quarta-feira, 6 de junho de 2012

AS BÊNÇÃOS DE DEUS


João Eichbaum

Tenho um vizinho que, a cada vez que me encontra, me saúda com grande alegria, com um cavalheirismo digno de nota, sempre perguntando: “como vai, seu João?”
Como sempre estou de bem com a vida, lhe respondo que vai tudo bem. E ele acrescenta, levantando as mãos para o alto: “graças a Deus”!
Tenho também um amigo que é padre, gente muito fina, que, quando encerra seus e-mails, me envia “muitas bênçãos”.
Os jogadores de futebol, quando fazem golos, levantam as mãos para o céu, alguns se benzem, em sinal de pública gratidão às divindades que eles imaginam que existem.
Tudo isso me faz pensar no Lugo.
Sim, o atual presidente do Paraguai, que foi bispo da Igreja Católica, ou, segundo as leis da mesma Igreja, ainda o é porque o caráter sacerdotal é eterno: “sacerdos in aeternum, secundum ordinem Melchisedec...”
Pois apareceu agora mais um filho do então bispo Lugo: “um menino de  10 anos, cuja mãe é a enfermeira  Narcisa de La Cruz de Zárate, de 42 anos, do departamento de San Pedro”, onde ele foi bispo até 2004.
Em 2009 ele tinha reconhecido um filho tido com Viviana Carillo. No mesmo ano, Benigna Leguizamon também tinha ingressado com ação de investigação de paternidade, representando seu filho Guillermo Armindo. Damina Hortênsia Morán também levou Lugo para a Justiça, mas não levou.
Ora, ele era bispo, tinha feito votos de castidade, mas não conseguia cumpri-los. Nós, homens normais, sabemos que a função sexual é uma função fisiológica como qualquer outra e assume a maior importância na espécie animal para a preservar a mesma espécie. Quer dizer, é uma função irrecusável, imposta pela natureza.
Diante disso, para superar essa força, só mesmo uma ajuda de alguma divindade poderia resolver. Sozinho o homem não consegue. E o deus da Igreja Católica, que é o mesmo deus do meu vizinho, dos jogadores de futebol e do padre meu amigo teria obrigação de atender, em primeiro lugar, ao seu bispo, que o representa na terra, dando-lhe as bênçãos necessárias para se sobrepor à natureza.
Mas, pelo jeito, ele na está nem aí, nem para o Lugo, nem para qualquer religioso: deixa-os à mercê da natureza, obrigando-os a mentirem para todo mundo que o seu deus os protege e que eles são castos.
Que o digam as mulheres do Lugo.


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