ODE
AOS VAGABUNDOS
João Eichbaum
Na mesma página, a ZH de ontem estampa dois artigos que se
completam, embora, na aparência, tratem de assuntos diferentes. O primeiro é de
autoria de um certo Thomaz Francisco Silveira de Araújo Santos, que exibe no
currículo o título de “doutor em direito” e “professor de Relações
Internacionais” na UniRiter e na ESMP. Esse senhor se esbalda, enaltecendo os
“direitos humanos” inventados pela ONU e afirmando que o deputado Jair
Bolsonaro, “atenta contra a dignidade do ser humano” ao dizer que no Brasil “só
bandido, estupradores, seqüestradores e até corruptos” têm direitos humanos.
Já o artigo do médico Fernando de Oliveira Souza, professor de
universidade pública, revela a face da ignorância que domina o Brasil: assessor
de comissões no Congresso ganha R$ 18.700,00; secretário de deputado, R$
10.800,00; assessor na Câmara R$ 7.500,00. Para salários de mil a três mil
reais, só podem se candidatar médicos,
policiais e professores, com mestrado e doutorado. O articulista, como
professor universitário, recebe R$ 3.400,00.
Aí tem lugar a axiologia do "doutor em direito" Thomaz Francisco: atenta contra os “direitos humanos”
quem denuncia a inversão de valores: que os desonestos, os vagabundos,
os crápulas, são protegidos no Brasil pelos “direitos humanos”- leia-se sob a
batuta da Maria do Rosário. Mas quem trabalha honestamente e tem o encargo de
instruir não tem direito a um salário que lhe empreste um mínimo de dignidade.
É por haver “professores” como o senhor Thomaz Francisco que
chegamos ao fundo do poço: não temos o direito de trabalhar, não temos o direito
de socorrer pessoas que necessitam de cuidados médicos, não temos direito de
cuidar de nossa própria saúde, indo ao médico, porque meia dúzia de vagabundos,
em plena segunda-feira, provocam caos no trânsito de Porto Alegre, protegidos
pelos “direitos humanos”. Não trabalham, não produzem, só atrapalham e querem
“moradia”.
O tamanho do atrevimento de Jair Bolsonaro não é maior que o de
suas razões. É desbocado, na verdade. Mas de sua boca não sai tanta bandalheira
como as bandalheiras que vertem dos órgãos públicos, dos congressistas que se
vendem ao Executivo e abrigam defensores de vagabundos como os dos “movimentos
bestiais”, que a Maria do Rosário e outros chamam de “sociais”.
Não existem direitos unilaterais na sociedade organizada, senhor Thomaz
Francisco. Todos os direitos trafegam em duas vias: uma de ida, outra de volta.
Quer dizer, só tem o direito de ser respeitado quem respeita os direitos de
outrem. Os vagabundos, os políticos corruptos, os bandidos e os demais
protegidos da Maria do Rosário não respeitam os nossos direitos fundamentais: a
segurança, a saúde, a educação. Os criminosos, para comandar o crime de dentro
dos presídios, ganham mais do que trabalhadores de salário mínimo. Já os
vagabundos têm tudo de graça e, porque não trabalham, têm tempo de sobra para
impedir o exercício dos direitos das pessoas honestas.
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