ONDE FOI QUE ESSE SENHOR MAMOU?
João Eichbaum
Aventurando palpites furados sobre a “guarda
compartilhada”, o senhor Gley P. Costa, que se diz médico psiquiatra e
psicanalista, apareceu no jornal ZH com falsos alardes de saber, tachando de
falácia a ideia de que “as mulheres são mais capazes do que os homens de cuidar
de uma criança”. E, abusando da cátedra, acrescentou: “a biologia não é
suficiente para estabelecer um vínculo de amor entre a mãe e seu filho”.
Gostaria de saber em que Faculdade de Medicina esse
senhor se formou. Não quero passar perto. Tenho medo de emburrecer, de uma hora
para outra.
Não é preciso ser antropólogo. Basta observar a vida
de qualquer animal. Ao primeiro respiro fora da casca ou do útero, o
animalzinho sente a presença da mãe. O instinto do animal, mais forte do que a
inteligência do senhor Gley P. Costa, lhe garante que a mãe é o invólucro da
sua proteção.
O único ser que, por instinto, o recém-nascido conhece
é a mãe: é ela, e não o pai, que lhe dá alimento, é ela que o socorre ao
primeiro berro provocado pela fome. O pai, o macho, é uma figura desconhecida,
um ser remoto e estranho, sem significado algum na área de alcance do instinto
animal.
O filhote se apega à mãe e dela se torna dependente.
Sua sobrevivência, enquanto só dominado pelo instinto, depende exclusivamente
da mãe e, nesse campo, não há espaço para o pai.
Diz ainda o aludido médico psiquiatra que “o amor
materno, assim como o paterno é conquistado no convívio com a criança”. Ora, amor é uma palavra inventada pelos
poetas, que assim denominam até o opróbrio sexual, de que nascem crianças sem
pai. Para os cientistas o que existe é o instinto. E esse é o laço que vincula
o filho à mãe. A afeição pelo pai, essa sim, é pura decorrência do convívio, do
hábito, do dia a dia – e não da biologia.
Sábio, mesmo, é o adágio popular: “mãe é uma só”. Os
palpites do senhor Gley não revogarão as leis da natureza. A menos que ele
tenha sido amamentado pelo pai. No peito, certamente, porque nada pior há de
passar pela cabeça de quem quer que seja.
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