VALE-TRANSPORTE TAMBÉM PARA JUÍZES
João Eichbaum
Um togado do Rio de Janeiro, barrado
numa “blitz”, deu carteiraço, para poder seguir viagem. Estava com problemas
para dirigir: não tinha carteira de motorista. O carro também estava com
problemas: não tinha placas, nem documentos.
O juiz não tinha carteira de motorista,
mas tinha a de juiz. E aí, brandindo a carteira, foi cuspindo na cara da agente
de trânsito o já manjado “sabe com quem ta falando?”. Então deu aquele forrobodó
com a resposta da agente: tu é juiz, mas não é Deus. E o meritíssimo, usando o
rito do Código de Processo Civil se avocou o direito de réplica: então teje
presa.
Outro juiz, no Maranhão, chegou atrasado
no aeroporto e quis viajar na marra: sabem quem é que está querendo viajar?
Como é que vocês impedem a Justiça de viajar? E mandou prender os funcionários
da TAM, que não lhe permitiram embarcar, porque o avião já estava levantando
voo.
Os impolutos magistrados deste país têm
problemas de transporte, e não só de moradia. São esses problemas que os fazem
perder o sono e andar de madrugada pelas ruas do Rio de Janeiro, ou dormir
demais e perder o avião, como o juiz maranhense.
De modo que, mercê de suas ilibadas gravatas
e togas, os merítíssimos deveriam receber vale-transporte junto com o mísero auxílio-moradia
de mais de quatro mil. Afinal, ninguém é de ferro. Ou, ainda, na pior das
hipóteses, eles poderiam pleitear o direito de fazer um puxadinho nos fundos do
fórum, para resolver os dois problemas, o da moradia e o do transporte. Assim,
ficariam livres também do IPTU.
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