terça-feira, 18 de dezembro de 2012


CAI O PANO

João Eichbaum
joaoeichbaum@gmail.com

A novela do “mensalão” teve um fim melancólico, clima de constrangimento.
Visivelmente perplexo, o ministro Celso de Mello, o chamado decano da Corte, perguntou ao presidente Joaquim Benedito se ele estava encerrando o julgamento do “mensalão”, recebendo resposta peremptória: sim.
É que, sendo o ministro mais antigo, com muita cancha, tendo sido, inclusive, presidente da casa, o Celso de Mello conhece muito bem as regras, as formalidades e, sobretudo, o Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. Alguma coisa naquele universo de solenidades, estava faltando, mas o ministro preferiu calar. 
Pior que isso foi a incerteza, a insegurança demonstrada por vários ministros em relação às penas de multa aplicadas, com a Rosa Maria Weber mostrando um ar de quem não entendia nada. E no fim  a cena de que foram protagonistas  Joaquim Benedito e o Marco Aurélio de Melo.
Joaquim Benedito se aprumou para fazer um agradecimento público a assessores que tinham colaborado com ele no exame (e certamente nas conclusões e na lavratura do voto também) do “mensalão”. Sem pedir a palavra, Marco Aurélio se manifestou contrário àquele tipo de pronunciamento, porque, no seu dizer, seria inusitado no Supremo Tribunal Federal.
Aí, o Joaquim, lutando contra a tentação de perder a serenidade, retrucou, afirmando que o fato também era inusitado e por isso merecia menção. E continuou falando, ignorando a manifestação do Marco Aurélio. Este, dizendo que não precisava ouvir o que o presidente estava a dizer, pediu licença e se retirou do plenário, como uma criança descontente que, no meio do brinquedo, sai reclamando em nome do “ego” ferido: “não brinco mais”.
O ambiente se anuviou. Um pasmo silencioso percorreu o rosto  dos ministros. Joaquim Benedito Barbosa não teve como esconder seu desapontamento, perdeu o fio do discurso, gaguejou, procurou palavras, mas não as encontrou. Mas, não deixou de homenagear seus “colaboradores”.
O Fux, numa intervenção inútil, tentou botar panos quentes, elogiou o Joaquim Benedito, mas acabou pedindo que o presidente não fizesse constar o elogio em ata.
Coisa de crianças. Coisa de gente que não tem cabeça de juiz. Picuinhas que depõem contra a majestade que se poderia emprestar à justiça,  não fosse ela composta por homens que não se dão muito bem com o bom senso e confundem o seu “ego” com o cargo que lhes competia honrar.

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