JOAQUIM BARBOSA PERDEU O TREM
João Eichbaum
Ao se dar conta de que está
virtualmente sujeito a dividir seu espaço na cadeia com um afrodescendente saradão,
que não vê mulher há muito tempo, aquele senhor de duas caras e várias
identidades, numa das quais leva o nome de José Dirceu, se proclamou
injustiçado e partiu para o repto, afrontando o STF.
Ele sabe o risco que
está correndo, mas prefere o confronto, ao invés de, mais tarde, não passar no
teste da farinha. Usou seu blog, moveu céus e terras, incitando seus
correligionários a atacarem a decisão judicial: a sentença é injusta, o
julgamento do Supremo Tribunal Federal foi político, patatipatatá.
Quando o STF decretou a
cassação dos deputados condenados, a reação dos políticos do PT, com a corneta do
metalúrgico Marco Maia, foi imediata e em tom de desafio: só a Câmara pode
decidir sobre o mandato legislativo. Com pose de constitucionalista, o
metalúrgico de Canoas estava encharcado de autoridade, graças ao movimento
iniciado pelo comunista que tapa o glúteo com bermudas de seiscentos reais.
Então temos, espalhada
pelo país inteiro, uma grande comunidade inconformada com a possibilidade de
botarem o reto do José Dirceu na reta, e já se articula para, de uma forma ou
de outra, desprestigiar o Judiciário, minando-lhe a autoridade.
O ministro Joaquim
Barbosa esteve com a faca e o queijo na mão, para dar um basta nesse estado de
coisas, mostrando que o Judiciário é um poder e não teme um bando de leitões que
mamam deitados nas tetas da república.
Com o pedido meia-sola
do MPF, ou sem ele, o ministro poderia ter decretado a prisão preventiva do
José Dirceu, pelo menos. As atitudes dele, examinadas pelo direito e pelo
avesso, se encaixam literalmente no artigo 312 do Código de Processo Penal, que
autoriza a prisão preventiva de quem mexa com a ordem pública ou dificulte a
aplicação da lei penal.
Das duas, uma: ou faltou
coragem ao Joaquim Barbosa, ou seu processo penal é menor que pinto de japonês.
A ascendência de José Dirceu sobre os petistas é mais expressiva que a do Maia
de Canoas, que não é índio mexicano. Retirado de circulação, o Dirceu perderia
a voz de comando e tudo estaria sob o domínio do fato, com a advertência de que
decisão judicial não é assunto para baderneiros.
Mas Joaquim Barbosa
deixou o trem passar, permitindo que se alimente esse clima de insubordinação
contra o Supremo Tribunal Federal, para salvar o JD - assim coloquialmente
tratado pela Rosemary, aquela que ficava no banco, esperando a chamada do Lula
para entrar em campo, quando a dona Marisa não era escalada.
E nós ficamos apenas
com a certeza de que crime só não compensa para pobre.
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