sexta-feira, 15 de junho de 2012

AS MELHORES VOZES CLAMAM NO DESERTO


João Eichbaum

Felizmente, nem toda a raça humana é ignorante e mal intencionada. Há alguns da espécie que fazem exceção e o fazem de tal forma que projeta na gente a esperança de que, servindo eles como reprodutores, a humanidade melhore.
Hoje, por exemplo, tomei conhecimento da existência de um desses seres excepcionais. Chama-se Luciano Klöckner, é jornalista e professor universitário.
Em artigo na Zero Hora, redigido em estilo leve, atraente, bem humorado, mas carregado de intensa ironia, ele discorre sobre as artificiais e ignaras explicações das autoridades, os “representantes do povo e do governo” sobre o inexplicável: os aspectos econômicos e sociais da realidade brasileira.
“É tragicômico observar as entrevistas das autoridades tentando – é interessante frisar: tentando – explicar através da mídia, os porquês de o Brasil crescer apenas X vírgula Y por cento em 2.012, com projeção de não sei quantos por cento em 2013, patati-patatá...” – começa ele.
A partir dessa premissa ele foca a realidade, os verdadeiros dados que jamais são levados em conta no exame da estrutura social e econômica: a mendicância, o atraso na educação, a corrupção, a falta de segurança, o terrorismo fiscal, a ausência de obras essenciais, como os presídios, etc.
Na contramão desse brilhante artigo e para não me deixar com cara de mentiroso quando afirmo que a regra, na espécie humana, é a ignorância e a má intenção, a jornalista Rosane de Oliveira, no mesmo jornal, publica em destaque uma foto do barbudo e pançudo Gilson Dipp, ao lado de um dos inexpressivos vereadores de Porto Alegre, dizendo que os dois “acertaram...depoimentos sobre a violação dos direitos humanos e tortura à época da ditadura militar..”
Grande notícia, né?
E toca adiante, que tudo vai bem neste Brasil, no presente e no futuro, segundo os “indicadores” das autoridades. O nosso problema é só o passado.

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