sexta-feira, 1 de junho de 2012

A MENTIROSA PROTEÇÃO DO NOSSO DINHEIRO




João Eichbaum


Ao ler a coluna do David Coimbra, hoje em ZH, suspirei de alívio, porque me achei em boa companhia.
David Coimbra ataca com boa qualidade literária, e melhores argumentos, a incompreensível tipificação delituosa do jogo a dinheiro.
 Partindo da falaciosa argumentação de que “o jogo faz mal às pessoas”, diz ele, apropriadamente: “trata-se de uma intromissão do Estado em um âmbito individual. Eu tenho a liberdade de decidir o que fazer comigo e meu o dinheiro”.
E assim é. O jogo a dinheiro é proibido, no Brasil, há mais de sessenta anos. E o motivo da proibição foi exatamente essa intromissão na intimidade das pessoas, na sua liberdade de decidir o que é e o que não é bom para elas. O Estado se arrogou esse direito.
Começou assim uma verdadeira violência contra um direito individual, que é a liberdade de decidir sobre as próprias conveniências, a mesma liberdade que as pessoas têm para casar ou não casar, para praticar sexo ou não praticar, enfim, para fazer o que lhes dita a consciência e o critério para bem viver.
Essa falsa moral, porém, não tem consistência. Primeiro porque, o jogo oficial, bancado pelo Estado, não é contravenção. O Estado pode ficar com o dinheiro das pessoas, que isso não lhes faz mal...
A segunda inconsistência, essa introduzida pelo Lula, consiste em que o Estado deixou de zelar pelo dinheiro das pessoas, quando permitiu os “empréstimos consignados”, passando a mão no dinheiro dos pobres, das viúvas, dos aposentados, para entregá-los aos bancos.
Não precisa dizer mais. A falácia da proteção ao dinheiro das pessoas foi por terra. O que sobra, então, é algum interesse escuso, com o qual não se pode atinar. Mas, que há interesses escusos, há. Alguém está ganhando com isso.
E nós todos pagamos por esses interesses escusos. Toda a máquina da Segurança Pública hoje está posta contra essa mísera contravenção, que são o jogo do bicho e as máquinas caça-níqueis. Milhares de pessoas que vivem a vida com isso são tiradas da roda produtiva, não se sabe em nome de quê.
E agora, essa palhaçada toda da CPI do Cachoeira, feita com o nosso dinheiro, para mostrar deputados dizendo palavrões, sem a mínima compostura e bobagens sem limites, que mostram que tipo de gente o povo elege. Tudo em nome da moral: o jogo a dinheiro.
Não estou só. E agradeço a companhia do David Coimbra.


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