POR
QUE SÓ NO NATAL?
João Eichbaum
joaoeichbaum@gmail.com
Não
desejo especialmente um “Natal” feliz para meus amigos e parentes. Por isso não
costumo enviar mensagens específicas, nesse período alucinatório que revolve o
mundo, nas duas últimas semanas do ano. Não dou presentes, nem me sinto
especialmente feliz se os recebo em função do “Natal”.
Não vejo
razão alguma para reunir toda a família na noite de “Natal”, para se fartar com
uma bela ceia, encher a cara e se comover com a “Noite Feliz”.
Reunião
de família, festa, alegria regada a espumante de qualquer parte do mundo,
melhor ainda sendo de Champagne, é coisa para se fazer frequentemente, não
precisa haver motivo especial. A união da família deve ser o primeiro valor que
nós, primatas gregários, devemos preservar. Uma família unida e feliz projeta
esses sentimentos na comunidade, no grupo maior, serve de exemplo para a
humanidade inteira.
Mas isso
deve acontecer todos os dias e não apenas no “Natal”. Do mesmo modo que a vida,
sem dores, sem perdas e sem rupturas, deveria ser motivo de felicidade todos os dias, independentemente das
efemérides e dos desejos dos amigos.
Somos
frutos da cultura cristã. Fomos ensinados, desde criança, a encarar o “Natal”
como uma festa especial. Mas, para isso, fomos comprados, fomos cooptados,
fomos atraídos pela ideia cristã do nascimento de um suposto deus, em troca de
mimos, presentes, e da especial atenção dos pais, parentes e padrinhos.
Crescemos
com essa ideia. Poucos, muito poucos conseguiram se libertar dela. Hoje, com a
pressão da mídia, seduzida pela grana dos anunciantes, se torna ainda mais
difícil abstrair a ideia do “Natal”, ou melhor, se torna mais difícil
desvincular o sentimento de alegria da efeméride cristã. Não que a efeméride
esteja no topo dos valores. O sentido cristão da festa já está em segundo
plano: o presépio não passa de ornamento, debaixo do ornamento maior, que é a
“arvore de Natal”, a veneração do “pobrezinho que nasceu em Belém” fica
prejudicada pela beleza da música de Franz Gruber, exacerbada pelos efeitos do
espumante.
A denominação da efeméride, todavia, se impõe:
é “Natal”. Só que, no dia de “Natal”, da festa mesmo sobram apenas a ressaca e
uns pedaços ressequidos do peru. Até para o mendigo que veio pedir “alguma
coisa pra comer, tio”.
Um comentário:
Mas, dessa nossa imersão da cultura crista e tradições ocidentais, resultou um algo mais, além do comercial, algo mágico que fazia inesquecíveis os natais da nossa infância, assim como, os natais de nossos filhos e netos. Será que não? Independente das crenças de cada um.. Feliz Natal, cronista (e espero que meus votos de façam ainda mais feliz, com a esposa, filhos, netos, amigos e amigas, embora não esteja enviando presente de natal.
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