João Eichbum
Uma das primeiras coisas que faço, ao
abrir o jornal diariamente – e agora com esse frio na frente do fogão a lenha,
ouvindo a água do mate chiar e o fogo crepitar – é ler as manifestações dos
leitores.
Abaixo da coluna dos cronistas, alguns
dos quais passo adiante, sem ler, como o Fabrício Nejar, que só fala de abobrinhas, ou o Luiz Fernando
Veríssimo, esse quando escreve sobre política, ou sobre assuntos da Europa e
dos Estados Unidos, a Zero Hora publica, sob o título DO LEITOR, as opiniões dos
leitores sobre os mais diversos assuntos, geralmente sobre notícias publicadas no
jornal.
Fico impressionado não só com a
inteligência, o bom senso e conhecimento de causa da maioria dos leitores, como
também com a ótima redação dos textos. Suponho que sejam pessoas de certa
idade, que tiveram formação nos bons tempos em que as escolas ainda ensinavam.
Existem exceções, é claro. Há os
crentes, os ingênuos, os que acreditam nos políticos, felizmente minoria.
Mas, predominam os primeiros, os
inteligentes, os que realmente sabem escrever e que superam de longe muitos dos
jornalistas que, nos dias de hoje, conseguem seus diplomas em qualquer
faculdade, pagando em prestações seu curso de graduação.
No jornal de domingo, porém, li a
manifestação de uma leitora, não na segunda página, mas na página do Túlio
Milmann. O Túlio tinha publicado uma nota, no dia anterior, sobre decisão da
justiça que havia determinado o pagamento de metade da pensão para a mulher
legítima e metade para a amante, ou concubina, de servidor falecido.
Comentando a nota, a leitora Lia
Wolmann, num rasgo de inteligência, de magnífica síntese e de venenosa ironia,
escreve: “Quer dizer que a “justiça” legalizou a bigamia? Até ontem eu pensava
que fosse crime!!”
Sem comentários.
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