sexta-feira, 1 de agosto de 2014

É ASSIM QUE (NÃO) FUNCIONA A SAÚDE
João Eichbaum

Ocupando quase um quarteirão, dispondo de 200 leitos, 17 consultórios, cinco centros cirúrgicos e uma UTI, a Santa Casa de Misericórdia de Manaus foi fundada em 1880. Sua finalidade, como a de todas as entidades que levam essa denominação, é de prestar atendimento médico e hospitalar à população pobre.
E também como todas essas entidades, a Santa Casa de Manaus, para levar adiante seus objetivos, servindo as pessoas carentes, necessitava, além da caridade de pessoas piedosas e abnegadas, de recursos públicos. Foi até onde deu, mas teve que se entregar à realidade: fechou suas portas em 2.004.
Hoje está entregue “à sujeira, fezes, e até animais mortos, forros destruídos e materiais sucateados no interior do prédio. Invasores depredam o que encontram e usufruem da água, o único bem que restou  - a luz foi cortada em 2009”, registra a Folha de São Paulo em matéria jornalística publicada há alguns dias atrás.
Mesmo que a cessação dos serviços seja devida à má gestão da diretoria da entidade, não se pode absolver os órgãos governamentais, seja o Município, seja o Estado, seja a União. “A saúde é direito de todos e dever do Estado”, reza o artigo 196 da Constituição Federal. O “Estado”, como um todo, qualquer que seja o órgão.
O descaso do governo, além de provocar o desemprego de centenas de pessoas, privou milhares  de tratamento médico. Ex-funcionários aguardam na Justiça o pagamento de seus direitos. Alguns já foram beneficiados, graças ao leilão de equipamentos.
Só para lembrar: nessa mesma Manaus foi construído um estádio de futebol, para menos de meia dúzia de jogos durante a Copa. O Amazonas não tem clubes disputando o Campeonato brasileiro e o custo da obra rondou a casa dos setecentos milhões de reais.
Enquanto a propaganda do “mais médicos” vai se alastrando, como se estivesse resolvendo o problema da saúde dos brasileiros, joga-se fora o dinheiro público com elefantes brancos e se entregam hospitais à ruína.
Pode-se chamar de “governo” a isso que aí está?




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