele é nome dele. Ilustrando a notícia, que ocupa duas páginas de ZH, lá está o Paulo Gabriele segurando o guarda-chuva, ou guarda-sol, para proteger o papa contra a chuva ou os raios solares.
Mordomo. Jesus Cristo nunca sonhou com uma coisa dessas. Nem poderia, é claro, porque não tinha nem onde cair morto. Mas, são coisas da vida. A mitologia cristã evoluiu de um pobre diabo que nasceu numa manjedoura para um senhor cercado de pompas, vestido como um rei, tendo a servi-lo um time de pajens que muitos reis não têm.
Mas, sem mudar de assunto, o mordomo foi preso, sob a acusação de inconfidência, se lhe havendo atribuído o fornecimento da matéria que serviu ao escritor italiano Gianluigi Nuzzi, para seu interessante livro.
Mas, agora a questão está sendo desdobrada, a partir das revelações do livro, mostrando sinais de corrupção, de má administração e de intrigas pessoais dentro do Vaticano, onde principalmente duas figuras, cardeal Bertone e monsenhor Gänswein são alvos de azedas censuras. Ambos, porém, gozam da extrema confiança de Bento XVI e isso incomoda muita gente.
O Vaticano evoluiu. Das orgias sexuais de antigamente, os problemas mudaram para corrupção. Só não muda a divindade, da qual se dizem representantes os que lá dentro se abrigam, vivendo uma vida principesca. Essa divindade, chamada comumente “Deus”, continua a mesma, e nada faz para que a idéia cristã realmente se realize, fazendo do ser humano uma criatura exemplar. A começar pelos habitantes do Vaticano, claro.



quarta-feira, 6 de junho de 2012

AS BÊNÇÃOS DE DEUS


João Eichbaum

Tenho um vizinho que, a cada vez que me encontra, me saúda com grande alegria, com um cavalheirismo digno de nota, sempre perguntando: “como vai, seu João?”
Como sempre estou de bem com a vida, lhe respondo que vai tudo bem. E ele acrescenta, levantando as mãos para o alto: “graças a Deus”!
Tenho também um amigo que é padre, gente muito fina, que, quando encerra seus e-mails, me envia “muitas bênçãos”.
Os jogadores de futebol, quando fazem golos, levantam as mãos para o céu, alguns se benzem, em sinal de pública gratidão às divindades que eles imaginam que existem.
Tudo isso me faz pensar no Lugo.
Sim, o atual presidente do Paraguai, que foi bispo da Igreja Católica, ou, segundo as leis da mesma Igreja, ainda o é porque o caráter sacerdotal é eterno: “sacerdos in aeternum, secundum ordinem Melchisedec...”
Pois apareceu agora mais um filho do então bispo Lugo: “um menino de  10 anos, cuja mãe é a enfermeira  Narcisa de La Cruz de Zárate, de 42 anos, do departamento de San Pedro”, onde ele foi bispo até 2004.
Em 2009 ele tinha reconhecido um filho tido com Viviana Carillo. No mesmo ano, Benigna Leguizamon também tinha ingressado com ação de investigação de paternidade, representando seu filho Guillermo Armindo. Damina Hortênsia Morán também levou Lugo para a Justiça, mas não levou.
Ora, ele era bispo, tinha feito votos de castidade, mas não conseguia cumpri-los. Nós, homens normais, sabemos que a função sexual é uma função fisiológica como qualquer outra e assume a maior importância na espécie animal para a preservar a mesma espécie. Quer dizer, é uma função irrecusável, imposta pela natureza.
Diante disso, para superar essa força, só mesmo uma ajuda de alguma divindade poderia resolver. Sozinho o homem não consegue. E o deus da Igreja Católica, que é o mesmo deus do meu vizinho, dos jogadores de futebol e do padre meu amigo teria obrigação de atender, em primeiro lugar, ao seu bispo, que o representa na terra, dando-lhe as bênçãos necessárias para se sobrepor à natureza.
Mas, pelo jeito, ele na está nem aí, nem para o Lugo, nem para qualquer religioso: deixa-os à mercê da natureza, obrigando-os a mentirem para todo mundo que o seu deus os protege e que eles são castos.
Que o digam as mulheres do Lugo.


terça-feira, 5 de junho de 2012

DIGNIDADE? O QUE É ISSO?


João Eichbaum

Tenho insistido, desde há muito tempo, que o ser humano, em si, não tem dignidade. E isso, por uma simples razão: é um animal violento, igual a qualquer outro.
A diferença entre o homem e os demais animais está na plena capacidade de raciocínio. Assim mesmo, existem exceções, por deficiência no funcionamento de certos órgãos. Há seres humanos que já nascem com tais deficiências. Outros, em razão de acidentes ou doenças supervenientes, ficam reduzidos à pura condição vegetativa, como os animais ditos inferiores, ou como as plantas.
 Por poder raciocinar, o homem é capaz de elaborar  ou assimilar valores. O convívio social, a incapacidade de realizar-se plenamente a si mesmo, que gera a dependência da vida no grupo social foi uma das primeiras fontes de educação. Por necessidade, ou por medo, seja lá porque tenha sido. Depois, vieram as lideranças que começaram a exercer domínio sobre o grupo, entre essas as lideranças religiosas.
Foi assim que o ser humano, violento e egoísta por natureza, se maneirou. Então se convencionou dizer que o ser humano tem “dignidade”.
Mas essa “dignidade”, por ser produto de mera convenção, é descartável. E cada um se torna “digno” na proporção de seus interesses. O mais das vezes o interesse é maior do que essa “dignidade” meramente convencional e então essa “dignidade” vai para as cucuias.
Exemplo de “dignidade”seriam os líderes, os escolhidos pela comunidade para representá-la, ou os que, aproveitando as oportunidades, se tornam lideres, mercê de recursos pessoais próprios.
Mas, todo esse meu blábláblá tem em vista uma só pergunta: pode-se afirmar, sem medo de errar, que todos os políticos brasileiros têm “dignidade”? Ou, pelo menos algum deles tem “dignidade”?
Deixo a resposta para cada um.


segunda-feira, 4 de junho de 2012

SOBRE PORCOS E MINISTROS




João Eichbaum

Paulo Brossard é um provecto senhor. Escreve bem, com elegância e correção gramatical, muito melhor do que a maioria dos jornalistas formados e diplomados.
Mas, o seu estilo é seco, antiquado, muitas vezes ele usa palavras já sepultadas pelo esquecimento. Não  é um estilo atraente, desses que fazem o leitor devorar o texto ou que consigam mexer com os sentimentos.
Paulo Brossard deve ter seus leitores certos, definidos, em número que deve estar diminuindo, porque a idade chega e, com ela, o fim. Duvido que algum jovem o leia, embora devessem os jovens fazê-lo, porque enriqueceriam seu vocabulário e teriam menos dificuldades com os problemas de gramática.
Eu não leio o Brossard, porque não gosto do estilo dele. Prefiro cronistas que saibam comunicar, usando vocábulos da moda.
Mas, hoje, por curiosidade, já que ele aborda o encontro do Lula com o Mendes no escritório do Jobim, dei uma olhada, só para ter uma idéia sobre sua opinião.
Pois, o que o Brossard faz é desancar o Lula, de alto a baixo, com agressiva elegância, com mal disfarçada antipatia, e com absoluta correção gramatical.
Mas não critica a atitude do Mendes e faz circunvoluções para abordar a atitude do Jobim. Trata-os como se fossem inocentes, burlados pelo Lula.
É bom não esquecer que Brossard foi ministro do Supremo, nomeado pelo Fernando Henrique, como o Mendes e o Jobim. Ao invés de só criticar o Lula, se fosse imparcial e digno de crédito, e verdadeiro juiz, deveria também censurar a atitude de seus ex-colegas, mostrando como deve agir um magistrado, um membro do Supremo Tribunal Federal.
Claro que estou exigindo demais. Brossard nunca foi juiz. Foi ministro do Supremo, porque era amigo do então presidente da República. Se tivesse sido verdadeiramente juiz, saberia como deve se portar um juiz, e teria autoridade para advertir o Mendes: “quem com farelo se mistura, porcos o comem”.





sexta-feira, 1 de junho de 2012

A MENTIROSA PROTEÇÃO DO NOSSO DINHEIRO




João Eichbaum


Ao ler a coluna do David Coimbra, hoje em ZH, suspirei de alívio, porque me achei em boa companhia.
David Coimbra ataca com boa qualidade literária, e melhores argumentos, a incompreensível tipificação delituosa do jogo a dinheiro.
 Partindo da falaciosa argumentação de que “o jogo faz mal às pessoas”, diz ele, apropriadamente: “trata-se de uma intromissão do Estado em um âmbito individual. Eu tenho a liberdade de decidir o que fazer comigo e meu o dinheiro”.
E assim é. O jogo a dinheiro é proibido, no Brasil, há mais de sessenta anos. E o motivo da proibição foi exatamente essa intromissão na intimidade das pessoas, na sua liberdade de decidir o que é e o que não é bom para elas. O Estado se arrogou esse direito.
Começou assim uma verdadeira violência contra um direito individual, que é a liberdade de decidir sobre as próprias conveniências, a mesma liberdade que as pessoas têm para casar ou não casar, para praticar sexo ou não praticar, enfim, para fazer o que lhes dita a consciência e o critério para bem viver.
Essa falsa moral, porém, não tem consistência. Primeiro porque, o jogo oficial, bancado pelo Estado, não é contravenção. O Estado pode ficar com o dinheiro das pessoas, que isso não lhes faz mal...
A segunda inconsistência, essa introduzida pelo Lula, consiste em que o Estado deixou de zelar pelo dinheiro das pessoas, quando permitiu os “empréstimos consignados”, passando a mão no dinheiro dos pobres, das viúvas, dos aposentados, para entregá-los aos bancos.
Não precisa dizer mais. A falácia da proteção ao dinheiro das pessoas foi por terra. O que sobra, então, é algum interesse escuso, com o qual não se pode atinar. Mas, que há interesses escusos, há. Alguém está ganhando com isso.
E nós todos pagamos por esses interesses escusos. Toda a máquina da Segurança Pública hoje está posta contra essa mísera contravenção, que são o jogo do bicho e as máquinas caça-níqueis. Milhares de pessoas que vivem a vida com isso são tiradas da roda produtiva, não se sabe em nome de quê.
E agora, essa palhaçada toda da CPI do Cachoeira, feita com o nosso dinheiro, para mostrar deputados dizendo palavrões, sem a mínima compostura e bobagens sem limites, que mostram que tipo de gente o povo elege. Tudo em nome da moral: o jogo a dinheiro.
Não estou só. E agradeço a companhia do David Coimbra.