quarta-feira, 20 de junho de 2012

OS FILHOS DOS DIREITOS HUMANOS


João Eichbaum

A Zero Hora do último domingo publicou um caderno especial com o tìtulo “Filho da Rua”, narrando a história de um menino de rua, viciado em drogas, pedinte, que está a passos largos no caminho do crime. É uma história vulgar, como milhares de outras, do menino que veio do interior, filho de pais separados, etc, etc., um enredo pra lá de repetitivo.
Na contracapa do caderno, a Zero Hora se arvora no direito de dar conselhos, insinuando levemente que a culpa é da “sociedade” – como sempre.
No editorial de segunda-feira afirma que “a intenção não é acusar ninguém...”
Leitores vários se manifestaram sobre o tema. A maioria, movida pela pieguice, se diz “emocionada”.
Poucos leitores tiveram coragem para se expressar com a objetividade que a questão merece. Paschoal Buglione diz assim:
“Não concordo com o que está escrito na contracapa da reportagem, que sugere o que podemos fazer para contribuir. Embora considere válida a importante sugestão, entendo que, acima de qualquer coisa, deve haver e estar o poder público, que se mostra ausente ou no mínimo fraco”.
Inês Mascia Carneiro Monteiro é mais categórica:
“ O menino...não é filho de todos nós, mas sim de um governo omisso que rouba sem cessar, descaradamente, quando pagamos fortunas de impostos numa luta tenaz pela sobrevivência e pela educação de nossos legítimos filhos...”
Vitor Hugo Carvalho vai mais fundo:
“ Na maioria os filhos da rua são  gerados nas visitas íntimas dos presídios. As mulheres nem são casadas, por isso nasce um filho de cada naipe...”
É exatamente assim. Existem culpados, sim. Em primeiro lugar, os governantes, os de hoje, os de ontem, os de sempre. Assim como não constroem presídios, também não se preocupam em prevenir a delinquência, educando, prestando assistência, cumprindo a lei.
Ao invés de botar toda a polícia atrás de máquinas caça-níqueis, por exemplo, por que é que os governos não cuidam de aplicar a lei que tipifica como crime o abandono material e intelectual de incapazes?
Por que é que não constrói mais escolas, não paga melhor os professores, para qualificá-los melhor, não investe em educandários com estrutura material e técnica para suprir as deficiências sociais das famílias na educação dos filhos?
Em segundo lugar, os culpados são os arautos dos “direitos humanos”, que impedem o aborto e a limitação de filhos, a capação em geral, e ainda lutam pelos direitos dos assassinos, estupradores, ladrões, assaltantes, os “pobres” presidiários.
De que adianta apregoar “direitos humanos” à procriação, sem exigir “deveres humanos” na educação?
Há culpados, sim. E a culpa está bem definida: nas lideranças, sejam quais forem, políticas ou religiosas, e não no povinho que se “emociona” com a situação das crianças, sente pena e lhes dá esmolas.
Ah, e antes que me esqueça, a repórter Letícia Duarte, que fez a matéria, é uma gata, nossaaaaaaa! Mas terá que estudar muita antropologia ainda para não dizer coisas do tipo “nós somos todos cúmplices”.
Eu, fora. Mas, à disposição, se ela quiser dividir um vinho comigo, numa dessas noites frias...



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