CARTA DE UM ADVOGADO DE BRASÍLIA
Custei a crer que o Ministro Luiz Fux tivesse concedido
essa entrevista à jornalista Mônica Bergamo, achei que pudesse ser alguma montagem de
tantas que vemos por aí, circulando na internet.
Me dei ao
trabalho de conferir na Folha de São Paulo, e está lá.
Tenho alguns bons e velhos amigos, gaúchos morando em Brasília há 20, 30 anos, muitos conheci na década de 70 quando militávamos no movimento estudantil. Em ‘n’
conversas com esses amigos, especialmente em jantares, após algumas taças de vinho, fiquei sabendo de coisas
inimagináveis.
Um amigo em especial é uma pessoa tão fantástica que daria um extraordinário personagem de filmes de ação, ele tem uma rede de relacionamento
incrível,
desde camareiras de hotéis, faxineiras de autoridades, policiais federais e
militares, agentes da ABIN, diplomatas brasileiros e estrangeiros.
Três coisas movem as rodas da vida em Brasília, dinheiro, informação, relacionamento.
Eu sei de tantos 'causos' sobre a Brasília, a maioria deles se eu abrisse a
boca não
duraria muito tempo, outros só poderia comentar com poucas pessoas. Em rápidas pinceladas unicamente para dar
uma vaga noção do que rola por lá, certa feita esse amigo me comentou sobre a “poder gay”.
São autoridades de todos os escalões, até dos mais altos, inclusive, ministros dos Tribunais
Superiores que, embora casados, com família, são homossexuais e na calada da noite transitam nos guetos
gays, têm
uma vida clandestina e paralela. Essas pessoas constituem praticamente uma “sociedade
secreta”, ajudam-se mutuamente, se protegem e influenciam nas decisões judiciais, nas votações no Congresso nacional, e etc.
Certa feita ele me falou sobre as negociatas que ocorrem
nos porões
do STJ, literalmente, pois, por temor de grampos e gravações, reunem-se em estacionamentos
subterrâneos.
Portanto, não me causa estranheza o relato do Ministro Fux à jornalista Mônica Bergamo mencionando ter buscado
apoio para sua nomeação, o que me causou espanto foi ele ter confessado
publicamente fatos graves, se auto incriminando, certamente convicto de sua
intocabilidade.
O beija-mão dos poderosos
para sentar-se na cadeira do Supremo é coisa corriqueira, a própria Ministra Eliana Calmon admitiu que pediu o apoio dos senadores,
Antonio Carlos Magalhães e Jader
Barbalho. O que me deixou estarrecido é Fux ter confessado que para agradar Antonio Palocci
praticou ato de seu ofício para satisfazer interesse do então Ministro
favorecendo o governo em 20 bilhões de reais. Certamente após essa confissão, a parte prejudicada buscará a anulação da decisão judicial.
Confessou também que pediu apoio a dois réus no processo do mensalão, José Dirce e João Paulo Cunha acenando com a possibilidade de
favorecimento quando disse "mensalão
mato no peito".
E, por fim, fiquei estarrecido quando ele mencionou ter
trocado figurinhas com o líder do Movimento dos Sem Terra, João Pedro Stédile, pessoa que apesar das suas idéias avançadas demais para o meu modesto
alcance, eu o admirava por sua inteligência e especialmente pela integridade
moral que supunha que ele tivesse, ao menos era o que ele demonstrava em suas
entrevistas, enfim, mais uma decepção.
A pergunta que fica é se alguma conseqüência resultará dessa confissão do menino do rio, o Ministro Luiz Fucks?
Abraço
(Preservo o nome do remetente.)
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