sexta-feira, 8 de junho de 2012

DEUS E O VATICANO


João Eichbaum

Li ontem duas notícias contraditórias. Uma delas falava do enfeite das ruas, artistas se expondo ao frio, beatos de joelhos no asfalto, enfeitando a rua para a passagem do “corpo de Cristo”.
A outra notícia, nada piedosa. Tratava da “crise no Vaticano”.
A partir da publicação do livro de Gianluigi Nuzzi, com o título de “SUA SANTITÀ – Le carte segrete di Benetto XVI”, suporou um ferida no Estado da Igreja, o Vaticano. A podridão veio a furo.
A primeira baixa foi a do mordomo. O mordomo, como sempre, na linha da literatura policial inglesa, é o culpado. Paulo Gabriele é nome dele. Ilustrando a notícia, que ocupa duas páginas de ZH, lá está o Paulo Gabriele segurando o guarda-chuva, ou guarda-sol, para proteger o papa contra a chuva ou os raios solares.
Mordomo. Jesus Cristo nunca sonhou com uma coisa dessas. Nem poderia, é claro, porque não tinha nem onde cair morto. Mas, são coisas da vida. A mitologia cristã evoluiu de um pobre diabo que nasceu numa manjedoura para um senhor cercado de pompas, vestido como um rei, tendo a servi-lo um time de pajens que muitos reis não têm.
Mas, sem mudar de assunto, o mordomo foi preso, sob a acusação de inconfidência, se lhe havendo atribuído o fornecimento da matéria que serviu ao escritor italiano Gianluigi Nuzzi, para seu interessante livro.
Mas, agora a questão está sendo desdobrada, a partir das revelações do livro, mostrando sinais de corrupção, de má administração e de intrigas pessoais dentro do Vaticano, onde principalmente duas figuras, cardeal Bertone e monsenhor Gänswein são alvos de azedas censuras. Ambos, porém, gozam da extrema confiança de Bento XVI e isso incomoda muita gente.
O Vaticano evoluiu. Das orgias sexuais de antigamente, os problemas mudaram para corrupção. Só não muda a divindade, da qual se dizem representantes os que lá dentro se abrigam, vivendo uma vida principesca. Essa divindade, chamada comumente “Deus”, continua a mesma, e nada faz para que a idéia cristã realmente se realize, fazendo do ser humano uma criatura exemplar. A começar pelos habitantes do Vaticano, claro.



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