O NÉRIO SABE DAS COISAS
Na minha terra,
Antonio Prado, que dizem ser a mais italiana das cidades, no meio do mato,
ficou atrasada, enquanto as outras cidades progrediam, Caxias do Sul,
(antigo Campo dos Bugres - pois os indios se aglomeraram em Caxias e por isso
nome, dado que o indio nativo não se deu com o italiano que chegava e nunca foi
peão, nem carreteiro e nunca ajudou o colono italiano a carpir a
roça, limpar o inço, sol a sol) Flores da Cunha ( antiga Nova Trento),
Farroupilha ( antiga Nova Vicenza), Bento Gonçalves ( antiga Vila Isabel em
homenagem aquela que seria a lider e chefe do quarto reinado imperial e tudo
morreu em 15.11.1899) , Garibaldi ( antigo Conde D'Eu - que os italianos
chamavam "conde déu" com pronúncia bem acentuada de sotaque
macarrônico vêneto, cujo dialeto fui alfabetizado e aprendi falar antes do
português) . Antonio Prado se chamava " El Paes Novo", por ter sido a
última colônia italiana, lotes abertos marcados pelos notáveis agrimensores do
Império garantindo a propriedade de 25 hectares para cada familia, com
escritura e segurança, sendo a reforma agrária pacífica e notável que se fez e
foi a base de tudo, pois deste pedaço de terra o italaino tirou tudo para o
sustento da familia e progrediu) . Quando emancipou de Vacaria, era o 5°
distrito, o grande politico vacariano, dono do mundo, o Coronel borgista, do
`Positivismo, chefe politico da região e era deputado pelo poderoso PRR
- Partido Republicano Riograndense - ele, resolveu emancipar a
colõnia italiana e mudaram o nome para Antonio Prado, um rico cafeicultor
paulista, que como Ministro da Agricultura do Imperador. D. Pedro II<
percorria o norte pobre e miserável da Itália e queria trazer as familias
para os cafezais paulistas e assim substituir a mão de obra gratuita do escravo
africano pelo braço ótimo do italiano milenar de conhecimento do trato da
terra. Não deu certo. Muitos imigrante voltaram para a Itáia nos porões dos
fétidos navios que aportavam em Santos ou então, abandonaram a exploração
total nos cafezais, onde continuavam como na Itália na condição de
"obligatti" , servos da gleba e trabalhavam de sol a sol, sem leis
protetivas, por um prato de comida. E assim vieram para a capital, que
crescia, São Paulo, e formaram os tradicionais bairros italianos, do Braz,
Bexiga e Barra Funda.
Pois bem, Antonio Prado, agora tem a
FENAMASSA, uma grande festa que cultura na Praça Garibaldi, sob toldos e com
razoável movimento, durante dois fins de semana e também no meio a semana, a
produção de massa, as mulheres fazendo a massa, como antigamente e tudo o que
se refere a produção de massa, o prato de sempre.
Portanto, agora, depois deste notável e
fantástico decreto da Dilmona - instituindo o dia 25 de outubro como " O
DIA DO MACARRÃO" - a FENAMASSA de Antonio Prado, terá que se adaptar
à data e pedir dinheiro e patrocinio para a nossa amantíssima Dilma ( ex- meu
colega de Direito na UFRGS, Carlinhos Araujo) a quem sempre visita na Villa
Assunção. junto ao rio Guaiba, quando vem a P. Alegre - e assim poderá
ser que a FENAMASSA pradense tenha um incremento de molhos, queijos,
sabores, ovos, farinha de trigo da boa do Moinho do Nordeste que fica em
Antonio Prado - e a Fenamassa poderá dobrar o movimento e realmente atrair o
turismo para comer massa em Antonio Prado. E ate pode ser que se faça um
prato de massa com o nome de " macarronada a la Dilma" e ela
venha visitar a terrinha que anda atrasada e sem dinheiro.
Vamos ver se Antonio Prado capitaliza a
Fenamassa já existente, com o dia do Macarrão, 25 de outubro. Para o progresso
de Antonio Prado. E como diziam no primáiro do colégio dos Irmãos Maristas, e
para maior glória de Deus. Os padres vendiam cadeiras no céu, para os beatos e
fanáticos religiosos e os colonos compravam e pagavam a cadeira no céu e assim tinham
o lugar garantido, mas tinham que morrer em estado de graça, sem pecado, nem
venial, nem mortal, pois, poderiam ter quer purgar os pecados, se veniais, no
purgatório, com fogo brando. E se fossse pecado mortal, aí o cara tava ralado,
ira direto para o inferno, de onde não mais saia e o fogo era alto e queimava
mesmo. Por isso, tinha que se confessar e comungar e sempre estar com o coração
puro, sem pecado, nem venial, nem mortal, para que se acaso a morte chegasse,
assim sorrateira, de repente, como costuma chegar, o cara estava limpo, sem
pecado, e com isso ia direto para o céu ocupar a cadeira que já comprara e
estava quitada, com o dízimo, na Casa Canônica, residência do padre, ao lado da
Igreja. Meu pai era contra tudo isso. Contra o padre. Não ia à missa. Não
confessava. Não comumgava e eu como aluno do colégio dos maristas no primário,
tomei vários castigos, pois, além de não obedecer aos truculentos maristas
franceses de Lyon, do Marcelino Champagnat que surravam os internos - o
irmão marista, gritava comigo me ameçando me dar uma "sumanta de
páu" com a régua de madeira - " e ainda por cima teu pai é um
herege e não frequenta a religião muito menos a Santa Missa, aos domingos, por
isso está em pecado mortal e irá para o inferno".....
Entrementes, vejam a coincidência, meus
pais, Horacio Letti e Elvira Mondadori Letti, casaram, justamente, no dia 25 de
outubro de 1930. Com a roupa do corpo, pois, o Banco Pelotense, tinha fechado,
e a agência de Antonio Prado era poderosa e todos perderam tudo, e o dinheiro
depositado no Banco Pelotense, nunca ninguém recebeu. Quase quebrou Antonio
Prado. Foi o período da Grande Depressão Econômica, a quebra da Bolsa de
Valores de New York, em 29 de outubro de 1929 e que vai gerar a Segunda Guerra
Mundial. Os investidores americanos e que jogavam tudo na Bolsa como é
do costume do americano, aplicar na bolsa, ficaram deprimidos e
desesperados e marcavam dia e hora para se atirar dos altos edificios. E o
povão se aglomerava na calçada e olhando para cima e de repente, o ex-rico
desesperado que ficara pobre, se jogava la do alto e morria no choque contra o
solo. Foram vários que se suicidaram em New York, no desespero de ficarem
sem dinheiro. O sogro do Getúlio Vargas, que era o gerente do
Pelotense em São Borja, também se matou, o velho Manoel Sarmanho, pai da
dona Darci Sarmanho Vargas, esposa do Getúlio - e o Sarmanho de vergonha
com os fazendeiros de São Borja que também perderam tudo, no Pelotense,
acabou se dando um tiro no ouvido e morreu. Fato que jamais dona Darci e
a familia perdoou o Getúlio de não ter salvo o Pelotense, com dinheiro do
governo. Assim como a VARIG, que o governo deixou falir e fez força
para a Pioneria entrar pelo cano e desaparecer . O capitalismo
sempre será selvagem, como o solicalismo é mais selvagem ainda.
Essa história é longa e vou parar por aqui
pois disparei na curva e não sei ser curto. Por isso soliciito escusas a quem
me leu até aqui. Teria outros capítulos mas fica para outra oportunidade.
Nério "dei Mondadori" Letti