segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

UMA FOFOCA PARA A HISTÓRIA

João Eichbaum

Morreu na semana passada, com noventa e três anos nas costas, a Virgínia Lane.
Sei, vocês não a conheceram, nem sabem de quem se trata.
A Virgínia Lane era o que hoje chamam de “modelo”, porque ninguém se atreve a chamar  de putas aquelas mulheres que mostram tudo em qualquer revista e hoje também no You Tube, pelo simples fato de mostrarem o que a maioria esconde. Puta, aliás, é uma palavra que o pessoal hoje em dia só usa para ofender o juiz, o cara que lhe cortou à frente, no trânsito, o sogro, o cunhado, etc. Para as mulheres que vendem o prazer profissionalmente já é usado outro nome: garotas de programa.
Então, que fique bem entendido: modelo  é um eufemismo.
Ah, já ia me esquecendo, a Virgínia Lane era “vedete”, palavra que era usada para designar as “modelos” de hoje.
Rolava por aí uma fofoca de que a Lane tinha um “caso” com o Getúlio Vargas. Hoje o pessoal diria assim, mas naquele tempo era tudo mais explícito e se dizia que ela era amante do Getúlio – pra não deixar dúvida alguma.
Há coisa de dois ou três anos atrás, ela própria confessou seu caso com o então Presidente da República. E contou mais: que estava na cama, nuazinha da silva com ele, quando o mataram, que ele não se suicidou coisa nenhuma, mas foi assassinado por uns caras que pularam pela janela do quarto. E deu mais detalhes: antes de morrer, Getúlio chamou o seu guarda-costas Gregório Fortunato e lhe pediu que ele a pusesse a salvo. Gregório a teria empurrado janela abaixo, assim como estava, nua, ela quebrou duas costelas e um braço.
Não é essa a versão da história oficial, como todo mundo sabe. Mas quem é que teria coragem de desmentir o Alzheimer de uma velhinha de noventa anos, que não chegou a explicar como é que, nua, de costelas e braços quebrados, teria pegado um táxi para procurar socorro médico.
Bem, até se pode admitir que ela tenha sido a “Rose” do Getúlio. O baixinho estava separado, de fato, da dona Darcy e não consta que houvesse outra mulher no enredo.
Só não confundam: o nome dela era Virgínia e não Rose. E o nome da mulher legítima do Getúlio era Darcy, e não Marisa. Ah, e mais, o Getúlio não costumava viajar pelo mundo, por dá cá aquela palha. AVirgínia quebrava o galho dele lá no Palácio do Catete mesmo. E  por isso, aos noventa anos, ela tinha o direito de misturar as coisas. Que descanse em paz, amén.









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