É ASSIM QUE (NÃO) FUNCIONA A SAÚDE
João Eichbaum
Ocupando quase um
quarteirão, dispondo de 200 leitos, 17 consultórios, cinco centros cirúrgicos e
uma UTI, a Santa Casa de Misericórdia de Manaus foi fundada em 1880. Sua
finalidade, como a de todas as entidades que levam essa denominação, é de
prestar atendimento médico e hospitalar à população pobre.
E também como todas
essas entidades, a Santa Casa de Manaus, para levar adiante seus objetivos,
servindo as pessoas carentes, necessitava, além da caridade de pessoas piedosas
e abnegadas, de recursos públicos. Foi até onde deu, mas teve que se entregar à
realidade: fechou suas portas em 2.004.
Hoje está entregue “à
sujeira, fezes, e até animais mortos, forros destruídos e materiais sucateados
no interior do prédio. Invasores depredam o que encontram e usufruem da água, o
único bem que restou - a luz foi cortada
em 2009”, registra a Folha de São Paulo em matéria jornalística publicada há
alguns dias atrás.
Mesmo que a cessação
dos serviços seja devida à má gestão da diretoria da entidade, não se pode absolver
os órgãos governamentais, seja o Município, seja o Estado, seja a União. “A
saúde é direito de todos e dever do Estado”, reza o artigo 196 da Constituição
Federal. O “Estado”, como um todo, qualquer que seja o órgão.
O descaso do governo,
além de provocar o desemprego de centenas de pessoas, privou milhares de tratamento médico. Ex-funcionários aguardam
na Justiça o pagamento de seus direitos. Alguns já foram beneficiados, graças
ao leilão de equipamentos.
Só para lembrar: nessa
mesma Manaus foi construído um estádio de futebol, para menos de meia dúzia de
jogos durante a Copa. O Amazonas não tem clubes disputando o Campeonato
brasileiro e o custo da obra rondou a casa dos setecentos milhões de reais.
Enquanto a propaganda
do “mais médicos” vai se alastrando, como se estivesse resolvendo o problema da
saúde dos brasileiros, joga-se fora o dinheiro público com elefantes brancos e
se entregam hospitais à ruína.
Pode-se chamar de
“governo” a isso que aí está?
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