João Eichbaum
Ao ler a coluna do David Coimbra, hoje
em ZH, suspirei de alívio, porque me achei em boa companhia.
David Coimbra ataca com boa qualidade
literária, e melhores argumentos, a incompreensível tipificação delituosa do
jogo a dinheiro.
Partindo da falaciosa argumentação de que “o
jogo faz mal às pessoas”, diz ele, apropriadamente: “trata-se de uma
intromissão do Estado em um âmbito individual. Eu tenho a liberdade de decidir
o que fazer comigo e meu o dinheiro”.
E assim é. O jogo a dinheiro é proibido,
no Brasil, há mais de sessenta anos. E o motivo da proibição foi exatamente
essa intromissão na intimidade das pessoas, na sua liberdade de decidir o que é
e o que não é bom para elas. O Estado se arrogou esse direito.
Começou assim uma verdadeira violência
contra um direito individual, que é a liberdade de decidir sobre as próprias
conveniências, a mesma liberdade que as pessoas têm para casar ou não casar,
para praticar sexo ou não praticar, enfim, para fazer o que lhes dita a
consciência e o critério para bem viver.
Essa falsa moral, porém, não tem
consistência. Primeiro porque, o jogo oficial, bancado pelo Estado, não é
contravenção. O Estado pode ficar com o dinheiro das pessoas, que isso não lhes
faz mal...
A segunda inconsistência, essa
introduzida pelo Lula, consiste em que o Estado deixou de zelar pelo dinheiro
das pessoas, quando permitiu os “empréstimos consignados”, passando a mão no
dinheiro dos pobres, das viúvas, dos aposentados, para entregá-los aos bancos.
Não precisa dizer mais. A falácia da
proteção ao dinheiro das pessoas foi por terra. O que sobra, então, é algum
interesse escuso, com o qual não se pode atinar. Mas, que há interesses
escusos, há. Alguém está ganhando com isso.
E nós todos pagamos por esses interesses
escusos. Toda a máquina da Segurança Pública hoje está posta contra essa mísera
contravenção, que são o jogo do bicho e as máquinas caça-níqueis. Milhares de
pessoas que vivem a vida com isso são tiradas da roda produtiva, não se sabe em
nome de quê.
E agora, essa palhaçada toda da CPI do
Cachoeira, feita com o nosso dinheiro, para mostrar deputados dizendo
palavrões, sem a mínima compostura e bobagens sem limites, que mostram que tipo
de gente o povo elege. Tudo em nome da moral: o jogo a dinheiro.
Não estou só. E agradeço a companhia do
David Coimbra.
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