João Eichbaum
Li ontem duas notícias contraditórias.
Uma delas falava do enfeite das ruas, artistas se expondo ao frio, beatos de
joelhos no asfalto, enfeitando a rua para a passagem do “corpo de Cristo”.
A outra notícia, nada piedosa. Tratava
da “crise no Vaticano”.
A partir da publicação do livro de
Gianluigi Nuzzi, com o título de “SUA SANTITÀ – Le carte segrete di Benetto
XVI”, suporou um ferida no Estado da Igreja, o Vaticano. A podridão veio a
furo.
A primeira baixa foi a do mordomo. O
mordomo, como sempre, na linha da literatura policial inglesa, é o culpado.
Paulo Gabriele é nome dele. Ilustrando a notícia, que ocupa duas páginas de ZH,
lá está o Paulo Gabriele segurando o guarda-chuva, ou guarda-sol, para proteger
o papa contra a chuva ou os raios solares.
Mordomo. Jesus Cristo nunca sonhou com
uma coisa dessas. Nem poderia, é claro, porque não tinha nem onde cair morto.
Mas, são coisas da vida. A mitologia cristã evoluiu de um pobre diabo que
nasceu numa manjedoura para um senhor cercado de pompas, vestido como um rei,
tendo a servi-lo um time de pajens que muitos reis não têm.
Mas, sem mudar de assunto, o mordomo foi
preso, sob a acusação de inconfidência, se lhe havendo atribuído o fornecimento
da matéria que serviu ao escritor italiano Gianluigi Nuzzi, para seu
interessante livro.
Mas, agora a questão está sendo
desdobrada, a partir das revelações do livro, mostrando sinais de corrupção, de
má administração e de intrigas pessoais dentro do Vaticano, onde principalmente
duas figuras, cardeal Bertone e monsenhor Gänswein são alvos de azedas
censuras. Ambos, porém, gozam da extrema confiança de Bento XVI e isso incomoda
muita gente.
O Vaticano evoluiu. Das orgias sexuais
de antigamente, os problemas mudaram para corrupção. Só não muda a divindade,
da qual se dizem representantes os que lá dentro se abrigam, vivendo uma vida
principesca. Essa divindade, chamada comumente “Deus”, continua a mesma, e nada
faz para que a idéia cristã realmente se realize, fazendo do ser humano uma
criatura exemplar. A começar pelos habitantes do Vaticano, claro.
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