segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O ESPETÁCULO DA MORTE

João Eichbaum

Botaram num palco os caixões fechados, onde se encontrava o que se supõe ser o que sobrou do Eduardo Campos e de seus assessores, mortos no acidente de avião.
Num palco, gente! Palco é coisa de espetáculo, palco não combina com velório!
Por que é que os corpos não foram velados numa igreja? Tinha que ser num palco?
Não. O palco não era para os mortos. O palco era para os vivos, para os vivíssimos, para os que vivem da coisa pública, do nosso dinheiro, do dinheiro do nosso trabalho.
E no palco estava um monte de gente. Além da Dilma e do Lula, estavam lá o senador Aécio Neves (MG),  Jaques Wagner (PT-BA), Agnelo Queiroz (PT-DF), Renato Casagrante (PSB-ES), Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL), a ministra Ideli Salvatti (Direitos Humanos), o porta-voz da Presidência, Thomas Traumann, os senadores Armando Monteiro (PTB-PE) e Eunício Oliveira (PMDB-CE).O pastor Everaldo, candidato à Presidência pelo PSC, a coordenadora do programa de governo de Marina, Neca Setúbal, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB) e o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), o ex-governador José Serra (PSDB-SP).
Esses são alguns, dos muitos políticos que lá estavam.
E a coisa chegou a tal ponto que um dos seguranças da Dilma pegou um microfone e pediu que aliviassem um pouco o ambiente, porque o palco poderia vir abaixo.
A Dilma e o Lula foram vaiados pelo povo, que não estava no palco, mas na plateia. Depois da vaia, os que estavam no palco começaram a aplaudir os mesmos que haviam sido vaiados. Então o povo acompanhou os aplausos.
É assim o povo: não vota, mas chora no velório, vaia e depois aplaude.
A letra do Samba do Criolo Doido é ficha pequena diante dessa realidade, em que a morte se transforma em espetáculo e o povo, que vaia e depois aplaude, mostra que é mesmo o bobo da corte.






Nenhum comentário: