segunda-feira, 11 de junho de 2012

DA JUSTIÇA E SUAS ASNEIRAS


João Eichbum

Uma das primeiras coisas que faço, ao abrir o jornal diariamente – e agora com esse frio na frente do fogão a lenha, ouvindo a água do mate chiar e o fogo crepitar – é ler as manifestações dos leitores. 
Abaixo da coluna dos cronistas, alguns dos quais passo adiante, sem ler, como o Fabrício Nejar, que só fala de abobrinhas, ou o Luiz Fernando Veríssimo, esse quando escreve sobre política, ou sobre assuntos da Europa e dos Estados Unidos, a Zero Hora publica, sob o título DO LEITOR, as opiniões dos leitores sobre os mais diversos assuntos, geralmente sobre notícias publicadas no jornal.
Fico impressionado não só com a inteligência, o bom senso e conhecimento de causa da maioria dos leitores, como também com a ótima redação dos textos. Suponho que sejam pessoas de certa idade, que tiveram formação nos bons tempos em que as escolas ainda ensinavam.
Existem exceções, é claro. Há os crentes, os ingênuos, os que acreditam nos políticos, felizmente minoria.
Mas, predominam os primeiros, os inteligentes, os que realmente sabem escrever e que superam de longe muitos dos jornalistas que, nos dias de hoje, conseguem seus diplomas em qualquer faculdade, pagando em prestações seu curso de graduação.
No jornal de domingo, porém, li a manifestação de uma leitora, não na segunda página, mas na página do Túlio Milmann. O Túlio tinha publicado uma nota, no dia anterior, sobre decisão da justiça que havia determinado o pagamento de metade da pensão para a mulher legítima e metade para a amante, ou concubina, de servidor falecido.
Comentando a nota, a leitora Lia Wolmann, num rasgo de inteligência, de magnífica síntese e de venenosa ironia, escreve: “Quer dizer que a “justiça” legalizou a bigamia? Até ontem eu pensava que fosse crime!!”
Sem comentários.

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