João Eichbaum
Tenho um vizinho que, a cada vez que me
encontra, me saúda com grande alegria, com um cavalheirismo digno de nota,
sempre perguntando: “como vai, seu João?”
Como sempre estou de bem com a vida, lhe
respondo que vai tudo bem. E ele acrescenta, levantando as mãos para o alto:
“graças a Deus”!
Tenho também um amigo que é padre, gente
muito fina, que, quando encerra seus e-mails, me envia “muitas bênçãos”.
Os jogadores de futebol, quando fazem
golos, levantam as mãos para o céu, alguns se benzem, em sinal de pública
gratidão às divindades que eles imaginam que existem.
Tudo isso me faz pensar no Lugo.
Sim, o atual presidente do Paraguai, que
foi bispo da Igreja Católica, ou, segundo as leis da mesma Igreja, ainda o é
porque o caráter sacerdotal é eterno: “sacerdos in aeternum, secundum ordinem
Melchisedec...”
Pois apareceu agora mais um filho do
então bispo Lugo: “um menino de 10 anos,
cuja mãe é a enfermeira Narcisa de La
Cruz de Zárate, de 42 anos, do departamento de San Pedro”, onde ele foi bispo
até 2004.
Em 2009 ele tinha reconhecido um filho
tido com Viviana Carillo. No mesmo ano, Benigna Leguizamon também tinha
ingressado com ação de investigação de paternidade, representando seu filho
Guillermo Armindo. Damina Hortênsia Morán também levou Lugo para a Justiça, mas
não levou.
Ora, ele era bispo, tinha feito votos de
castidade, mas não conseguia cumpri-los. Nós, homens normais, sabemos que a
função sexual é uma função fisiológica como qualquer outra e assume a maior
importância na espécie animal para a preservar a mesma espécie. Quer dizer, é
uma função irrecusável, imposta pela natureza.
Diante disso, para superar essa força,
só mesmo uma ajuda de alguma divindade poderia resolver. Sozinho o homem não
consegue. E o deus da Igreja Católica, que é o mesmo deus do meu vizinho, dos
jogadores de futebol e do padre meu amigo teria obrigação de atender, em
primeiro lugar, ao seu bispo, que o representa na terra, dando-lhe as bênçãos
necessárias para se sobrepor à natureza.
Mas, pelo jeito, ele na está nem aí, nem
para o Lugo, nem para qualquer religioso: deixa-os à mercê da natureza,
obrigando-os a mentirem para todo mundo que o seu deus os protege e que eles
são castos.
Que o digam as mulheres do Lugo.
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