O FIASCO OFICIAL
João Eichbaum
A coreografia da safadeza, neste país, sempre esteve
sob a regência dos políticos. Se vocês conhecem ou conheceram algum político
inteligente, honesto e bem intencionado, por favor, me apresentem essa criatura.
De minha parte, só conheci uma pessoa
inteligente, culta, honesta e bem intencionada que, por pressão de líderes
religiosos, se aventurou na política: o professor Armando Câmara, eleito
senador pelo Rio Grande do Sul.
Armando Câmara renunciou ao mandato, porque se sentiu
um peixe fora d’água: estava no meio de cafajestes ignorantes, mas astutos o
suficiente para se manterem no poder, à custa, claro, da ignorância do povo que
os elegeu.
O mestre foi direto, objetivo, e falou sem rodeios:
a figura preponderante em sua decisão de abandonar o poleiro sujo da política
foi João Goulart. Armando Câmara era um respeitável professor de filosofia na
Faculdade de Direito da Universidade do Rio Grande do Sul, enquanto o
presidente do Senado, João Goulart, não passava de um fazendeiro diplomado a
muito custo como bacharel em Direito.
A dialética do professor de filosofia era um idioma
estranho e desconhecido para o político
profissional que foi João Goulart. E isso pela única razão de que a
subserviência não tem lógica: é comandada apenas por apetites pessoais.
E foram exatamente apetites pessoais que levaram a
Maria do Rosário e a Ideli Salvati a gastarem inescrupulosamente o dinheiro de
quem trabalha e não vive da política. Elas queriam tirar do esquecimento esse político
que só fez politicagem a vida inteira, e que nada deixou para merecer a
lembrança do povo eternamente enganado: João Goulart.
Mas elas acabaram fazendo o Brasil pagar um mico que vai ficar para a
história. Desprezando a ciência brasileira e a capacidade dos médicos legistas
deste país, levaram os ossos do político para exame no exterior, a fim de
ser apurada a causa de sua morte. Queriam fazer dele uma vítima de
“envenenamento”.
Deram com os burros n’água, naturalmente. Gastaram o
nosso dinheiro, para mostrar que ninguém é melhor do que ninguém. E que ignorantes, desonestos e mal intencionados
são os políticos brasileiros, e não os
cientistas, os mal pagos e explorados, mas competentes cientistas
brasileiros.
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