João Eichbaum
Paulo Brossard é um provecto senhor.
Escreve bem, com elegância e correção gramatical, muito melhor do que a maioria
dos jornalistas formados e diplomados.
Mas, o seu estilo é seco, antiquado,
muitas vezes ele usa palavras já sepultadas pelo esquecimento. Não é um estilo atraente, desses que fazem o leitor
devorar o texto ou que consigam mexer com os sentimentos.
Paulo Brossard deve ter seus
leitores certos, definidos, em número que deve estar diminuindo, porque a idade
chega e, com ela, o fim. Duvido que algum jovem o leia, embora devessem os
jovens fazê-lo, porque enriqueceriam seu vocabulário e teriam menos
dificuldades com os problemas de gramática.
Eu não leio o Brossard, porque não gosto
do estilo dele. Prefiro cronistas que saibam comunicar, usando vocábulos da
moda.
Mas, hoje, por curiosidade, já que ele
aborda o encontro do Lula com o Mendes no escritório do Jobim, dei uma olhada,
só para ter uma idéia sobre sua opinião.
Pois, o que o Brossard faz é desancar o
Lula, de alto a baixo, com agressiva elegância, com mal disfarçada antipatia, e com absoluta correção gramatical.
Mas não critica a atitude do Mendes e
faz circunvoluções para abordar a atitude do Jobim. Trata-os como se fossem
inocentes, burlados pelo Lula.
É bom não esquecer que Brossard foi
ministro do Supremo, nomeado pelo Fernando Henrique, como o Mendes e o Jobim.
Ao invés de só criticar o Lula, se fosse imparcial e digno de crédito, e
verdadeiro juiz, deveria também censurar a atitude de seus ex-colegas,
mostrando como deve agir um magistrado, um membro do Supremo Tribunal Federal.
Claro que estou exigindo demais.
Brossard nunca foi juiz. Foi ministro do Supremo, porque era amigo do então
presidente da República. Se tivesse sido verdadeiramente juiz, saberia como
deve se portar um juiz, e teria autoridade para advertir o Mendes: “quem com
farelo se mistura, porcos o comem”.
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