João Eichbaum
A Zero Hora do último
domingo publicou um caderno especial com o tìtulo “Filho da Rua”, narrando a
história de um menino de rua, viciado em drogas, pedinte, que está a passos
largos no caminho do crime. É uma história vulgar, como milhares de outras, do
menino que veio do interior, filho de pais separados, etc, etc., um enredo pra
lá de repetitivo.
Na contracapa do caderno, a
Zero Hora se arvora no direito de dar conselhos, insinuando levemente que a
culpa é da “sociedade” – como sempre.
No editorial de segunda-feira afirma
que “a intenção não é acusar ninguém...”
Leitores vários se
manifestaram sobre o tema. A maioria, movida pela pieguice, se diz
“emocionada”.
Poucos leitores tiveram
coragem para se expressar com a objetividade que a questão merece. Paschoal
Buglione diz assim:
“Não concordo com o que está
escrito na contracapa da reportagem, que sugere o que podemos fazer para
contribuir. Embora considere válida a importante sugestão, entendo que, acima
de qualquer coisa, deve haver e estar o poder público, que se mostra ausente ou
no mínimo fraco”.
Inês Mascia Carneiro
Monteiro é mais categórica:
“ O menino...não é filho de
todos nós, mas sim de um governo
omisso que rouba sem cessar, descaradamente, quando pagamos fortunas de
impostos numa luta tenaz pela sobrevivência e pela educação de nossos legítimos
filhos...”
Vitor Hugo Carvalho vai mais
fundo:
“ Na maioria os filhos da
rua são gerados nas visitas íntimas dos
presídios. As mulheres nem são casadas, por isso nasce um filho de cada naipe...”
É exatamente assim. Existem
culpados, sim. Em primeiro lugar, os governantes, os de hoje, os de ontem, os
de sempre. Assim como não constroem presídios, também não se preocupam em
prevenir a delinquência, educando, prestando assistência, cumprindo a lei.
Ao invés de botar toda a
polícia atrás de máquinas caça-níqueis, por exemplo, por que é que os governos
não cuidam de aplicar a lei que tipifica como crime o abandono material e
intelectual de incapazes?
Por que é que não constrói
mais escolas, não paga melhor os professores, para qualificá-los melhor, não
investe em educandários com estrutura material e técnica para suprir as
deficiências sociais das famílias na educação dos filhos?
Em segundo lugar, os
culpados são os arautos dos “direitos humanos”, que impedem o aborto e a
limitação de filhos, a capação em geral, e ainda lutam pelos direitos dos assassinos, estupradores,
ladrões, assaltantes, os “pobres” presidiários.
De que adianta apregoar
“direitos humanos” à procriação, sem exigir “deveres humanos” na educação?
Há culpados, sim. E a culpa
está bem definida: nas lideranças, sejam quais forem, políticas ou religiosas,
e não no povinho que se “emociona” com a situação das crianças, sente pena e
lhes dá esmolas.
Ah, e antes que me esqueça,
a repórter Letícia Duarte, que fez a matéria, é uma gata, nossaaaaaaa! Mas terá
que estudar muita antropologia ainda para não dizer coisas do tipo “nós somos
todos cúmplices”.
Eu, fora. Mas, à disposição,
se ela quiser dividir um vinho comigo, numa dessas noites frias...
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