O TELHADO DE VIDRO DO STF
João Eichbaum
Quando tomará jeito este país? Será que ele tem jeito?
No ano passado, quando os ministros do Supremo
Tribunal Federal, por maioria, condenaram políticos por apropriação de dinheiro
público, a imprensa e o povo saudaram a decisão como um resgate da moral
nacional. E Joaquim Barbosa, Presidente do Supremo, foi escolhido pela quase
unanimidade desse povinho sofrido, que trabalha para sustentar salafrários,
como o herói do país.
Pois, ainda durante o julgamento desse processo,
conhecido como “mensalão”, Joaquim Barbosa, constantemente de cara amarrada,
não se sabe se por causa das dores nas costas ou por causa dos votos contrários
aos seus, resolveu ir à Alemanha fazer um tratamento relâmpago contra males da
coluna, deixando bem claro que não acredita nos médicos brasileiros, nem nos
cubanos.
E vocês sabe donde ele tirou dinheiro para pagar as
despesas? Da nossa conta. Do nosso trabalho. Foi ressarcido com dinheiro
público. Continuou com as dores, mas sem peso no bolso.
Mercê do sucesso que logrou como paladino da moral
brasileira, o senhor Barbosa ganhou fama internacional. Foi convidado a dar
palestra na Princeton University,
em New Jersey, e participou de evento da revista Time, após ser incluído na
lista das 100 pessoas mais influentes do mundo. A palestra e a tietagem da
revista Time também foram parar na nossa conta: R$ 6.023,70.
No mês passado, mais
uma vez graças à sua fama de herói brasileiro, foi convidado a dar uma palestra
em San Jose da Costa Rica sobre “liberdade de imprensa”. Embarcou num jato da
FAB, quer dizer, viajou às nossas custas, e na volta ainda nos apresentou uma
conta extra no valor de R$ 3.996,40. E não contou para ninguém que levou uma
jornalista da Globo a tiracolo, para falar sobre ele. E sabem por conta de
quem? Adivinharam: nossa.
Enfim, para não cansar
a beleza de vocês, vou resumir o que revela o Portal do Supremo, por provocação
do jornal Estado de São Paulo, amparado na lei da transparência. Joaquim Barbosa viajou dezenove vezes, durante três
períodos em que esteve em gozo de licença saúde, para vários destinos: São
Paulo, Rio, Salvador, Fortaleza. Por falar em Salvador, é de lá sua atual
namorada.
Mas, calma lá, deixem o enfarto para depois. Ele não é
o único. Da farra das passagens pagas com o suor do nosso rosto, pouquíssimos
ministros estiveram fora. Além das passagens aéreas em primeira classe, para
seus consortes e para si próprios, eles usaram verbas públicas para
deslocamentos a seus “Estados de origem”. Quer dizer, nas viagens para visitar
a família, namorar longe da Corte, beijar filhos, netos, noras e genros, se utilizaram de verba pública – leia-se nosso
dinheiro.
Não estavam em serviço. Que fique bem claro isso.
Ministro do Supremo não se desloca em serviço. Não precisa. Seu trabalho é
feito em Brasília. Sua sede é Brasília. Sua “comarca”, digamos assim, é
Brasília.
Vocês querem comer acarajé na Baía, camarão à milanesa
em Copacabana, queijo de Minas em Belo Horizonte, aquele churrasco em Porto Alegre?
Façam um financiamento. Será mais um imposto, o IOF,
que se juntará aos outros, pesando no seu bolso.
Tem gente de toga que se aproveitará disso.
2 comentários:
Magistrados que se acham acima do bem e do mal, poderia se pensar neste caso:
http://www.espacovital.com.br/noticia_ler.php?id=29638
Refletindo: Será que esse país tem jeito ou toma jeito?
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