A JUIZA NO PAREDÃO
João Eichbaum
No decorrer da
semana passada, a Justiça brasileira se sentiu ofendida porque se alardeava nos
noticiários que uma juíza gaúcha, chamada Franciele, participaria daquele
programa transmitido do fundo do poço da vergonha e da cultura nacional, o tal
de Big Brother Brasil.
Até quem não
assiste ao tal programa sabe que o ser humano exposto naquela vitrine não é
senão o “pithecanthropus erectus” autêntico: um animal atrelado a desejos, e
manietado pelo egoísmo. E entre todos os desejos o que mais se sobressai é o da
concupiscência, e de tal forma como se de outra coisa não precisassem os humanos a
não ser o sexo.
É claro que não
ficaria bem para o Poder Judiciário ter uma representante nesse grupo em que o
ser humano vive o pior dos papéis: o da mais indômita animalidade, movida pelo
egoísmo irracional.
Então o Judiciário
se apressou em esclarecer que a Franciela não é puta, ops, não é juíza coisa nenhuma, mas “conciliadora”
do juizado de pequenas causas de Porto Alegre.
Só se deixou
enganar pelo “esclarecimento” quem não conhece o Poder Judiciário. O papel da “conciliadora”
é ouvir as partes, propor acordo, colher as provas e exarar um “parecer” sobre
a contenda, apontando qual das partes tem razão. Esse “parecer” é enviado a um
Juiz de Direito, que outra coisa não faz senão acolhê-lo ou homologá-lo. Então
a verdadeira juíza, a juíza de fato, nesses casos, é a “conciliadora”.
A “conciliadora”
Franciele, levada ao “paredão”, foi excluída do programa, por ser, segundo seus
companheiros, “manipuladora, falsa e perigosa”. Então, as perguntas que
explodem na boca dos contribuintes gaúchos não podem ser outras: ao mandar “de
bandeja” para o juiz seu estudo conclusivo sobre a demanda, será que Franciele
se despia das “qualidades” acima enumeradas? De que critérios se valem os
membros do Judiciário para escolher os “conciliadores”?
Pergunta pessoal
deste escriba: do amálgama das irresponsabilidades sobra algum Poder confiável
nesta República?
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