quinta-feira, 6 de dezembro de 2012


UM POETA QUE GANHA COMO JUIZ

João Eichbaum
joaoeichbaum@gmail.com

O Carlos Augusto Ayres de Freitas Britto, hoje aposentado ministro do STF, concedeu entrevista ao jornal Zero Hora. “Nunca se viu um conjunto de crimes tão graves” é o título da matéria, que usa as palavras do próprio entrevistado.
Isso mesmo, foi assim que ele disse. O “conjunto de crimes tão graves” por ele referidos são os do  mensalão.
Ora, falando assim, o Ayres Britto passa a impressão de que o Brasil é uma paradisíaca praia de Aracaju, onde  a vida se resume em tomar água de coco. Desde quando o político não é corrupto? Será que ele nunca viu outros crimes praticados por políticos, outras roubalheiras?
A menos que sua excelência considere as matanças nas ruas de São Paulo, de Porto Alegre, do Rio de Janeiro, os estupros e outras violências praticadas contra crianças, inocentes e indefesas pessoas, como crimes que só afetem a ralé, os seres inferiores e por isso não entram nas estatísticas.
 Se as compras de votos e outras falcatruas praticadas pelo PT são os crimes mais graves que ele viu (“nunca se viu um conjunto de crimes tão graves”), então nunca foi juiz, foi pago para ser juiz, mas não o foi.
Essa foi a minha primeira reação. Mas, lendo a entrevista, compreendi melhor. Realmente, o Ayres Britto não é juiz. É um poeta sergipano. O pai dele era juiz. Quer dizer, ele não soube o que é pobreza, o que é dar duro na vida, o que é não ter dinheiro para pagar a conta do mercado. Saiu daquela vidinha de filhinho de papai direto, sem concurso, para o serviço público, entrou na “militância” do PT, passou pelo STF, onde foi postado pelo Lula, e hoje tem aquela cara de sogra fazendo tricô.
Juiz, mesmo, nunca foi.
O negócio dele é poesia, a vidinha mansa de sergipano, dando nó na língua para inventar neologismos, que ele pratica a toda a hora, como se o nosso vernáculo fosse indigno de seus pensamentos. O melhor que ele quer da vida é a mansidão, o não to nem aí, meu negócio é fazer poesia, suspirando sensações na cara de todo mundo.
As poesias que ele faz, na certa, são daquele tipo absolutamente incompatível com a vida: um dos prefaciadores do seu livro é o Carlos Nejar.
Algum de vocês conhece a poesia do Carlos Nejar? Algum de vocês já teve coragem de queimar uns pilas na compra de um livro do Carlos Nejar?
Pois eu tenho um livro do Carlos Nejar, que nunca consegui ler e jamais terei coragem de indicá-lo para algum amigo.
O Ayres Britto é também fã do outro Nejar, o Fabrício, um poeta que me obriga a pôr de lado o pudor, para dizer que ele só faz poesia para o próprio umbigo.
Depois disso, o Ayres ainda rasgou o rosto com um sorriso feliz para dizer que  é admirador, sabem de quem? Do Tarso Genro.
E para completar, se diz leitor dum psicopata chamado Paulo Santana.
Precisa dizer mais?
Ah, sim, claro, ele tem tudo para entrar na Academia Brasileira de Letras, ao lado do Sarney.

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