sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O ROLO DO CESSNA
João Eichbaum

O Cessna Citation, prefixo PR- AFA, que se acidentou em Garujá, matando o candidato do PSB Eduardo Campos e outras seis pessoas, tem sido chamado de  “avião fantasma”. A Anac, Agência Nacional de Aviação Civil, e  a Polícia Federal estão mais enroladas do que suruba de minhoca, para identificar os responsáveis pela aeronave: ninguém tem nada a ver com o avião, todo mundo está caindo fora. O próprio partido a que pertencia o candidato morto não sabe, ou não quer informar coisa alguma.
 A empresa americana “Cessna” que é, juridicamente falando, a proprietária do avião, informa que quem firmou o negócio, através de “leasing”, foi o grupo paulista AF Andrade, que atua no ramo de usinas de açúcar.
Para quem não sabe, o “leasing” é um sistema através do qual o usuário de um bem durável paga pelo uso, ao seu proprietário, um valor fixado em contrato, por tempo determinado, ao cabo do qual adquire a coisa ou a devolve ao dono.
Não se trata de uma compra e venda. Mais se assemelha à locação, dela diferenciando apenas pela cláusula de opção de compra.
De modo que, no caso do “Cessna” acidentado, o dono é a empresa que leva o mesmo nome e não quem contratou seu uso pelo “leasing”.
Segundo noticia a imprensa, o contratante do “leasing”, AF Andrade, teria transferido para terceiros o contrato.
Ora, se houve essa “transferência”, que não é usual em contrato de “leasing”, causa espécie que a Polícia Federal e a Anac andem batendo cabeça para saber quem era o responsável pelo uso do avião na época do acidente. Se a AF Andrade “transferiu” o contrato, é evidente que o fez por escrito. Mas, se não há contrato escrito, nada mais há a procurar: a única responsável é a AF Andrade. Como, aliás, para todos os efeitos jurídicos, será ela a responsável perante a empresa americana Cessna.
Na verdade, há no ar um cheiro de politicagem: os órgãos do governo, Polícia e Anac, (essa deveria ser independente, mas seus membros são nomeados pelo governo, e então o que é que vocês acham?) estão à procura de crime eleitoral e não de crime comum.
Aí, o furo é mais em baixo, porque exige mais especialistas em desmontar candidaturas do que operadores do Direito.




quinta-feira, 28 de agosto de 2014

ESPETO CORRIDO

Hugo Cassel

A Sociedade Humana é forrada de simbolismos. Físicos e Morais. No primeiro, qualquer menção  onde figura uma Estátua da Liberdade, ou a Golden Gate, já se sabe que é New York. A Torre Eifel  identifica Paris. O Relógio na Torre nos leva a Londres. As Pirâmides ao Egito. O Obelisco, Buenos Aires, O Cristo Redentor ao Rio de Janeiro. Porto Alegre, o Laçador e assim por diante em dezenas de outros lugares. Esses Monumentos são preservados, cuidados e respeitados não só pelo povo, como principalmente pelos Governos e governantes. Em Santa Catarina Isso não ocorre. O símbolo chamado Ponte Hercílio Luz, é um monumento agonizante pelo descaso e incompetência administrativa e política. A construção durou de 1920 a 1926, considerada na época um exemplo. O tempo e a natureza exigiram reformas, 40 anos depois. Vários Governadores prometeram sem cumprir, inclusive o atual. No ultimo dia 19,  decorridos mais 48 anos, foi anulado um contrato de seis anos, e 270 milhões de reais com uma empresa fajuta que só fez 32% do trabalho. A Ponte está ameaçada de cair. Não tem ninguém na cadeia. Antes que isso aconteça, me animo a sugerir que entreguem a obra para os chineses. Eles são especialistas. Depois reservem a Ponte somente para motos, bicicletas e pedestres. Usem no turismo. Enquanto esperamos mais 24 meses rezando com fervor.
PITACOS-1): Um leitor que acredita na experiência política deste modesto escriba, pergunta sobre candidatos à Presidência. Respondo com transparência. Eduardo Campos era um petista inteligente e arrependido que viu na candidatura, possibilidade para dar um passo acima. Visava o futuro, pois sabia que não tinha chance  agora, apesar de sua experiência. Sua  substituta Marina outra egressa das fileiras trabalhistas, tem menos ainda. Votar em Marina é embarcar numa aventura. Dilma, afilhada do Lula, é uma fraude. Quem ainda acredita nela? Lula declarou que seu segundo governo foi melhor que o anterior. Concordo: No primeiro ficou milionário. No segundo ficou bi. 2)-A fidelidade  causou o desastre: O Piloto deveria ter regressado ao Rio de Janeiro. Desde meus tempos de Varig aprendi: Em aviação só se erra uma vez. 3)-:Pelé segundo se divulga vai casar de novo. Mais uma branca loira, para o maior discriminador da raça negra do Brasil. Como jogador um gênio, como cidadão um lixo. Agosto 25. Viva o Exercito Brasileiro!


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

PROPAGANDA SEM PRODUTO
João Eichbaum

    Há os que pensam pela cabeça dos outros. Há os que, aporrinhados pela chata obrigação de votar, não pensam. Há os fanáticos, os interesseiros e os conscientes. Assim são os eleitores brasileiros.
Desses todos, só os conscientes, é claro, enxergam na propaganda eleitoral uma inutilidade, um desperdício de tempo e dinheiro. Eles retiram os ouvidos do rádio e o bumbum da poltrona da frente da TV no horário político, passam indiferentes pelas “bandeiradas”, ignoram os cabos eleitorais.
A pessoa consciente, dotada de uma cultura que lhe enriquece a capacidade de discernimento, não troca seu tempo de lazer ou de enriquecimento pessoal por ignorância, estupidez, má intenção, falsidade e falta de caráter. A pessoa consciente não fica na frente da TV, contemplando as estrelas guias da felicidade a prometerem o céu na terra para o povo, fazendo-o acreditar que só a cegonha da política traz no bico o bem estar da nação e as coisas mais excelentes.
Quem é consciente sabe que a ganância de poder é o único móbil que sustenta candidaturas a cargos políticos. E que com essa ganância não se harmoniza o bom caráter, a personalidade, a honra pessoal.
Às pessoas cultas e honradas não escapa sem repulsa essa suruba de ideias políticas a que se entregam todos os partidos e candidatos que almejam o poder. O poder, que amealha fortunas, transformando pobres em ricos do dia para a noite, envenena a honradez. Por conta dele se abdica da palavra dada, dos compromissos com a moral.
É claro que nenhuma pessoa consciente perderá seu tempo, ouvindo mensagens oriundas de liames espúrios, de conchavos bastardos, de concubinatos políticos que acabarão debitados na conta do contribuinte.
Sendo desnecessária, incômoda, irritante e burra, a propaganda eleitoral não é dirigida às pessoas conscientes. Seu público alvo se compõe dos que pensam pela cabeça dos outros, dos interesseiros (cabos eleitorais, futuros ocupantes de “cargos em comissão”) e dos energúmenos, que transformam em ato de fé sua cega admiração pela sem-vergonhice.
A propaganda eleitoral distorce o conceito axiológico de democracia, principalmente quando colocada a serviço da “reeleição”, eufemismo que disfarça a continuidade no poder.
Se democracia significa “governo do povo”, só mesmo esse será o legítimo juiz do governo. Se o governo foi bom, se atendeu às necessidades e aspirações do povo, não é necessário que o governador do Estado e a presidente da República  encham a boca de adjetivos e advérbios para dizer que transformaram o Rio Grande e o Brasil num mundo livre de todo mal, ficando o povo maravilhado, saciado de bem estar, felicidade, e com dentes novos na boca.
Se o povo é soberano, que os atuais governantes se entreguem ao cumprimento da missão que lhes foi delegada e aguardem o veredito popular: foram eleitos para governar e não para pedir votos.


terça-feira, 26 de agosto de 2014

PREZADÍSSIMO AÉCIO

Por Enio Mainardi

PREZADÍSSIMO AÉCIO: Aqui neste espacinho do face, tem impressa uma pergunta: "Em que você está pensando?" Bom, eu estou pensando na tua campanha, Aécio, êta assuntinho chato. Se julgamos que tua campanha está devagar-quase-parando, logo aparecem "os crentes do Aécio" mandando pau na gente. Tem até quem nos julgue petralhas.
Nossa obrigação é deixar rolar e pronto. Nada de críticas. Acontece que se você for para o buraco, para o buraco iremos todos nós. Essa tua estratégia de campanha, Aécio, me deixa perto de um ataque de nervos. Os dias vão passando e você...imperial. Tipo "eu sou como eu sou e quem não concordar, dane-se". Tua surdez (desculpe a franqueza) já é caso de um otorrino. O candidato em que a gente vai votar tem que nos escutar.
O assunto "urnas eletrônicas" já está até podre de tanto comentário desesperado: pelamordedeus Aécio, teu silêncio significa que você concorda com essas urnas manipuláveis? Se não, por que você se mantem inodoro, esterilizado, neutro? Que adianta o pessoal da tua campanha apenas dizer "a estratégia do Aécio não vai mudar". Como assim? Você não dá importãncia para o que dizemos, sentimos? Minha opinião é que teu pessoal de marketing é muito, muito ruim. Fazem questão de te manter imperturbável, numa espécie de alienação. "O Aécio sabe o que faz, é um especialista em derrotar o PT".
Ok, ok. Mas dá licença da gente desconfiar dessa estratégia? Teu eleitorado está ressabiado, Aécio. Sentimos falta de carisma - ou agressividade (tá bom, contrololada) nas tuas aparições, pronunciamentos. Falar olho-no-olho, mesmo que hesitante - mas sem tele-prompter atras da câmara. É autencidade, sinceridade que falta na tua campanha, meu amigo. Perdão a intimidade de te chamar "meu amigo", mas como você pode chamar um cara da qual tua vida depende?
Tem esse maldito decreto sovietizante da Dilma que quer acabar com nossa democracia. Você também vai deixar essa questão crucial em silêncio? Aécio, estamos do teu lado. Nossas críticas querem ser, como se diz, construtivas.
O adversario é bandido, ninguém sabe disso melhor que você. E como se trata bandido-bandido, assassino mesmo? Atira-se no indivíduo, no tiroteio, e depois...ele vai para a vala.
Aécio, vai meu prezado, dedo no gatilho, acaba com eles!
Enio Mainardi é Jornalista. Publicado no Alerta Total, tendo como fonte o facebook do autor.


segunda-feira, 25 de agosto de 2014

IDOLATRIA PARA UM DITADOR

João Eichbaum

Getúlio Vargas foi um ditador demagogo. Pior do que isso: foi quem fundou a demagogia no Brasil.
Em 1930, sendo candidatos à Presidência da República ele e Júlio Prestes, apenas 5% da população brasileira estava apta a votar. Foi eleito Prestes, mas não assumiu. Getúlio Vargas liderou uma revolução que impediu a posse do presidente eleito.
Foi assim que Getúlio Vargas assumiu o poder, matando com armas a democracia, ao impedir, com golpe revolucionário, a posse do eleito.
No poder, Vargas se tornou ditador, impondo sua vontade e fazendo calar seus adversários. Mandou prender muitos deles e a outros os obrigou ao exílio. Exerceu uma ditadura férrea durante quinze anos, pintou e bordou, mas sempre com um discurso a favor dos pobres.
Filho de fazendeiro rico, Getúlio nunca soube o que era batente para poder sobreviver, mas falava com os pobres trabalhadores como se fosse um deles: pura demagogia.
Desgastado politicamente, teve que deixar o poder, sob pressão e foi viver na fazenda herdada, em São Borja, só tomando mate e vendo as vacas parir,  sem precisar trabalhar.
Cinco anos depois, disputou nova eleição, e dessa vez venceu um dos homens mais dignos que o Brasil conheceu, o brigadeiro Eduardo Gomes. Mas Vargas não tinha aprendido a conviver com a democracia e seu governo foi águas abaixo. Não tendo competência para governar num regime democrático, sua saída foi procurar a morte: suicidou-se.
Agora veio a público a notícia de que o pijama que ele usava na noite em que, fugindo das lutas da vida, se acovardou nos braços da morte, estará exposto à visitação pública no Museu da República, no Rio de Janeiro, assim como a arma utilizada pelo ditador demagogo para dar  um fim à sua carcaça.
A política que hoje comanda o Brasil tem origem nessa história que envergonha os verdadeiros democratas. E na contramão da vergonha na cara estão querendo impor a idolatria daquele ditador, mostrando seu pijama de seda manchado de sangue.
Quando é que os pobres irão  vestir um pijama de seda?



sexta-feira, 22 de agosto de 2014

A POLÍTICA DESCARADA
João Eichbaum
Tarso Genro, na propaganda em que prega sua reeleição para o governo do Estado do Rio Grande do Sul, diz que “há três anos o Estado melhorou muito” e cita “empregos” e “oportunidades na educação”.
Nem, isso, gente. Nem isso.
O que gera “empregos” é a iniciativa privada, em primeiro lugar.  Emprego é uma coisa. “Empreguismo” é outra. “Empregusimo” foi o que ele, Tarso, fez, criando por volta de quinhentos “cargos em comissão”, para repartir o nosso dinheiro com a companheirada que o elegeu.
Na iniciativa privada a criação de empregos não necessita de qualquer interferência do Estado. O emprego na indústria, no comércio, nos serviços, na agricultura é consequência de duas coisas: do empreendedorismo e do crescimento da população, nada mais.
As “oportunidades na educação” o Tarso não enumera, nem identifica. A única “oportunidade” criada por ele foi a “federalização” de uma universidade em estado pré-falimentar, a tal de “universidade da Campanha”, que não melhorou a vida de ninguém.
Todo mundo sabe que o ensino público vai de mal  a pior e não é encampando universidades que o Estado vai melhorar alguma coisa.
O ensino público estadual é um descalabro: escolas caindo aos pedaços, professores mal pagos, falta de professores.
Por que é que ele não fala nisso?
Porque nada fez na educação fundamental. Como nada fez na saúde, no transporte, nas estradas, nem na segurança (salvo na Copa do mundo, durante a qual se passou uma borracha nos direitos fundamentais do cidadão).
Ninguém sabe de que “Rio Grande” ele  fala, quando diz que melhorou. Só se for algum outro, que não este Estado.
Um bom governo não precisa alardear feitos. A melhor propaganda é o bem estar do povo. Mas disso está muito longe o povo do Rio Grande  do Sul.


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

SMARTPHONES: Zap-Zap & Lepo-Lepo

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos Maurício Mantiqueira


Um cão de raça peluda escapa de seu dono, corre e pula numa piscina.

Provavelmente o seu dono estava concentrado em seu smartphone lendo as últimas fofocas na rede social.

Quase todos estão voltando ao canibalismo:”quem comeu quem?” ; “quem vai comer quem?”.

O fenômeno atinge todas as classes sociais.

A madame que dirige um carro importado de cambio automático, em tese, tem uma das mãos livres para operar seu amado celular. O difícil é se maquiar ao mesmo tempo, dividindo a outra entre o volante e o “blush”.

A dona de casa está preocupada com os filhos, com o supermercado, com a faxineira,etc. Seu único lazer é estar antenada.

O motoqueiro também não desgruda mais do objeto idolatrado, tornando ainda mais arriscadas suas manobras radicais.”Preciso checar meu Zap Zap !” (WhatsApp).

Chegamos a um tempo em que, sem zap-zap não tem como marcar o lepo-lepo...


Carlos Maurício Mantiqueira é um livre pensador.




quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A CAIXA PRETA
João Eichbaum

A morte não tem caixa preta. Pelo contrário: ela é a caixa preta da nossa vida. Ao morrermos, pessoas que não nos conheceram em vida saberão quem fomos, o que fazíamos, de que vivíamos, se éramos casados, se tínhamos filhos,  se tínhamos seguro de vida, funerais e cremação pré-pagos, bens, etc.
O agente funerário terá que saber isso, o oficial do registro civil, também. Nossos dados pessoais irão para os arquivos ou escaninhos do Estado. Enfim, alguém saberá que existimos e que deixamos de existir. Se aparecermos, com foto e tudo o mais, no caderno de necrologia de algum jornal, até a mãe daquele bebê produzido no embalo de uma noite na balada, poderá nos identificar e garantir posteriormente na ação de investigação de paternidade: “foi ele”.
Se formos famosos, todo mundo saberá de nós: onde nascemos, como subimos na vida, como foi e com quem foi que vivemos, quais foram nossos pensamentos, nossos propósitos, nossas frustrações, nossos defeitos, nossas virtudes, e tudo o mais que despertar a curiosidade do público. A morte, nossa caixa preta, desvendará como foi nossa vida, enfim.
Mas, não servirá como caixa preta de si própria a nossa morte, se ela nos quiser como protagonistas dum acidente aéreo. Ela deixará de registrar  nossos dados a partir do momento em que subirmos a escada do avião. Ficará como um ponto final aquela foto que nossa amada bateu no celular, quando já nos dirigíamos para o portão de embarque. E será o nosso último registro, nosso último sorriso, nosso último gesto de despedida, sem a consciência de ter sido a despedida definitiva.
Se nosso voo for num desses aviões pequenos, de dez lugares, fretados para negócios ou eventos, não haverá aquela frescura de instruções sobre as saídas de emergência e as máscaras de oxigênio, ou sobre uso da poltrona como objeto flutuante, coisas que nunca salvaram a vida de ninguém.
O avião levantará voo, tudo correrá bem até a hora de aterrissar. Mas aí o piloto avisa que terá de arremeter e então sentiremos aquele desconfortável frio na barriga, provocado não só pela subida brusca, como pelo medo. O avião balança, o frio no estômago aumenta e a gente sente vontade de vomitar. Olha para os lados e vê os companheiros pálidos, sem coragem para dizer palavra, moídos pelo terror, de mãos postas ou se benzendo. O avião não consegue subir mais, e o que sobe na frente dele são alguns edifícios. Numa manobra brusca a aeronave se inclina, a gente perde o equilíbrio, tateia para se segurar em alguma coisa, mas tudo está girando ao derredor. O avião perde a altura, mas não a velocidade. O peso abissal do pavor, provocado pela loucura da morte, vence a esperança. Uns choram, outros berram “meu Deus”!
Não dá tempo de ouvir o estrondo porque, antes de nos deletar, a última coisa que a morte nos mostra é o avião embicando na direção de um edifício.
Mas nada disso registrará a caixa preta da morte. Nem a do avião.



terça-feira, 19 de agosto de 2014

O RATO ACUADO
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos Maurício Mantiqueira

O brasileiro tem sido mal tratado pelo desgoverno, por abutres nacionais e estrangeiros e por hienas apátridas.

Já disseram que tem complexo de vira-lata, que é otário e ingênuo.

Na verdade é generoso, afável, solícito.

Anda deprimido, sem esperança e com medo.

Os achaques são de tal ordem, que hoje é um rato acuado.

Só falta roer as cordas que manipulam  os títeres do teatrinho político e morder o malvado controlador que se oculta atrás do palco.

Carlos Maurício Mantiqueira é um livre pensador.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O ESPETÁCULO DA MORTE

João Eichbaum

Botaram num palco os caixões fechados, onde se encontrava o que se supõe ser o que sobrou do Eduardo Campos e de seus assessores, mortos no acidente de avião.
Num palco, gente! Palco é coisa de espetáculo, palco não combina com velório!
Por que é que os corpos não foram velados numa igreja? Tinha que ser num palco?
Não. O palco não era para os mortos. O palco era para os vivos, para os vivíssimos, para os que vivem da coisa pública, do nosso dinheiro, do dinheiro do nosso trabalho.
E no palco estava um monte de gente. Além da Dilma e do Lula, estavam lá o senador Aécio Neves (MG),  Jaques Wagner (PT-BA), Agnelo Queiroz (PT-DF), Renato Casagrante (PSB-ES), Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL), a ministra Ideli Salvatti (Direitos Humanos), o porta-voz da Presidência, Thomas Traumann, os senadores Armando Monteiro (PTB-PE) e Eunício Oliveira (PMDB-CE).O pastor Everaldo, candidato à Presidência pelo PSC, a coordenadora do programa de governo de Marina, Neca Setúbal, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB) e o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), o ex-governador José Serra (PSDB-SP).
Esses são alguns, dos muitos políticos que lá estavam.
E a coisa chegou a tal ponto que um dos seguranças da Dilma pegou um microfone e pediu que aliviassem um pouco o ambiente, porque o palco poderia vir abaixo.
A Dilma e o Lula foram vaiados pelo povo, que não estava no palco, mas na plateia. Depois da vaia, os que estavam no palco começaram a aplaudir os mesmos que haviam sido vaiados. Então o povo acompanhou os aplausos.
É assim o povo: não vota, mas chora no velório, vaia e depois aplaude.
A letra do Samba do Criolo Doido é ficha pequena diante dessa realidade, em que a morte se transforma em espetáculo e o povo, que vaia e depois aplaude, mostra que é mesmo o bobo da corte.






sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A MORTE AO VIVO
João Eichbaum

Ninguém ressuscitou para contar como foi. E isso se deve a uma razão muito simples: como animais, temos condições e prazo de validade. As primeiras são criadas pelos homens e o último é estabelecido pela natureza.  Cumpridas aquelas ou vencido esse, apodrecemos como qualquer matéria orgânica inanimada, sem volta.
Pode ser que a caixa preta do avião Cessna Citation 560XL, Prefixo PR-AFA que caiu em Santos, matando o candidato à presidência da República Eduardo Campos, seus assessores e dois pilotos, dê algumas pistas sobre o acidente. Talvez registre exclamações de pavor, um desesperado clamor por “Deus”, ou palavrões de raiva. Mas, certamente, não vai registrar as verdadeiras causas do acidente.
Das fotos, notícias e depoimentos o que se capta é que foi um acidente anunciado pelo fogo numa das turbinas.
Assim sendo, é possível depreender o pavor de todos quantos se encontravam dentro da aeronave, todos jovens. A morte, para eles, podia ser realidade, mas uma realidade distante, impensável. Naqueles momentos, todavia, ela se anunciou, nítida, sem rodeios: no fogo, no desequilíbrio do avião, no voo cego de encontro aos edifícios, na súbita transformação da esperança em desespero.
A morte, se for anunciada minutos antes de sua chegada, trucida primeiro  a alma do ser humano, (essa entendida como a plenitude de suas funções psíquicas) aguçando-lhe o pavor diante da dor física inevitável e da certeza de que tudo está acabando: é o pior dos fins.
A natureza é mais sábia e menos sádica do que a inteligência humana: ela primeiro tira do homem a vontade de viver, quer pela intensidade da dor, quer pela irreversibilidade da doença, com o  desaparecimento de todas as  condições de viver plenamente a vida. O fim não passa de mera consequência, venceu-se o prazo de validade.

O homem cria as condições da própria morte, inventando toda a sorte de instrumentos potencialmente mortíferos. Já a natureza simplesmente estabelece o prazo de validade para a vida.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

O ELEFANTE SAGRADO

Hugo Cassel


O Faraônico e Cinematográfico Conjunto Religioso, construído ao preço de 800 milhões pelo bilionário líder da Seita Universal, Ganhou as manchetes da Imprensa nacional e mundial. Leitores pedem opinião. A Bíblia tem a resposta. “O  Anti-Cristo “ não nascerá em Israel. Nem O Senhor, seu Filho, nem o Espírito Santo habitarão sítios construídos pela mão do homem, forrados de ouro. Em verdade estarão presentes no Templo Interior, coração e mente da criatura. No trono dourado quem senta é Satanás, atraindo as almas com o brilho ofuscante da Ostentação.”  - Registre-se ainda que o projeto foi aprovado como “reforma” para pagar menor imposto quando nunca existiu nada lá para “reformar”. O Senhor Edir Macedo, mentiu e deve pagar agora os 35 milhões que deve à Prefeitura de São Paulo , sonegados com a conivência do Prefeito Haddad, ambos   vivendo em pecado,  indignos de frequentar o Templo.  Por outro lado, Edir Macedo, comete sacrilégio ao se vestir como Sumo Sacerdote  judaico, sem o ser. O seu “Templo de Salomão” porém não está perdido: Pode ser usado para as novelas bíblicas da Record e, atração turística, com entrada paga. O outro Palácio em Miami, com torneiras e banheiras de ouro, pode ser vendido a Hollywood. Ao final fico imaginando  que belo hospital para os fiéis  pobres, pagantes do dízimo, poderia ter sido construído com esses 800 milhões, em lugar desse “Elefante Sagrado”.
PITACOS:1 As pesquisas que semanalmente Revistas, Jornais e TVS encomendam apresentam relativo equilíbrio entre os três principais candidatos, à Presidência: Sugerem no máximo provável segundo turno, mas com intenção maior para Dilma. Faz Parte do jogo, pois a realidade é bem diferente: Foi feita recentemente pela Internet uma Consulta Independente, quando mais de 100.000 Internautas, registrando seu CPF  “votaram”. O resultado apresentou a “presidenta” com apenas 13%  de intenções. 
 2- DUREZA: (A)-Escutar no Radio e TV diariamente, Repórteres, Apresentadores, Noticiaristas e até lideranças politicas, falando “Nas OLIMPÍADAS”, quando o que teremos é somente UMA OLIMPÍADA em 2016. (B)-Chamar de GRAÇA aquela decrépita senhora Foster  da Petrobras. (C)- Constatar que o Ministério do Turismo continua mudo e sem projeto algum para aproveitar a popularidade planetária ganha pelo Brasil com a Copa.(D)-Descobrir que a GVT  de Solução, virou Problema.


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O CALÇADÃO, A PRAÇA E A PANTOMIMA
João Eichbaum

No calçadão de Santa Maria vi os velhinhos de sempre, que só mudam de nome, de feições, de data de nascimento e, ainda que não sejam os mesmos, são os de sempre, discutindo suas incertezas e evidências sobre ética, política, futebol e mulher.
E as mulheres irrigam com todos os tons de beleza e graça o calçadão. Era “primeira quadra”, mas perdeu o nome porque se entregou ao modernismo das cidades que nunca tiveram a felicidade de ter uma “primeira quadra”. Por lá passam mulheres de todos os tipos e idades, as simpáticas, as bonitas, as loiras, as morenas, as brancas, as negras, as gordinhas e as elegantes, as de seio pra baixo e as de silicone.
Enquanto elas passam, algumas apressadas, outras fazendo parada obrigatória  na frente de cada vitrine, a sós ou em grupos, os velhinhos  as  seguem com o rabo do olho, para uma análise rápida, frontal ou de retrospectiva. Algumas passam imunes pelos julgamentos sumários. Mas as mais jovens, as de jeans colados, desenhando fielmente as formas que descem a partir dos quadris, essas não escapam aos vereditos da experiência, da baba e da respiração estorvada pela asma.
Já na praça Saldanha Marinho o cenário é outro. Ali se concentra o passado: os mesmos bancos, as mesmas árvores, como diz a canção. Ah, e o mesmo coreto. O coreto das retretas de domingo à noite, que atraia o povo em volta de dele, o povo da cidade e os viajantes retidos pelo descanso dominical da ferrovia.
O povo é outro: não empina o nariz, nem assume ares de rico. Não é o povo da Santa Maria ferroviária com seus habitantes e seus hóspedes. Não é o povo das retretas. Esse povo que eu vi na sexta-feira de tarde espalhado pela praça talvez nem saiba o que é retreta.
O povo que lota a praça é aquele que, no quinto dia útil de cada mês enche os bancos e as agências lotéricas, atrás da grana da aposentadoria e, nesse ínterim, faz compras, paga as contas, e descansa as pernas na praça Saldanha Marinho. É o povo que contribuiu com quatro salários mínimos para a Previdência, mas recebe só dois. E trava uma luta renhida com a vida, querendo viver: enfrenta a fila do SUS, fica na espera entre a hospitalização ou a morte, faz contas de chegada entre o que a vida lhe exige e o que ele lhe pode dar.
Na praça esse povo faz tempo, à espera do ônibus que o levará para casa ou simplesmente para se entregar ao incômodo exercício de pensar como chegará até o próximo quinto dia útil.
Entre o povo da praça e o povo do calçadão se instalam os que vivem da política e os que querem entrar na boquinha. Ali ficam prometendo fazer o que nunca fizeram e o que nunca hão de fazer. Botam na mão de distraídos passantes essas promessas escritas, num clima de feira e quermesse, com bandeiras e cartazes coloridos, tentando convencê-los de que são capazes de virar pelo avesso a verdade cotidiana dos impostos, dos assaltos e da irresponsabilidade pública em geral.
É esse corredor da pantomima que separa o povo da praça do povo do calçadão, sem os estorvos do trânsito.



terça-feira, 12 de agosto de 2014

PLANETACHO

EU, MEU PAI E O TIGRE

Meu pai era um sujeito simples e até meio bronco. Nas vezes em que fui ao zoológico com ele, jamais corri em volta de alguma jaula. Sabia que se fizesse isso, tomaríamos uma tunda, eu e o tigre. Era um outro tempo. As pessoas levavam máquinas fotográficas para documentar os momentos felizes com a família. Os filmes eram de 12, 24 ou 36 poses, que não podiam ser desperdiçadas com a vida dos outros. Se falava bem assim no período pré-selfie: poses.
Se porventura um guri chegasse perto de uma jaula duma fera, levaria uma tremenda bronca de qualquer adulto que estivesse por ali. Certamente, essa pessoa largaria a câmera fotográfica na mão de alguém da família e iria até lá afastar o piá do perigo.
Fiquei espantado com o número de pessoas* que, antevendo a tragédia, começaram a registrar friamente com o seu celular o que estava para acontecer, ao invés de tomar uma atitude.
O desfecho todos sabem.
O tigre não foi sacrificado. Afinal, não é racional como de resto quase todos éramos, naquele tempo.
*Amigos da onça?

DESJEJUM EM BABEL
Abre as persianas e pega na geladeira um resto de pizza portuguesa que está ao lado de uma solitária batata inglesa. Prepara torrada americana com pão francês, junto com chá da Índia.

AS NEIRAS

Queria fazer um curso à distância, mas a grana estava curta

Não gostava de pronomes, mas não era nada pessoal

O semi-aberto é condomínio fechado no mundo do crime


segunda-feira, 11 de agosto de 2014

GRE-NAL
João Eichbaum
Até que o Inter fizesse seu primeiro gol, o Gre-nal de ontem foi um jogo duro de ver: eram dois times que entraram em campo para não perder.
Sem espaço para o verdadeiro futebol, porque um não deixava o outro jogar, foi aquela coisa horrorosa.
A culpa foi de ambos, claro. A do Grêmio, por ter contratado o Felipão, um treinador execrado no momento, sem condições psicológicas de passar uma mensagem de superação. O time vinha de derrotas e ele, o Felipão, também. Dois perdedores. Que moral teria o Felipão para transmitir o otimismo necessário, com a finalidade de tirar o time do atoleiro?
Nessas condições, Felipão não poderia perder. Por isso montou um esquema para não perder, impedindo, assim, que o Inter jogasse.
O Inter, por seu turno, não poderia perder no próprio campo. Seria um fiasco perder dentro do próprio estádio para um treinador perdedor. Então, o que fez o Abel? Fechou os espaços, para não permitir que o Grêmio jogasse.
Para a sorte do Abel e dos colorados que gostam de futebol bem jogado, a falha da defesa do Grêmio propiciou o gol de cabeça do Aranguiz . Foi a partir desse gol que começou a haver futebol, porque os espaços se abriram. E com espaço no campo um bom jogador como Dalessandro pode mostrar seu futebol.
Assim aconteceu: dois a zero.
Bem. Com dois a zero, o Felipão se arrepiou. Poderiam ter sido três e quem faz três faz quatro e quem faz quatro faz cinco e assim por diante. Aí, claro, o fantasma do “apagão” começou a rondar o Felipão e todo o time do Grêmio. Certamente, a maior alegria do Felipão naquele Gre-nal foi o apito final.



sexta-feira, 8 de agosto de 2014

CAMPANHA ELEITORAL

João Eichbaum

Juro para vocês que nem por todo o dinheiro arrecadado pelo PT na campanha eleitoral para a Presidência da República, eu iria posar abraçado na Dilma.
Por esses motivos: porque ela não faz o meu tipo, ta completamente fora de forma com aquele diâmetro, tem uma cara enjoativa, não me acrescentaria nada, tem um passado que a maioria dos brasileiros renegaria, nunca mostrou competência vencendo um concurso público e, pior de tudo, é política.
Não me fotografaria ao lado do Aécio, nem por todo o dinheiro do mundo, também por vários motivos: porque é macho, e o meu negócio é fêmea, porque, sendo político por herança, nunca trabalhou na vida, não sabe o que é batente, entre muitas outras coisas indesejáveis.
O Eduardo Campos, pelos mesmos motivos, eu jamais permitiria que chegasse perto de mim: é político, neto de um cara que só viveu de política ou por causa da política e ficou rico não sei com o quê.
Quando vejo operários tirando fotos com a Dilma ou a Dilma tirando fotos com operários, desanimo. Em primeiro lugar penso: os caras devem ser casados com uma baranga com cara de traveco. Por isso se sentem felizes ao lado da Dilma, que se chama de "presidenta".  Em segundo lugar, fico com a certeza de que, com gente assim, o Brasil pode perder todas as esperanças de se tornar um país que não leve sete a um.
Bom. Nunca vi operários abraçados ao Aécio e ao Campos. Porque isso seria pior, levando a pensar que, ou os caras não são bem machos, ou que ganharam uma grana para se abraçar aos netos do Tancredo e do Arraes.
Gente, que campanha hein! Que nível! O que é que resta para gente decente como nós?
Para falar a verdade, me sinto como quem chega numa barbearia desconhecida, topa com um barbeiro que parece judeu, mas tem uma cara de muçulmano e que, com a navalha na garganta do cliente, pergunta com voz rouca :
Você é favorável a Israel ou ao Hamas?
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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O Livre Pensamento



Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos Maurício Mantiqueira

“A filosofia distrai, a teologia engana e a arte decora e consola.”

O livre pensamento é o mais precioso dom que alguém pode receber do Absoluto.

Aristóteles (que viveu antes de Cristo) e Tomás de Aquino (séculos depois) nos legaram uma espécie de Manual do Usuário do cérebro.

Milênios antes deles, o homem foi capaz de edificar as Pirâmides. Já sabia como usá-lo mas não descreveu o seu funcionamento.

Conceitos de Deus, de eternidade e de milagre nos são difíceis de entender.

Uma vez, um genial professor me disse: “Para quem só conhece duas dimensões, o copo redondo sobre a mesa é apenas um círculo”.

Os poderosos de hoje ignoram a sua insignificância. Broncos e arrogantes.

O pensamento sem dogmas flui como a música. Arrebata, alimenta e maravilha.

Nossa vida deve ser como o segundo movimento da Sinfonia n.º 5 de Tchaikovsky.

“Andante cantabile, con alcuna licenza “



Carlos Maurício Mantiqueira é um livre pensador. Como não é adivinho, escreveu este artigo com ajuda da sábia irmã Biduzona.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

SUA EXCELÊNCIA, A ESTAGIÁRIA
João Eichbaum

A Daini (oxítona, tem o acento tônico no último “i”) é uma gata de olhos amendoados, pálpebras de quem acaba de sair do salão de beleza, e um corpo com as melhores coisas que só a natureza sabe fazer. Sabe a Gisele Bündchen? Nada a ver. Para encontrar o máximo denominador comum de graça e beleza, é preciso procurar a Daiani.
Eu a conheci no esplendor da adolescência. Coisa mais fofa. Aquela belezura toda, de mandar embora o espírito, queria cursar Faculdade de Direito.
“Que que tu acha, eu passo?” E me olhava com aqueles olhos amendoados, de tal maneira, que o meu olhar de animal adormecido, sem poesia nenhuma, e ainda atordoado, tinha que procurar qualquer recanto na sala para se aninhar, com medo de algum artigo do Código Penal.
Pois é. Nada é perfeito neste mundo. A Daini, em quem a beleza estacionou como quem veio para ficar, tem um cérebro desse tamanhinho. Escreve como fala. Para ela não há conjugação de verbo. Um palavrão, tipo “sintagma nominal”  por exemplo, iria derreter-lhe o cérebro, fazendo-a desmaiar, esparramando no chão toda aquela candura sensual. Apanhava da matemática a pobrezinha, sem dó, nem piedade, e da química, e da física, e da biologia e, diante de tudo quanto exigisse raciocínio, seu pensamento se esfarelava como pastel de vento. Para concluir o segundo grau, teve que mudar de escola. Para sorte sua, existem na sua região  várias faculdades de Direito, e essa concorrência não permite que se entregue ao desconcerto da reprovação qualquer candidato, por mais analfabeto que seja.
Mal gatinhava no primeiro semestre do Direito, a Daini ouviu falar que um juiz da comarca andava à procura de estagiárias. Não teve dúvida, correu para o foro. O único certificado que apresentou foi o de beleza. E passou a integrar a mão de obra barata, contratada para tirar o Judiciário do atoleiro dos processos.
Graduada, como todo mundo, na arte de "copiar e colar", em breve estava compondo sentenças e despachos, autenticados pela “certificação digital”.
Concluiu o curso de Direito, a duras penas, graças aos olhos e aos ouvidos fechados dos professores, presos às metas comerciais da Faculdade, que não permite reprovações. Quem fez o trabalho de conclusão por ela, nem sua mãe sabe.
A festa de formatura com direito ao telão das pieguices, os abraços, as lágrimas, os agradecimentos, o baile, não representaram para ela uma conquista, uma colheita de sucessos, mas simplesmente o fim duma pantomima.
Reprovada várias vezes no exame da Ordem, a moça, que ontem montava sentenças e despachos, indeferindo petições de provectos advogados, hoje pertence à subclasse dos bacharéis que não sabem o que fazer com o diploma. Sob a inclemência de um desespero só comparável ao das vítimas de suas cópias e colas, ela continua estudando, se esfalfando, debruçada em cima de polígrafos das provas da OAB.
Tomara que Hollywood a descubra, antes que  passe no concurso de juiz.